30 de dez. de 2010

you know I'm
shallow

vetores

Qual a motivação das pessoas que escolhem manter os maus hábitos e daquelas que escolhem manter os bons? Porque ambas encontram razões, em algum lugar, para cultivar seus respectivos hábitos. Praticar exercícios, fumar, ter uma alimentação saudável, viver de congelados. A força, o peso dos motivos, teoricamente, tem de ser o mesmo, uma vez que, se não fosse, um dos grupos não existiria, já que seria mais fácil ou mais simples migrar para o outro. Como vetores na física. Mesma intensidade, mesma direção, mas sentidos opostos. Mas, se a força é a mesma, se a relação custo-benefício é a mesma, qual a diferença ficar de um lado ou de outro?
Eu não faço idéia. Se um dia eu descobrir, provavelmente vou mudar de lado.
Mas o caso é que os maus hábitos não necessariamente precisam estar relacionados à saúde física de uma pessoa. E, sendo assim, talvez se torne mais difícil controlá-los, mas ainda é uma questão de escolha. Então, quem escolhe manter uma revisitação constante ao que há tempos já perdeu sentido e razão de ser? Os otários, os infelizes? Na verdade, a pergunta não é quem, mas por quê.
E eu também não faço idéia. Se um dia eu descobrir essa também, mudo de lado.
A minha conclusão é a de que, superficialmente, não existem pessoas fisicamente saudáveis com problemas de origem emocional ou o contrário. Quem falha com a cabeça, em algum momento falha com o corpo. Em compensação, pra mim, tá pra nascer uma pessoa realmente saudável que se mantenha infeliz por muito tempo.

26 de dez. de 2010

cinco minutos guardados

É difícil descrever a melancolia na cena silenciosa de alguém que sai de casa pra fumar um cigarro escorado no muro ou na parede. Não mora sozinho, ou não mora com outros fumantes, ou mora sozinho e fuma, sim, mas não quer o cheiro impregnando a sala. Então sai. Uma desculpa. E fuma ali na rua, olhando pra rua e olhando pro nada. Talvez pensando que seria melhor fumar acompanhado. Olhando pra rua, olhando pro nada, mas com uma alma do lado na mesma situação, com quem falar de amenidades. Ou não. Ou sai, querendo escapar do interior de casa, e fuma ali na rua apreciando toda a melancolia do ato, desde a porta encostada e o acender do cigarro até terminá-lo, mas se demorar um pouco mais ali, na rua, como se algo extraordinário pudesse acontecer nos segundos entre terminar um cigarro e decidir entrar de volta em casa porque não há mais o que fazer ali, na rua. A expressão é sempre a mesma. De cansaço da vida, de não tenho mais o que fazer então eu fumo, ajuda a passar o tempo. Mas não cansaço físico, ou mesmo estresse, uma expressão de cansaço vazio, de tédio vazio. A pessoa traga, olha a fumaça fazendo voltas com o vento, solta, pensando no resto do dia. Ou no próximo, ou na próxima semana. Cinco minutos reservados. Pra pensar um pouco em tudo. Ou pra não pensar em nada. Até o cigarro acabar. Até o próximo.

22 de dez. de 2010

don't take a picture

odisséia:  1 Viagem cheia de aventuras extraordinárias, em geral dramáticas. 2 Série de acontecimentos anormais e variados.

Segue a minha.

Depois minha mãe pergunta por que eu saio tão pouco de casa aqui.

Dormi fora ontem e não levei a chave, porque eu voltaria hoje, por volta das duas da tarde e, a essa hora, por convenção, sempre tem gente em casa. Não tinha. Toquei a campainha/interfone, liguei, nada. E eu tava com a única sapatilha que eu não uso pra caminhar, ou pelo menos não trajetos longos, porque é a que machuca, sempre tem uma. Como a idéia de andar com elas, então, era última hipótese que eu cogitava, parti pras outras opções que eu tinha. Mãe: não atendeu. Pai: não, não tenho chave, dei pro Gustavo outro dia e ele não devolveu. Gustavo: na recuperação ou sabe-se lá onde. Fui eu, então, mais a contragosto do que nunca, até a prefeitura, com meu pai também sem chave, atrás da minha mãe e de uma chave. E aí voltei. Sem condições de andar como uma pessoa normal e constatando que Canela pode não chegar aos 40 de Porto Alegre, mas, pra andar por aí na parte mais quente do dia, consegue se emparelhar, porque não tem vento e muito menos prédios pra fazer sombra. E ainda fiquei sabendo que só não peguei ninguém em casa por questão de minutos - isso era óbvio, não é mesmo? E tudo isso sendo que ontem por várias vezes eu cheguei a me perguntar se deveria sair justamente com aquela sapatilha. Isso é pra eu aprender a dar mais atenção ao meu sexto sentido.

E a nunca sair de casa sem chave.

Aí fui cortar o cabelo. Dessa vez levando a chave. Ganhei carona, cortei, gostei, tudo lindo. Mas pouco antes da hora de eu sair caiu a pior chuva da vida em Canela. Mas tudo bem, porque eu voltaria de carro com a minha mãe. Ela tinha uns trinta metros de calçada à disposição bem à frente do salão pra parar o carro rapidinho e esperar eu correr até ele. É claro que ela resolveu parar o mais longe possível da porta e que esse lugar era também onde se encontrava o maior acúmulo de água. Pra que facilitar, né, que bobagem.

Cheguei em casa, entrei no meu quarto, apaguei as luzes, fechei os olhos e os ouvidos e só fiquei ali, no silêncio. E se eu tivesse uma tv com filmes na minha frente não teria mais saído.

