30 de mar. de 2009

então III

Tem pelo menos uns cinco posts que eu escrevi ainda antes de vir pra cá e acabei não postando. Agora eles não vêm mais ao caso, coitados.
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A mudança nem foi tão drástica assim, afinal. Bom, eu tenho que fazer compras, tenho que lavar parte das minhas roupas, tenho que manter esse quarto habitável e, enfim, nada que eu não pudesse fazer antes. Nada que eu não devesse fazer antes, na verdade. O calor ainda me impressiona, de vez em quando, mas é suportável. As pessoas idem. Mas isso deve ser igual em qualquer lugar. "Você aprende a gostar". Eu lembro dessa frase n'O Rei Leão, mas se aplica a Porto Alegre, no meu caso.
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Tenho ouvido só Emerson Nogueira nesses últimos dias. Mais um cd roubado do meu pai há uns anos. Não sei por que decidi passar ele pro ipod justamente agora, mas tá sendo bem útil.
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Eu achei que fosse escrever muito mais estando aqui. E ler também. Mas pelo jeito estava errada. É claro que ter só as manhãs livres é diferente de ter as tardes inteiras à disposição, como antes, mas, mesmo assim, não dá para dizer que é falta de tempo.
Não sei se é porque eu chego cansada, só querendo ficar deitada com o ventilador do lado, ou se porque até tenho lido/estudado os livros do curso ou por quê. O fato é que não tenho escrito nem lido lhufas. Mas eu prefiro assim. Digo, prefiro não fazer isso pelo menos sabendo que tem outras coisas a serem feitas, mesmo que poucas. A culpa é menor. Por que existe uma culpa eu nem sei, mas enfim.
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O pensionato também não é o fim do mundo. Não gosto muito da sensação de sempre ter que "dizer" onde eu estou, descobri que é melhor comprar comida congelada do que tentar cozinhar com mais dez gurias ao redor e não ter um banheiro particular ou um lugar só meu não é nem de longe uma coisa muito agradável. Mas dá. Dá.
Vai ver eu sou meio intransigente, mesmo.
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Tinha mais alguma coisa, mas é claro que eu já esqueci. Do mesmo jeito que eu esqueci de pegar meu contrato com o Anglo hoje no final da aula. Do mesmo jeito que eu vou ir fazer compras quarta-feira e vou ter esquecido de anotar metade das coisas na lista. Do mesmo jeito que eu esqueci de trazer o controle remoto da tv. E por aí vai.

17 de mar. de 2009

previsível

Li uma vez que a perfeição é a conseqüência natural da eternidade; com o tempo necessário, qualquer coisa realiza seu potencial: o carvão se transforma em diamante, a areia em pérolas e os macacos em homens.

A máxima "ninguém é perfeito" deve ter surgido daí. Simplesmente porque o nosso tempo aqui é curto, insuficiente para contemplar tais transformações ou atingir um estágio superior ao de criaturas "racionais mas autodestrutivas".

Li também que o amor é um tipo especial do que seria uma "derrota por não ser eterno". Ele seria a lembrança da certeza de que alguma consumação, por mais desejada que seja, nunca se realizará; de que alguns macacos nunca se transformarão em homens. Porque não há tempo.

Mas este, dizem, é relativo. E não me faltam provas de que, em muito menos do que o necessário para as transformações supracitadas, pode-se conhecer a perfeição. Não a perfeição estética. Ou o ápice de o que quer que seja. Mas a perfeição como simplicidade, como acontecimento comum mas eterno em seu momento

Durante minha formatura, ouvi dizerem que surpreendemos no previsível. O previsível era o discurso dos oradores, o vídeo de fotos, a nossa entrada ao som de Praieiro. Ora, o previsível - ou a surpresa - foi a perfeição aquela noite. Cada um desses momentos - a entrada, a hora em que a música que eu escolhi tocou, a homenagem que recebi dos meus colegas - se tornou eterno e, conseqüentemente, perfeito.

Quando eu tinha 14 anos e achava que já era gente, em uma tarde de sol do nosso inverno serrano, meu namorado - meu primeiro namorado - pôs uma azaléia roxa no meu cabelo. Foram poucos segundos, mas eles se eternizaram, formaram um momento perfeito.

