18 de jun. de 2011

tangled up in blue

Às vezes eu esqueço que eu tenho um rádio. E que eu tenho uma tomada na sala onde eu posso ligá-lo. E que eu posso ouvir cds nele com um som muito melhor do que nisso aqui.
Botei o volume 2 das bootleg series do Bob Dylan, que provavelmente são as melhores 20 músicas dele, juntas, que eu tenho por aqui. Os outros dois também são ótimos, mas esse é especial.
Fiquei ouvindo e bebendo sozinha. E quase dançando. E eu não sei dizer o que prevalece. Se é completamente deprimente ou se é simplesmente a melhor coisa.
Mas nessas horas eu consigo não me achar idiota por coisas que eu digo e que eu faço. Como se houvesse muito mais vida além de meia dúzia de frases que se diz. Há. There's nothing here to live or die for. E não except you. Só isso. Não tem nada na vida pelo que viver ou morrer. Só ela. Que às vezes não basta, mas às vezes basta. Não que a gente esqueça. Não que não fique indo e voltando o tempo todo no decorrer dos dias. Não que eu não queira pegar as rédeas e tocar tudo por minha conta. Eu só não posso. E enquanto isso eu sempre vou ter meu rádio e as bootleg series pra esquecer.
Como se ninguém no mundo precisasse acordar e levantar amanhã. Eu tenho a fantasia de ver Porto Alegre parada e vazia. Como Arroio Teixeira em maio. E passear não pela cidade inteira, mas pelos lugares por que eu sempre passo - mas vazios. Só os sons naturais. Que deixasse de existir a vida. Por um dia. Só eu. E ver essa cidade como ela é, mas não é. Vazia e parada. Em um dia de sol. E esquecer, mas pensar em tudo quanto for possível.
Sextas vazias têm lá uma coisa boa.

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