Tem dias que chegam ao fim e tudo o que se pensa é que seria melhor não ter saído da cama de manhã. Assim tem sido minha semana. Por mim não teria mais acordado desde domingo.

Mas cortei o cabelo.

21 de dez. de 2010

remédios

Penso seriamente em abandonar a internet e tudo relacionado a computador durante todo o período das férias. Por dois motivos básicos: eu quero ler o maior número de livros que eu conseguir - todos os que eu sei que não vou ler durante o ano - e porque o computador aqui é tipo eu: funciona melhor no outono/inverno. Verão visivelmente não é com ele. Ou com a gente.
-
E, agora que passou, eu não sei se gosto da idéia de ter  vinte e não dez e alguma coisa. Nem dirigir eu dirijo. Quero dizer, pessoas que optaram por tirar carteira tarde deveriam ter o privilégio de não ver aumentar o número da idade. Não é à toa que, desde criança, se eu pudesse escolher um poder, eu digo que queria poder parar o tempo. No fim, é como se eu quisesse evitar minha própria independência, mesmo que ela ainda esteja muito, muito longe, tanto que eu não sou nem capaz de fazer uma comparação. Vou cortar o cabelo, bem curto de preferência, pra ver se ajuda.

18 de dez. de 2010

vinte

Acordei  às oito e pouco da manhã com o barulho de trem do Mundo a Vapor. Não levantei, óbvio; fiquei na cama lembrando de em quantos dias na vida eu já fiquei na cama ouvindo aquele barulhinho do apito antes de levantar. E às vezes, quando eu ouço em outro lugar ou em outro contexto, eu ainda demoro pra me tocar por que barulho de trem parece tão familiar pra mim. Vizinha desnaturada, eu.
Achei que fosse ser uma experiência meio dramática trocar a casa das dezenas na idade, mas não. Não se nota diferença. É sempre a mesma coisa, né, a gente sabe. O legal é que, à medida que se cresce, ganham-se menos presentes; eu pelo menos não peço mais - não nessas datas específicas. E aí, quando eles vêm, porque sempre vem alguma coisa, são realmente surpresa, como era pra ser quando a gente era criança, mas não era porque a gente pedia os presentes antes e na hora de abrir o pacote já sabia o que era.

10 de dez. de 2010

o cara: - oi, que que tu acha da minha amiga?
- muito bonita! :D
- ela tá tri a fim de ti! :D
- [(sor)risos] não rola..
- ué, por que não? ):
- eh.. eu sou hetero ainda. (:
- ah... entendo. :/ mas ele não, né?
- não, ele não.

A despedida da noite porto-alegrense por esse ano.

8 de dez. de 2010

O telefone toca pela primeira vez e eu quase enfarto.
Não sei se seremos felizes juntos.

revolução no fim do ano

Não deixa de ser uma ironia que depois de passar um semestre inteiro oscilando entre sofrer e ignorar agora a minha vida se ajeite, de um jeito que dá até pra chamar de boa - agora que falta menos de uma semana pra eu voltar pra casa. Vai ver eu tô me rendendo ao verão e nem sei. Comprando saias por aí. É.
A única coisa que eu sei é que eu não nasci pra ter futuro. Não sei planejar, não sei pensar, não sei me mexer.
-
Mentira, não tô me rendendo ao verão. Adoro sol e andar de pés descalços e coisa, mas nunca calor.
-
Revolução no apartamento: agora tenho telefone, televisão e internet de verdade. Depois de umas quatro horas assistindo a um japa instalar e mexer em tudo por aqui, passei o resto da tarde zapeando mil (trinta?) canais novos. Tô uma criança com brinquedo novo.
-
Vi granizo em Porto Alegre e ouvi da boca de um professor que notas não querem dizer nada. Sou uma pessoa mais satisfeita.

29 de nov. de 2010

spoken words like moonlight

Só eu que paro de ouvir músicas que tocaram em algum momento especial da vida? Como que pra resguardar alguma coisa do passado? Como se ouvi-las de novo, em um dia casual, fosse estragar o que elas significam? Eu tenho tanta resistência em ouvir essas músicas. Tenho medo de que gastem até que, um dia, eu bote pra tocar e não sinta mais nada, não consiga mais rir sozinha ou chorar, nem lembre. Não sei se faz sentido.
Não sei se é pra fazer, afinal.

and the earth is warmer when you laugh

24 de nov. de 2010

nessa cidade nem tem mar e tu não sabe escrever

Eu fiz parte da geração de pirralhos que cresceu lendo Harry Potter até o fim e fui pro cinema na primeira tarde que sobrou pra descobrir o horror de um filme dividido em duas partes.
E aí a gente deu voltas e voltas a pé por porto alegre de noite pra ir na verde, comer o melhor cachorro-quente da vida na volta, passar frio na praça do anglo na tentativa de matar tempo e conseguir ficar acordado até às sete, dormir e matar todas as aulas do dia. Sem arrependimentos
-
Eu não sei se é o fim do semestre, que não chega exatamente a me preocupar mas que não deixa de estar um tanto tumultuado, mas o fato é que eu não escrevo mais. Ou escrevo e desisto ou desisto antes de começar, quando eu ainda tô só pensando em fazer o login aqui. De qualquer modo, minhas semanas andam discrepantes, com uma ótima e outra pra eu querer me jogar da sacada que eu não tenho - eu adoro o meu apartamento, sério, mas tô quase arrependida, porque deus sabe o QUANTO eu queria uma sacada. Eu quero uma sacada desde os meus cinco anos de idade. Mas enfim. Dados os altos e baixos, eu andei folheando revistas de casas (oi, vamos fazer arquitetura) e decidi que a minha próxima aquisição vão ser cortinas. Depois coisas pras paredes vazias que me incomodam. E por aí vai. Porque, se eu não consigo fazer planos pra minha vida, fazer planos pra melhorar meu apartamento não me parece ruim.
-
Apanhador Só.
Viciei.
laiá laiá laiá

20 de nov. de 2010

risqué

Pintei minhas unhas com esmalte fosco só pra decidir que de fato eu não gosto. (Era cinza, não tinha como não tentar.) E depois passei brilho por cima pra gostar.
Curto muito quando as coisas têm soluções assim, simples, fáceis e rápidas. Queria poder aplicar em mim mesma.
-
Eu fiz parte da geração de pirralhos que cresceu lendo Harry Potter ano a ano até o fim e vou ir pro cinema na primeira tarde que sobrar. Nem tô.