Tem imagens, histórias, coisas, que são assim: aperfeiçoam-se. Sozinhas. E, às vezes, pelo simples fato de terem existido. Normalmente, são essas as lembranças que ficam. Felizmente, nem tudo 'dura tempo o bastante para se tornar inesquecível' - a graça da memória está, justamente, na seleção das lembranças, em manter, entre outras coisas, o especial. E a minha formatura e a azaléia, como tantos outros acontecimentos (bem, talvez nem tantos), permanecerão, sobreviverão, junto com as pessoas que fizeram parte deles. Porque a perfeição pode, sim, ser conseqüência da eternidade, mas é, também, um privilégio da simplicidade.

13 de mar. de 2009

we've got tonight, who needs tomorrow

Se tem um troço que me estressa, na maioria das vezes, é ter o que contar e não saber como escrevendo. Qualquer blog se torna inútil, assim. E não foi para não escrever ou me estressar que eu sentei aqui agora. Não foi para não escrever ou me estressar que eu fiz um blog - exatamente pelo contrário.
Vou pular para qualquer outra coisa, então.
No meu ipod agora é We've Got Tonight, Bob Seger.
A primeira música dele que eu ouvi foi Like a Rock, em um filme com o Nicolas Cage - ele usou a música para descrever o pai no aniversário dele, se não me engano. De novo, eu não lembro o nome do filme. É só que eu adoro a voz dele, tanto quanto a do Johnny Cash ou a do Mark Knopfler. São todas tão boas de ouvir.
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A propósito, lembrei do nome do filme de que eu falei no outro post: The Martian Child/O Pequeno Marciano.

esqueceram de mim

Eu não consigo mesmo me imaginar daqui a dez anos. Se vou estar trabalhando e ganhando algum salário, se já vou ter um carro, se ainda vou estar no mesmo apartamento que meus pais comprarem, se vou ter uma vida que se enquadre no que eu chamo de decente. Eu não sei. Não consigo mesmo imaginar.
O mais perto a que eu chego de pensar no futuro é isso: eu fico imaginando que, se eu fosse ser rica ou se fosse me apaixonar por/casar com um homem rico, talvez eu fosse gostar de ter uma família grande. Daquelas dos filmes, mesmo. Tipo Esqueceram De Mim ou sei lá. Filhos, sobrinhos, todo aquele povo reunido ao redor de uma mesa enorme no Natal. Toda aquela bagunça e tal. Eu sempre gostei disso. Acho que é por isso, inclusive, que eu sempre gostei do Natal.
Minha família não é enorme - quando eu era criança, éramos eu, meu irmão e dois primos. Mas nós passávamos todos o Natal na minha avó - e tinha uma mesa grande e um pouco dessa bagunça de bastante gente reunida no mesmo lugar. Era o máximo. E eu acho que talvez fosse gostar de ter isso de novo.
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Falando em família e filhos, uma vez eu vi um filme com o John Cusack, cujo nome eu não me lembro agora, no qual ele adotava um menino. Nesse filme ele disse a coisa mais bonita que eu já ouvi a respeito.
Ele disse: "Eu não seria tão irresponsável a ponto de pôr mais uma criança nesse mundo, mas qual o problema de amar uma que já existe?"

12 de mar. de 2009

papai e mamãe

Tava relendo aquele post do Tomás agora. Há muito tempo que eu queria escrever alguma coisa sobre ele. Eu me devia isso.
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Eu achava que o que me impedia de levar qualquer um dos meus blogs para frente era a presença do meu nome ao lado e abaixo das postagens - não é. O que me incomoda e bloqueia tudo o que eu quero escrever - ou o que não me deixa postar o que eu escrevo - é o fato de saber que as pessoas lêem. Veja bem, o problema não é que alguém leia, ou eu não teria um blog. O problema é que eu quase sempre sei disso, e assim parece que eu escrevo exclusivamente. E eu não gosto de escrever para ninguém, eu gosto de escrever para mim.
Mas isso é coisa minha. Insegurança minha. Heranças de infância, sabe.
O pior é que, parando para pensar, eu acho mesmo que carrego isso desde criança. Essa sensação de estar sempre sob o julgamento dos outros. Dos meus pais, dos meus tios e da família em geral, dos meus professores, dos meus colegas, dos meus amigos. Eles estavam sempre olhando o que eu desenhava, o que eu via na TV, as brincadeiras que eu fazia, os lugares aonde eu ia. Mas de longe, que é pior. E eu acho que sentia que precisava da aprovação deles - precisava que gostassem do que eu desenhava, do que eu fazia na escola. Isso para ficar só nos meus pais. Que agora jogam na minha cara que eu sou muito dependente para morar sozinha. Claro que não com essas palavras, nem com nada parecido, diga-se, mas eu sei que é exatamente isso o que eles pensam.