13 de nov. de 2010

just give me one thing that I can hold on to

paródias.

Fui assistir às paródias achando que ia só sentir saudade das minhas (mamãe, não quero ser perfeito/ (mas) pode ser que eu leve jeito/ e alguém pode querer nos premiar/ é a primeira vez que tem/ raul aqui no festival/ e anfíbios ele vai te apresentar), mas eu senti saudade de ser terceiro ano também. Não que a minha turma fosse o que a atual aparentou ser ali, bem longe disso, mas pelo menos era uma coisa da qual fazer parte. Da qual eu fazia parte. E tinha alguma consistência, afinal. Vestibular, etc, etc, tudo girava em torno disso.
E agora, é o quê?


*
É estranho, de qualquer jeito. Ser platéia pela primeira vez. Quatro anos desde a minha primeira, e a vida continuou andando, veja só.
Mas acertei o grupo que ganhou (muita experiência em paródias, hein) e tirei meu chapéu pro Almir Sater.

7 de nov. de 2010

só uma coisa:

o Positive é meu lugar no mundo.

5 de nov. de 2010

risos.

Serra e Dilma respondem: "Por que a galinha atravessou a rua?"

Dilma Rousseff: “No que se refere ao fato de a galinha ter cruzado a rua, eu considero que este é mais um ganho do governo do presidente Lula. Eu considero que foi apenas depois que o presidente Lula me pediu para coordenar o PAC das Ruas é que as galinhas no que se refere ao cruzamento das ruas tiveram a oportunidade de poder cruzar as ruas, coisa que, aliás, só as galinhas com maior poder aquisitivo podiam no governo FHC, no qual o meu adversário foi ministro do Planejamento e da Saúde."

José Serra: “Olha, este é mais um trololó da campanha petista. Veja bem, as galinhas cruzam as ruas no Brasil há anos. Eu mesmo coordenei a emenda na Constituição que permite o direito de ir e vir das galinhas. Eles ficam falando que foram eles que inventaram esse cruzamento de ruas, mas já no governo Montoro, quando eu era secretário do Planejamento, as galinhas cruzaram as ruas com maior segurança. Eu, por exemplo, criei o programa Galinha Paulistana, que permitiu que milhares de galinhas pudessem cruzar as ruas, e agora, no meu governo, vou criar o Galinha Brasileira, em que toda galinha terá direito de cruzar as ruas quantas vezes quiser.“

4 de nov. de 2010

Cheguei em casa com calor, normal. Aí lavei o rosto e não sequei, porque não tinha toalha por perto. E não precisei esperar dois minutos. Porto Alegre - secagem instantânea.

Um dia, eu não sei quando, mas um dia. Eu vou passar um fim/começo de ano em qualquer lugar frio, com muita neve. E aí eu posso até passar frio, mas vou rir por dentro só de pensar nas pessoas aqui, morrendo por uma sombra ou um ventinho.

E ainda é só novembro.

3 de nov. de 2010

just give me one thing that I can hold on to.

Dois anos e eu ainda não consigo me sentir bem em Porto Alegre. Sempre tensa, sempre carregada, sempre a sensação de uma coisa faltando. Eu queria ter o poder de me livrar de todas as minhas sensações, de vez em quando. Só pra ver como seria. Viver sem sentir. Não sentir que se está vivendo.

Vi Brothers no fim de semana. O dinamarquês, não o outro. E eu acho que perdi pelo menos uma meia hora da segunda metade, porque tava morrendo de sono e dormi, mas acordei e consegui me manter acordada pra pegar o final e a música dos créditos. When I'm Coming Home, Andrew Strong. Linda. Tão linda que, bom.
São sempre boas, músicas de créditos.

yellow sparkles
is just the moon that fights to find its way to you
kiss your cheeks and whisper softly
"all the bad will be gone
will go"
so I fill every dream with the wish I'll see you soon
and though it might seem unreal it will come true



Eu queria que alguém me dissesse isso. Todo o mal terá ido. Vai ir. E que fosse verdade.

31 de out. de 2010

the flu - de novo!

Tinha passado, a gripe. Mas voltou. Na câmara fria onde eu passei meu domingo recebendo os eleitores que desistiram de viajar pra votar no Serra - que ganhou quase o triplo de votos da Dilma na urna da minha seção. Um dia quente e lindo na rua - mamãe tomando banho de sol com as amigas de tarde! - e eu cheia de casacos tremendo de frio na câmara. Mas eu não me importaria, se eu não fosse secretária. Nenhuma pessoa, de bem ou de mal, merece ser secretária. Não sem uma cadeira.
-
Teve uma senhora, que a gente logo reconheceu quando chegou, porque era a que precisava de ajuda na urna, que, depois de votar e assinar, passou em um por um de nós entregando uma balinha de caramelo de presente, sempre sorrindo, bem feliz. Coisa mais linda. :~
Eu fico pensando em por que só idosos são assim, lindos.
Quem mais daria balas pra mesários? Quem mais sairia de casa no domingo pra votar sem ser obrigado - e ainda levando balas pros mesários? Quem mais pra viver feliz e bem-humorado mesmo com dificuldade até pra andar?
Enfim.
Eu não lembro o nome dela, mas a velhinha fez doce o domingo. Nos dois sentidos.