Mas eu perco o chão se perder meus pais. Essa é que é a verdade.

11 de mar. de 2009

O nome desse blog é de uma ironia, cara. Começo a achar que não foi mera coincidência estar ouvindo justamente essa música na hora de dar um nome a isso aqui.

10 de mar. de 2009

blogs passados

Aproveitei essa de fazer outro blog e resolvi checar os antigos. O primeiro que eu tive, principalmente. Não é que eu sinta alguma saudade daquela época, mas é inexplicavelmente divertido relembrar de tudo através das besteiras que eu escrevia. Que nem eram tão besteira, na verdade. Só eram textos que eu não conseguiria mais escrever hoje. Eu tinha muito mais sentimento - ou, pelo menos, colocava muito mais sentimento no que eu escrevia. É até meio bonito, sob certo ponto de vista.

O caso é que eu era apaixonada - apaixonada é ótimo - por um cara de uma banda com quem eu conversava e acabei escrevendo uma infinidade de textos, em decorrência. E o bonito que eu digo é isso: o que eu sentia, ou achava que sentia, por ele era bonito, logo as palavras ficavam bonitas também.

No final, como eu mesma escrevi lá, o blog tava virado em Legião. Aliás, bons tempos os de Legião, também. Renato Russo, mais do mesmo, e o caos seguindo em frente com toda a calma do mundo. E admito: eu chorei com o Som Brasil dele, ou qualquer que fosse o nome daquele programa. Eu descobri Legião Urbana exatamente quando precisei descobrir.

Achei também um rascunho de uma postagem-retrospectiva, com fotos de vários anos e uma música para cada uma. De Tomaso Albinoni à Forfun e Fresno, passando por Daniel - é, Daniel, longa história - e Nenhum de Nós, entre outros. Não botei nenhuma do Oasis. Mas Oasis ainda segue firme e forte, mesmo que só de vez em quando.

Enfim. É sempre divertido rever essas coisas. Eu tava querendo deletar o blog, mas me segurei e deixei lá, pensando em como vai ser divertido poder reler aquilo tudo daqui a dez anos de novo. E, de qualquer jeito, ninguém pode ver.

No outro estão as coisas mais recentes. Em outras palavras: 2008. Ano memorável e, ainda assim, eu não escrevi nada relevante lá. Tem trechos de livros que eu li e gostei, trechos de músicas e um acontecimento ou outro. No mais, se resume à minha velha lengalenga: fazer o quê? Eu não contei nada. Não falei das discussões da minha turma, não falei das festas e dos finais de semana, mal falei de Porto Seguro e também não falei da formatura. Só reclamei da coitada da minha professora de literatura. No fim, o "texto autobiográfico" que eu escrevi pra ela foi o melhor desse tipo que eu já fiz. Tem toda uma história sobre ela, inclusive, mas fica pra outro post.

Bom, também não deletei esse. E até reformulei um post de lá que vai acabar vindo para cá.

Tá, e daí?