24 de out. de 2010

the flu II

It seems to me now that the plain state of being human is dramatic enough for anyone; you don't need to be a heroin addict or a performance poet to experience extremity. You just have to love someone.


*

Eu queria uma música triste, agora. E não estou obtendo muito sucesso na busca. Embora eu também não esteja exatamente me esforçando na mesma busca.

O caso é que, ah. Muita coisa. Eu penso demais em coisas que eu até gosto de saber que pensei, mas peco na hora de escrever sobre. As frases nunca ficariam com a mesma sonoridade que tinham na minha cabeça, mesmo que eu as transcreva exatamente da mesma forma que as pensei, simplesmente porque vão estar escritas. E a sonoridade da leitura é diferente. É pontuada demais, mesmo com pouca pontuação. Eu não sei pontuar minhas frases pra que elas soem, mentalmente, pra quem ler (e pra mim também, quando eu ler), do mesmo jeito que soam só na minha cabeça. E os próprios assuntos. Pensando neles no meu blog eles subitamente perdem valor.

Eu queria só ir escrevendo, escrevendo, e no final sair alguma coisa ao menos legível. Mas é o tipo de coisa que não acontece comigo. Acho que eu sou detalhista demais pra isso.

Eu queria ter um caderno, um bloco, uma agenda, qualquer coisa, em que eu anotasse essas coisas; frases, de livros, filmes, revistas, panfletos, enfim. Mas, mesmo que eu saiba que é só achar um caderno velho e começar a anotar, sempre me parece o tipo de coisa que existe "desde sempre" e não desde um dia qualquer em que se decida começar um. De forma que não vai acontecer.

23 de out. de 2010

the flu

fabicofantasia serviu pra duas coisas: pra eu ver o quanto precisava beber e pra constatar o meu talento natural de sair em fotos que inexplicavelmente deixam de existir quando todo mundo começa a mostrar as suas - ou, em outras palavras, não sair em nenhuma -, mas eu não chego a me importar. Só não recomendaria viajar duas horas de ônibus no dia seguinte, hah.
-
Peguei de uma vez só todas as gripes que eu não tive nos anos anteriores. É ótimo.
Mas eu queria conservar minha voz rouca. Todos sairiam ganhando.
-
Eu não consigo dizer o quão ruim a vida pode ser, às vezes. Eu sei perfeitamente o quão ingrata e insatisfeita e ao mesmo tempo acomodada eu posso ser, mas a vida. Me ganha. A minha vida. As semanas que eu vou empurrando fingindo que tá tudo bem.Que tudo vai ficar bem. Tudo pra esconder o fato de que eu não faço a menor idéia do que fazer. Comigo. Com a minha vida. A sensação que eu tenho é de que eu vou passar os próximos dez anos pelo menos dando voltas ao redor disso, "a minha vida", na tentativa de tentar achar alguma ou descobrir qual e o que ela é, porque eu não sei.
As pessoas e os lugares de que eu gosto de algum modo nunca saem de mim. E às vezes de um modo sufocante. Mas encontrar novos parece tão difícil. E inútil. 
E eu vou só ficando mais cansada. 
E aí eu leio e vejo uns filmes, na tentativa de escapar. 
Ou passo a semana em Canela longe. "Longe."
Mas até quando?




i'd like to make myself believe
that planet earth turns slowly
it's hard to say that i'd rather stay awake
when i'm asleep
cause everything is never as it seems

leave my door open just a crack
please take me away from here
cause i feel like such an insomniac
please take me away from here
why do i tire of counting sheep
please take me away from here
when i'm far too tired to fall asleep

to ten-million fireflies
i'm weird cause i hate goodbyes
i got misty eyes
as they said farewell

14 de out. de 2010

eu sou doente

por não conseguir escrever no word se a letra não for times? Porque eu não consigo.
-
Toda a parte do dia que eu passei no computador passei com a mesma música. Vim determinada (sério) a começar a adiantar uns trabalhos, mas por algum motivo - a música, o fato de minha mãe estar passando a semana comigo, má vontade com a professora, alguma coisa - não rolou. Eu sou um tipinho muito ruim. Tipo gente que deixa a dor de cabeça ficar insuportavelmente forte, sofrendo, esperando que passe, pra só então tomar um remédio. E o troço não fazer efeito.
-
Fiquei com vontade de perguntar pro cara hoje, o André Machado, se ele também acha que pra ser bom jornalista 'é preciso amar a profissão', blábláblá. Mas desisti, muito embora não devesse tê-lo feito. O caso é que às vezes eu duvido completamente da minha capacidade ser boa jornalista, às vezes nem tanto. Mas eu (ainda) não duvido da capacidade de um ser humano de ser bom em alguma coisa simplesmente porque ele decidiu ser - sem necessariamente amar ou desejar arduamente aquilo. Talvez eu esteja errada. Talvez não. Mas agora eu tenho minha própria vida pela frente pra descobrir, so. Depois eu conto.

11 de out. de 2010

Abrir livro embalado em papel pardo está entre as melhores coisas do mundo.

5 de out. de 2010

I don't know, but it's so painful to think, and tell me, what did thinking ever do for me, to what great place did thinking ever bring me?
Né.
(Eu preciso ler. Meus livros.)

4 de out. de 2010

tanta coisa.

Meus dias em Canela se resumem ao que eu não tenho em Porto Alegre: sky. E sexta eu vi o filme mais... gostoso de todos os vistos nesses dias. Away we go. (Com o tal John Krasinski, que me deixou o filme inteiro tentando descobrir onde eu já tinha visto o sobrenome dele. Tudo pra lembrar que era do jogador de vôlei da Bulgária, que nem Krasinski é, é Kasinski). Nada de mais, um casal que vai ter um filho e viaja atrás de uma cidade pra morar com ele, quando ele nascer. Mas é... o que eu disse, gostoso. Só. Mas eu vejo um filme assim e me pego querendo que isso possa existir de verdade. Não comigo. Só que possa existir. Que não seja só ficção. Cinema tem disso também, né. Tanta coisa.
-
Mas isso quando não me chamam pra passar o dia parada de pé numa seção eleitoral. O que eu descobri lá é que o trabalho dos mesários, que podem ficar sentados, se não for menos cansativo, pelo menos é menos monótono e mais divertido que o de secretário, que fica lá, de pé, o dia todo, deixando as pessoas passarem ou não, "pode passar", "espera um pouquinho", "qual a tua seção?" (e depois também preenche a ata, pra não dizer que só ficou parado na porta). Mas, por pior que seja e por incrível que pareça, tem alguma coisa em mim que gosta disso, de ver gente, de "trabalhar" com gente, mesmo que eu não goste de gente. No fim, ganhei vinte reais em vale refeição que pagaram minha janta com coisinhas gostosas da Gisele. Foi o melhor.
-
Cheguei em Porto Alegre e, depois de nove meses, tenho luz em todos os espaços onde é possível ter luz. Inclusive na cozinha, que tava desde agosto, no mínimo, com as lâmpadas queimadas. O caso é que eu me acostumei tanto com a meia luz a essa altura que não sei se quero todas essas lâmpadas acesas agora. Ganhei até umas velinhas de presente. Dão outro ar pro lugar. Mas é só conforto estético e aparente. E aí?

28 de set. de 2010

'get a life'

Eu vou dormir e me perco com lembranças de um relacionamento que, agora eu vejo - não sem alguma dor e ainda com saudade -, só existia nos finais de semana. E, principalmente, nesse apartamento. Que ficou pronto com ele. E que agora se encontra cheio da ausência e da presença dele ao mesmo tempo. Na fresta da porta de correr pro gato que eu não tenho, na colher virada pra baixo na pia - não pra cima - enquanto eu cozinho, no nescafé batido, no cinzeiro roubado, no canto da boca enquanto ele falava que eu ainda consigo ver como se estivesse na minha frente, na claridade que passa pela porta do quarto e machuca os olhos de manhã, na toalha que ele usava pra tomar banho, no sofá e na cama que às vezes parecem grandes demais, na luz da sala que eu acho que só vou conseguir acender quando for obrigada, quando queimar a do abajur. Talvez ela ilumine demais. Coisas que eu não quero mais ver. No eterno 42 do box na rodoviária. No vinho no terraço que, no fim, a gente nunca vai tomar.
Meu pai disse que ia me dar tintas e um rolo pra eu pintar aqui, porque "pintar parede é uma terapia". Eu acredito que seja. E, embora não saiba ainda se ele falava sério ou não, eu gostei da idéia. Era o que eu queria poder fazer: mudar tudo de lugar, mudar tudo. Começar de novo de novo. "Tudo novo de novo". Pra não ter que ficar lembrando. Pra ficar mais fácil de acreditar numa sensação que, fora daqui, às vezes eu até consigo ter. A de que foi há muito mais tempo do que semana passada, de que foi em outra vida, de que não aconteceu de verdade, de que foi um sonho ou uma coisa que eu inventei. É mais fácil fantasiar. É mais fácil viver outras vidas. E não a minha.
-
Eu acho que, talvez especialmente nesses momentos, a gente costuma achar que o mundo e a vida são coisas só nossas, que trazem os piores problemas e as piores perspectivas e as piores sensações e dores só pra gente, como se nada mais existisse realmente ou valesse a pena. Mas não é verdade. Ainda que, por real crença ou teimosia, a gente possa pensar que nada vale a pena - e mesmo que nada valha, de fato -, as coisas todas continuam lá fora. Acontecendo, seguindo, mudando, começando, terminando; valendo a pena ou não. E as minhas sensações, as minhas dores, os meus problemas e as minhas perspectivas são só mais meia dúzia que não significam nada pro mundo. Ele continua aí, girando. E tudo vai ir e voltar o tempo todo até eu morrer. É questão de se adaptar - ou não.


Os cachorros continuam mijando nos postes.

23 de set. de 2010

.

I had a feeling once 
that you and I 
could tell each other everything
for two months
but even without hope
with truth on our side
when you turn away from me
it's not right

20 de set. de 2010

dançar.

Sexta eu jantei com meus pais em Capão, em um restaurante cujo nome eu não lembro e onde havia uma dupla - um homem e uma mulher, não dois homens - cantando musiquinhas aleatórias. Lá pelas tantas um casal em uma mesa levantou e foi dançar. Umas músicas depois, meus pais se animaram a fazer o mesmo e lá foram, ainda que sejam separados. E vendo os dois ali - ou os quatro, enfim - eu fiquei pensando em como não existe coisa mais casal do que dançar. Mais do que ir ao supermercado juntos, mais do que ter escova de dente na casa da pessoa, mais do que qualquer outra coisa, até do que alianças. Porque precisa de uma intimidade tão sincera, de uma química que só duas pessoas que se conhecem de verdade conseguem ter. E é lindo, mesmo se eles forem feios e dançarem mal, simplesmente porque tem carinho. Às vezes eu queria isso pra mim.
-
Chorei na rodoviária quando dei tchau pra eles hoje. Porque a cada porcaria de ano que passa mais certeza eu tenho de que eles são as únicas pessoas que sempre vão realmente se importar comigo. As únicas pessoas que não vão desaparecer.