E daí que a (minha) vida é isso. Eu vivo de passado. Museu, mesmo. Se eu não tiver alguma coisa velha guardada para reencontrar de anos em anos, seja um blog seja uma foto, eu não vou muito longe. Ou, melhor dizendo, se eu não consigo viver de futuro, sobra o passado. Porque o presente é muito relativo. E muito rápido também. Eu sou devagar. Velha ranzinza já aos 18. E, bom, sabe como é velho, .

então II

Vejam só, fiz outro blog. Tudo certinho, dessa vez. Com quase o mesmo endereço e exatamente o mesmo nome: O Vencedor - criatividade sempre foi meu forte. Mas não acredito que vá postar lá. É que... Não dá. Eu já não consigo mais escrever nem aqui, imagina lá. Mas tá feito.
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Meus pais estão me enrolando quanto ao apartamento. Um diz uma coisa, outro diz outra. E eu não sei o que é verdade, se é que alguma coisa é, mesmo.
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Ontem, antes de ir dormir, uma idéia me passou pela cabeça. Para outra história. Um cara viajando em um trem. Para um lugar que nunca chega, mas com várias paradas. Ou nenhuma, não decidi ainda. Bom, também não fui muito além disso, mas pretendo. É que eu não sei exatamente o que eu quero dizer. Não, eu sei, mas falta especificar um pouco. Enfim.
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Relembrei as músicas que eu sabia tocar e fui atrás de mais algumas. Violão é ótimo, mesmo sem saber tocar.
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Dei uma leve abandonada no meu livro nesses últimos dias. Mas é por pouco tempo. Não tenho dúvidas de que até semana que vem eu termino.

9 de mar. de 2009

just like Buddy Holly

Algumas pessoas não acompanham a nossa vida por inteiro, mas são tão importantes e nos completam tanto quanto aquelas que vivem conosco. Acho que são só "enviados". Servem pra talvez despertar algum sentimento ou algum dom escondido dentro de nós mesmos. A vida se completa com esses "enviados".

Eu aposto como ainda vou ler o nome dele por aí. Tomás Adam. Certeza.

8 de mar. de 2009

yes and I'll bring you flowers

Deitada ao lado dele, eu tento prestar atenção nos detalhes. Os cabelos, a pele, os sinais, as mãos. A textura, o cheiro, o gosto. Eu olho para aquele rosto - os olhos fechados, os cabelos sobre a testa, as sobrancelhas, a boca. Tão familiar e tão estranho, ao mesmo tempo. Eu sinto os braços dele ao meu redor e o abraço apertado - quem é esse cara? Como ele veio parar na minha vida? Ou melhor: como ele voltou para ela? Por quê? Enquanto ele segurava minha mão e acariciava meus cabelos, eu fiquei, por um momento, pensando no que já aconteceu. Nos dias em que eu quis dias assim. Por que ele voltou? Eu não sei ao certo. Tudo o que eu sei, e que estou vendo, é que, mesmo depois de quase quatro anos, eu ainda gosto desse cara.

Eu não queria começar com essa coisa de postar trechos de músicas ou livros ou o que for, mesmo que só de vez em quando, mas é o que eu tô ouvindo agora e eu gosto tanto:

You wanted to jump and dance
But you sat on your hands
And lost your only chance
Go back to your hometown
Get your feet on the ground
And stop floating around

7 de mar. de 2009

freedom

Sabe, às vezes eu queria cantar. É estranho, porque eu não sei cantar. Talvez ninguém saiba realmente, mas isso não importa. Eu ouço as músicas e tal, e mesmo as mais tristes só conseguem me passar uma sensação: liberdade. Quero dizer, eles parecem tão livres, os vocalistas. Eu queria sentir essa liberdade também.
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Fui tentar tocar violão hoje à tarde e descobri que não me lembro mais de praticamente nenhuma das músicas que eu sabia. E o pior é que nem eram tantas. Fora que ele tá completamente desafinado - tinha um afinador no computador que morreu. Mas eu acho que não me importo muito com a afinação. Quer dizer, eu não sei cantar e muito menos tocar, então não faz diferença, desde que todas as cordas estejam ali.
Tava pensando também se vou levar ele junto quando me mudar. Provavelmente eu nem vou usar, caso leve, mas, se não levar, já era, nunca mais.
É um dos meus maiores dilemas até agora.
Digo isso porque eu já me conformei com a situação toda. Tudo bem que uma hora eu não vejo o dia de ir pra lá e na outra tudo o que eu queria era nunca ter que sair daqui. (Às vezes, eu vou de um a outro umas três vezes por dia - sim, eu já contei. Isso que dá ficar parada. Não recomendo.) Mas já aceitei na boa. Então o que me resta é ver o que eu preciso levar.