14 de set. de 2010

e-mail do meu pai:

Esse ano no mês de agosto tivemos 5 domingos, 5 segundas e 5 terças (por isso pensei que ele jamais terminaria). Isso acontece somente a cada 823 anos.

adoro.

*

Decidi que esse apartamento eleva a potência dos sons: a chuva parece pedra caindo e o vento é um coral poderoso.
Muito barulho, essa natureza.
-E eu acordando de hora em hora toda noite.

12 de set. de 2010

Se eu pudesse desaparecer agora, exatamente agora, eu desapareceria.

*
No auge dos meus 19 anos, eu acho que descobri o pior que podia me acontecer e também a pior sensação: querer voltar pra casa e não poder. É uma dor que não dá pra explicar. E faz mais estrago do que qualquer outra coisa que eu já tenha sentido.

8 de set. de 2010

"em casa"

Travei na droga do trabalho, possivelmente faltando uns pouquíssimos parágrafos. Por que nunca vai de uma vez só, sem parar? Um dia vai acontecer, mesmo que fique uma porcaria no final.
Mas como eu queria com todas as minhas forças estar em casa e não aqui eu até agradeço por ter o que fazer.
*
Hoje de manhã, enquanto me trazia, meu pai me perguntou: "E aí, tu já te sente em casa aqui?" Não. Mas eu não tive coragem de dizer, embora eu tenha quase certeza de que no fundo ele sabe. Soltei um "é..." sem muita convicção e um sorrisinho idem.
Eu queria estar em casa.

7 de set. de 2010

all a bore



When I love, I love so big.
It is true.
But when things change, as they do, it’s totally fucking devastating.
Still, that process of life shifting and earthquakes and glaciers and tides and rain falling—that process doesn’t negate what existed before.
I mean, does it?
Love is beautiful and painful and terrifying and insane. It possesses me fully and incapacitates me completely.
Maybe I should love differently.
I really don’t know.
The fact that things fall apart can’t possibly take away from what was once beautiful, right? 
If anything, it does just the opposite.
That’s a hard thing to accept.
I want the good feelings to last forever and the bad feelings to go on and disappear.
But life is all about ambiguity—complexity—not good or bad, but everything in between.
I think I’m still like twelve years old in a lot of aspects.
Anyway, like with everything, I guess it’s not some external thing that’s the problem.
I mean, it’s me.
I’m the fucking problem.
Christ.


Eu acho que as pessoas que fumam imaginam que o cigarro faz passar uma ansiedade que porventura elas sintam. "Preciso fumar", "Preciso de um cigarro", "Meus cigarros acabaram". Mas no fim é ele que gera essa ansiedade - "Preciso fumar", "Preciso de um cigarro". É por isso que chamam de vício.
Maybe I should love differently.
not good or bad, but everything in between
Se 'eu tentei expressar, mas achei tudo uma chatice', ele fez isso por nós. Pro resto da vida no meu pedestal de dois livros.

2 de set. de 2010

why would i lie



a girl whose upper arm read “fiction”
like it might have been typewritten
when I asked her its significance
she said she sometimes took reminding
what she wanted to be doing
whether reading it or writing


Eu estaria feliz se estivesse fazendo qualquer um dos três.

Mas eu disse que o segundo semestre ia ser melhor. E é verdade. Eu só tô sempre preocupada com alguma coisa. Eu só não tenho mais escrito.
Há semanas. O que é verdadeiramente triste. Mesmo. E escrever sem assunto é quase tão útil ou inútil (pra mim) quanto não escrever uma linha e deixar essa foto do Beira-Rio aí (que, convenhamos, é mais digna de aparecer do que qualquer coisa que eu escreva), mas esse blog não tem nenhuma proposta além dessa, mesmo, então, né.

Ano passado, quando eu pegava ônibus em Porto Alegre pra vir pra cá, quase sempre pelo menos um dos passageiros me dava vontade de chegar em casa e escrever sobre ele. Às vezes, alguns até conversavam comigo: a guria da Independência, o cara de sobretudo que ficou falando das impressões digitais, o tatuado com a filhinha linda dele; e, agora, eu mal olho pro lado que não seja o da janela. São as pessoas que vêm pra Canela/Gramado que ficaram menos interessantes (se é que algum dia foram) ou eu que larguei de mão essa coisa de gente?
Aliás, eu não sei por que eu ainda pego as janelas. Com certeza não é pensando em não passar frio, porque o ar vem ali de cima e é horrível. Nem pela vista, porque eu já decorei o caminho de ida e volta sentando nos dois lados do ônibus. Acho que é só pelo conforto de poder ficar sentada esperando todo mundo sair pra depois poder levantar e pegar minha mochila com calma, sem mais ninguém atrás de mim. Deve ser isso.

E amanhã eu vou pra minha praia possivelmente abandonada, esperando por uma semana invertida.
Porto Alegre e a chuva vão ficar muito bem sem mim até quarta, presumo.

20 de ago. de 2010

6 de ago. de 2010

achei demais.

Isn't it so weird how the number of dead people is increasing even though the earth stays the same size, so that one day there isn't going to be room to bury anyone anymore? For my ninth birthday last year, Grandma gave me a subscription to National Geographic, which she calls "the National Geographic". [...] Anyway, the fascinating thing was that I read in National Geographic that there are more people alive now than have died in all of human history. In other words, if everyone wanted to play Hamlet at once, they couldn't, because there aren't enough skulls!

Em homenagem à volta às aulas.

3 de ago. de 2010

se tem um barulho

que eu odeio é o do ponteiro dos segundos dos relógios. Tem um aqui do meu lado agora - que vai parar na minha cozinha em Porto Alegre -, mas mesmo com música eu não consigo deixar de ouvir o tic, tic, tic. Só perde pra barulho de chuva, embora a agonia decorrente do barulho dos relógios seja bem mais sensata. Quem é que quer ouvir o tempo passar, afinal? Independentemente da velocidade, já é bastante ver e sentir.

29 de jul. de 2010

those rocks

Fiz minha matrícula hoje e 1) eu sempre curto muito quando as coisas são menos complicadas do que eu imaginava, mas isso aconteceu tanto nos últimos anos, por incrível que pareça, que eu nem me surpreendo mais - o que eu não sei se é bom ou ruim - e 2) seis cadeiras só, porque não tem nada que eu queira, e eu ainda não me rendi ao fato de que eu vou ter que fazer cadeiras que eu não quero (além das obrigatórias), embora tenha plena consciência disso, tô só adiando, e porque eu pensei em aproveitar o embalo - do quê e eu não sei - e tentar um estágio. Mas já desisti do primeiro que apareceu por pura preguiça de voltar até Porto Alegre pra entrevista, porque eu cheguei de lá ontem, e as férias estão acabando, então dane-se.
Falando em férias, agora eu não me lembro quando - se no ônibus, aqui, lá ou onde -, eu tava pensando em como elas terminaram sem eu ter feito nada. Li uns livros, vi uns filmes, passei frio, dormi até tarde - ou o que eu considero tarde - todos os dias que eu quis ou que eu pude, mas não fiz nada. Exatamente como foi a primeira metade do ano e como promete ser a segunda. Talvez por isso eu tenha pensado e ainda pense em estágio - além do dinheiro, porque qualquer coisa é melhor do que nada ou do que ficar pedindo sempre.
Mas depois eu pensei melhor. Não com relação ao estágio; com relação às férias. Porque é justamente pra isso que elas se propõem: pra nada. Pra pessoa esquecer que existe vida - ainda que o sofrimento de voltar pra ela depois vá ser enorme - e não fazer nada do que não a agrade. De modo que elas serviram perfeitamente ao seu propósito. Porque - e eu fico pasma com isso - eu não dei um passo nesse mês inteiro que não tenha me agradado (tirando o oculista).
Em outros tempos eu até me sentiria culpada por passar tanto tempo em casa fazendo nada, absolutamente nada, mas não mais. As férias foram feitas pra isso: pra eu fazer nada sem sentir culpa, que isso - nada e culpa - já é o resto de todos os meus anos até aqui.
Dói só de pensar em voltar.* Sempre.


*Pra vida.

28 de jul. de 2010

shyness

Eu me lembro de quando eu era criança e tão tímida que sentia vergonha de levantar da minha classe enquanto os outros estivessem sentados, porque fazendo isso eu deixava existir a possibilidade de todo mundo olhar pra mim. Esse tempo quando eu tinha medo de falar com qualquer pessoa que não fosse meus amigos, meus pais ou meus avós. Quando eu achava que esse era o problema que gerava e viria a gerar todos e quaisquer outros que eu pudesse ter. Quando eu achava que, se fosse linda, resolveria esse problema e, por conseqüência, todos os outros que eu pudesse ter. Até hoje eu tenho dúvidas a respeito de até que ponto isso é verdade - até que ponto timidez pode arruinar a infância e a vida de uma pessoa e até que ponto beleza seria solução pra isso, se seria. Ou, pelo outro lado, até onde timidez é ruína? Porque que fique clara a minha preferência por timidez à extroversão, ao menos pra mim.
Hoje essa timidez, apesar de ainda existir, é drasticamente menor, mas, se me perguntassem qual o traço ou o elemento ou o que quer que fosse mais importante na formação do meu caráter e da minha personalidade, eu não precisaria pensar muito pra responder que foi - e é - a minha timidez, independentemente do tamanho dela. O fato de eu ser bicho do mato, mesmo.
Eu tive três turmas diferentes ao longo da minha vida de estudante: a do colégio, a do cursinho e agora a da faculdade, deixando de fora coisas menores. Mas o fato é que em todas foi a mesma coisa. No fundo eu sabia que me conhecia o suficiente pra saber que não havia necessidade de sentir ansiedade ou curiosidade: seria igual. Eu tinha a fantasia de tirar proveito do fato de que estaria entre pessoas desconhecidas pra tentar agir de outra forma - ninguém ali saberia quem e como eu era, então por que não ser outra pessoa? Mas eu descobri que a gente tem características tão inerentes que são quase uma segunda pele, e é impossível livrar-se delas. Eu não consegui ser diferente e o que acontece? O igual. Aquela perede invisível entre mim e qualquer um com quem eu converse, ria ou beba. Um impedimento de aproximação, de fazer surgir qualquer amizade um pouco mais forte, que eu não sei de onde vem. Porque isso não é o que eu sou, por mais distante, sozinha e conformada que eu seja.
Algumas dessas pessoas às vezes aparecem nos meus sonhos, em situações e diálogos inusitados e em situações e diálogos que eu gostaria que fossem reais. Mas não são. Eu mesma não sou a mesma dos meus sonhos. E em algumas noites aleatórias da minha vida eu simplesmente não sei o que fazer com todas essas verdades. Eu poderia chegar pra todos eles e dizer: é verdade que eu sou pouco participativa, distante, que eu falo pouco e que na maioria das vezes eu também pouco me importo com quase tudo com o que vocês se importam muito, mas também é verdade que eu gosto de vocês. E seria verdade. Mas eu não vou. Porque é assim que eu sou. E em algumas noites aleatórias da minha vida eu simplesmente não sei o que fazer também com o que, como e quem eu sou.