6 de mar. de 2009

então

Estou há mais de meia hora tentando escrever um post decente, contando como essa semana foi cheia em comparação às outras e como tudo parece muito melhor quando eu faço alguma coisa - qualquer coisa. Mas eu escrevo, apago, escrevo de novo, apago, volto a escrever e, ainda assim, não gosto, tamanha a pobreza do texto. Não adianta, quando não é dia, não é dia.
Mas, então, é isso: essa semana foi ótima, lavou minha alma. É uma pena que não dure mais. Quero dizer, semana que vem isso acaba e tudo volta ao normal - se não piorar. O que acontece é que, desses últimos dias - eu nunca tive férias até março - para cá, eu estou sempre pensando em como eu não faço nada, como não há o que fazer, tédio, tédio, tédio. Aí, claro, toma conta. Toma conta. Eu fico mesmo agoniada, às vezes, no meio da tarde. Eu tento ler, o que me dá sono, mas não o suficiente para dormir, tento escrever, mas nada presta, tento ouvir música, mas eu já não agüento mais meu ipod, peguei ódio do coitado, tento ver TV, e é pior ainda.
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Se o dinheiro tivesse sobrando por aqui, eu ia gostar de ir a algum psicólogo, eu acho. Já fui por bastante tempo quando eu era criança, porque brigava muito com meu irmão e tinha medo de dormir sozinha, mas era uma mulher, e eu não via o menor sentido em ir lá e ficar vendo uns livros e jogando uns joguinhos, enquanto ela perguntava como tinha sido a semana. Quero dizer, eu nunca falei para ela sobre qualquer uma das coisas que eu lembro que me incomodavam de verdade naquele tempo. Então acabou não fazendo a menor diferença. Mas, hoje, com outra pessoa, um homem, de preferência, seria válido. Não é frescura nem nada, não. O caso é que até eu, que sou fechada e sempre soube resolver minhas coisas sozinha, sem ter que falar com quem quer que fosse, sei o quanto é bom dividir, de vez em quando. Até importante. E ninguém melhor do que um cara que entenda a loucura em geral pra isso. Mas o dinheiro ainda não tá sobrando, não, fica pra próxima.

5 de mar. de 2009

I don't wanna grow up II

Eu acho que tenho mudado bastante o meu jeito, sob certos aspectos. Principalmente o de escrever. Eu não sei como os escritores e os jornalistas mundo afora constroem um estilo próprio, não sei mesmo. Para mim, é uma coisa que está sempre mudando, que é completamente influenciada pelo que eu estiver lendo no momento - tudo o que eu escrevo acaba parecendo com o jeito do cara cujo livro está na minha mesa de cabeceira.
Comecei a pensar nisso agora há a pouco, depois de criar um tópico na comunidade da minha turma. Eu quase esgotei o limite de caracteres, falando de coisas que não são realmente importantes - o ano juntos, o motivo pelo qual queria agradecer a um dos meus colegas, a turma, o futuro. Quero dizer, são importantes, mas não exatamente relevantes: comuns, todo mundo fala, todo mundo pensa. Depois, é claro, eu me arrependi, mas lutei e deixei o tópico lá, para quem quiser ler - que fique como um exercício para eu aprender a falar o que eu quero e o que eu penso sem me preocupar com o que vão achar.
O caso é que, depois disso, eu fiquei pensando em como pode parecer estranho, mesmo - ou principalmente - para as minhas amigas, ler aquilo tudo. Porque eu, escrevendo quase sempre e imaginando parágrafos mentalmente, já não reparo, mas quem não fala comigo - nem por msn - há meses certamente deve reparar.
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Então, eu estou aqui só imaginando o quão diferente de como eu era três meses atrás eu estou agora. O problema - eu sempre encontro um problema - é que eu estou imaginando o quanto eu posso estar diferente do que era aos olhos dos outros - e o que eles vão pensar disso. Eu tenho consciência da minha mudança: roupas, sandálias e brincos novos, o meu jeito de escrever, o meu jeito de falar, as coisas que eu tenho feito. A vida que eu tenho preparado. É completamente diferente do que era em outubro, por exemplo, quando tudo o que eu queria era aproveitar ao máximo as festas na Bahia. É ótimo mudar. Mas eu queria mudar sem ter medo. Sem ter medo de encontrar minhas amigas na rua e vê-las me olhando de alto e baixo e não saber - ou pior, não ter - o que falar. Ou, muito mais do que isso: eu queria não ter medo de mudar quando mudar significa crescer. I don't want to have to be a grown-up. Eu não quero crescer. Pela primeira vez de verdade.
Quando eu era pequena, eu tinha fitas - é, fitas - de quase todos os desenhos da Disney em casa. Uma delas era do Peter Pan. Por coincidência ou não, a que eu menos assistia. Por coincidência ou não, a parte do desenho que eu mais gostava era quando a Wendy embalava o irmão menor no esconderijo do Peter Pan para que ele dormisse. A verdade é que eu acho que não gostava muito do desenho porque ele nunca fez sentido para mim. Como podia um garoto não crescer? Como podia um garoto voar? Como podia uma criança não querer crescer - nunca?
Hoje ele faz todo o sentido do mundo.

3 de mar. de 2009

hold on, John

Eu venho tentando o tempo todo fugir disso. Fugir do tempo. Fazer ele passar. Eu deito na minha cama, escuto todas aquelas bobagens que eles falam no rádio, vejo o marcador avançando cada vez mais no meu livro - e sempre ainda há tempo, mais tempo. Tempo. Por mais que eu faça. Eu gosto de não ter que fazer nada, mas a cada ano que passa isso me sufoca mais. Porque eu não tenho o que fazer e eu não sei o que fazer. Eu vejo o mesmo tempo que tanto me sobra durante os dias ir se esgotando sempre mais. Não importa o curso que eu escolher - e depois? Por que "depois"? Sério: por que essa pergunta existe? - por que diabos ela tem sempre que ser respondida? É só isso que eu vejo as pessoas fazendo. É só isso que nos dizem para fazer desde que a gente nasce. Para sonhar, porque a vida precisa ser sonhada e o inferno. Eu não dou a mínima pra sonho nenhum. Eu só queria saber o que fazer. Quero dizer, isso é mesmo tanto assim? Todo mundo parece querer sempre tão mais...
Eu tenho tentado escrever também. Mais exatamente, tenho tentado pensar em qualquer coisa que pudesse me render outra história. Mas simplesmente não adianta. Eu olho para todo lugar e tudo neles não me diz nada. Eu só queria me manter ocupada com alguma coisa - manter minha cabeça em algo específico. E escrever sempre me fez tão, tão bem.
Writing gives me a purpose. I think in some ways it has helped keep me alive. Without it I'm not sure I would ever have enough hope to get sober - to make that decision to live.
Eu tenho certeza de que nunca vou me apaixonar tanto por alguém quanto por esse cara enquanto eu leio as palavras dele. Não exatamente "me apaixonar", mas eu não encontrei outra expressão. E também não sei como descrevê-lo - ele e tudo o que a história dele significa.
Mas o caso é que eu me sinto má, mesmo, egoísta e tudo isso. Porque, pô, qual é o meu grande problema, afinal? Nenhum.

2 de mar. de 2009

tweak

Tweak é ótimo. E ler em inglês é ainda melhor, por mais que não se saiba uma palavra aqui e outra ali. Parece o primeiro filme legendado: não dá mais vontade de ver um dublado. Claro que isso não se aplica totalmente - óbvio. Mas é por aí. A sensação é demais.
Voltando ao livro, bem, é só o outro lado da moeda, mas, ainda assim, eu recomendo os dois. Meio que se completam.
Mas é diferente. Quero dizer, um pai contando é diferente - vai emocionar com certeza. Mas o Nic conta e fala de tudo com tanta informalidade, sinceridade, deixando tudo tão natural, que os acontecimentos todos parecem perfeitamente normais, cotidianos - o que eles são mesmo, de certa forma - que a gente acaba até esquecendo que aquilo tudo é uma história triste.
Eu ainda não cheguei sequer na metade, mas já digo que vale a pena, sim. É um realismo diferente daquele com que todo mundo está acostumado, eu acho. É bonito.