16 de jul. de 2010

you don't got a show

Eu seria uma pessoa consideravelmente mais satisfeita se pudesse salvar em um pen drive tudo o que eu escrevo mentalmente antes de dormir e passar para o computador no dia seguinte. Porque as melhores coisas que eu sou capaz de pensar só vêm nessas horas, quando eu não sou capaz de mover um músculo sequer a fim de não esquecê-las. O máximo que eu posso fazer é repeti-las, mentalmente, de novo e de novo até dormir, na esperança de que não se percam. Poucas vezes funciona, e esses pequenos trechos vão para algum lugar do meu sono e dos meus sonhos que eu nunca volto a encontrar. Eu posso me lembrar das idéias e dos assuntos, mas nunca de cada frase, vírgulas e pontos, tal como eu havia montado antes de finalmente dormir. É frustrante.
-
O que eu mais gosto na praia não é o mar, ou a areia, ou os sorvetes que eu não tomo. São as casinhas. Todas pequenininhas e simples e todas bonitinhas, transbordando conforto e aconchego. Com áreas pra redes ou cadeiras, para sentar e ficar ali, conversando no fim da tarde. Se me perguntassem agora o que eu gostaria para o futuro, constatando que eu escolhi a profissão errada, eu diria que, pelo menos por enquanto, gostaria de um trabalho qualquer, que rendesse um salário suficiente para pagar contas e comprar umas roupas e livros, alguém de quem eu gostasse e que gostasse de mim - um sentimento de que eu pudesse sentir a reciprocidade sempre que sentisse necessidade - e uma casinha assim, como as de praia, pequena e simples, bonitinha, transbordando conforto e aconchego. Pelo menos por enquanto.
-
As gotinhas de água da chuva congeladas espalhadas pelos galhos sem folhas da árvore na frente da minha casa: mesmo em um dia como hoje, é lindo: parecem bolinhas brancas de natal em miniatura efeitando toda a copa. Eu boto o rosto para fora, e o ar gelado que entra pelo nariz quando eu respiro fundo refresca todo o meu corpo. O dia cinza fora de foco em que qualquer fotografia parece tirada em preto e branco, o frio, a chuva, a cerração, o céu branco, tão branco que dá para imaginar-se na cegueira do Saramago. Mesmo que eu nunca me sinta aquecida o suficiente e sinta raiva por isso, eu não consigo não achar lindo. Cada detalhe do inverno. Sublime em sua elegância. Coisas que verão algum jamais terá.

14 de jul. de 2010

achei que meu pai fosse deus

Tá frio demais nessa cidade, de um jeito de que eu não me lembrava mais, quando a pessoa não consegue não sentir frio nem dentro de casa, com um monte de roupas quentes, luvas, fogão à lenha e lareira - e ai de quem não colocar lenha e deixar apagar. Meu quarto e o computador são quase insuportáveis, porque o calor não chega aqui em cima, mas, se eu não escrevesse nada agora, não escreveria mais.

Tem várias histórias inusitadas, esse livro. Coisas que não acontecem com a gente, é de se pensar. Sonhos, sortes e azares que possivelmente eu nunca vou ter. Mesmo assim, 390 páginas depois, só consigo lembrar de duas na íntegra: Bailarina e Tristeza mediana. Eu transcreveria partes das duas aqui, se não fosse me dar muito trabalho, porque elas falam por si mesmas - muito melhor do que eu seria capaz de fazer.
Tristeza mediana é a última do livro, e eu tava nos últimos parágrafos quando o telefone tocou: um cara falando de uma promoção, porque dia dos pais, "é da casa do Ricardo?". Não entendi nada. Só disse que sim, aham, obrigada, boa tarde, tchau. Por que nos últimos parágrafos? Não poderia ter esperado cinco minutos, até eu terminar de ler? E por que eu atendi, afinal? Isso só comprova minha teoria: não tô afim de atender, não atendo; se for importante, ligam duas vezes.
Desde que eu comecei a ler o livro, eu me perguntava sobre que história eu contaria, se fosse mandar uma. Até agora eu não sei. Então fiquei contente com essa última, apesar de ter sido indignamente interrompida. Ameni Rozsa, o nome dela. E ela fala de um assunto que eu domino bem, embora sempre desaprenda.

Uma vez mais, comecei a pensar no tempo sozinha como algo a gastar ou jogar fora, em vez de algo ao longo de cuja extensão eu pudesse me espreguiçar. [...] Não tenho golpes de sorte súbita ou tragédias incríveis. Tenho apenas uma tristeza mediana.


*

Dois já foram. Mas tem mais.

9 de jul. de 2010

here comes a feeling you thought you'd forgotten
chairs to sit and sidewalks to walk on

7 de jul. de 2010

curto.

E eu podia sentir muita raiva de mim por isso, se não fosse tanta perda de tempo quanto é se preocupar.
-
Agora, nas férias, que eu não vejo mais ninguém, eu corto o cabelo. Curto. Desde o ano passado eu vinha em um processo - meio consciente, meio inconsciente - de encurtar meu cabelo e, a cada vez que eu cortava, diminuía um pouco mais que da última vez. E foi o que eu fiz  hoje, de novo, deixando ele acima dos ombros - ou exatamente sobre os ombros. A verdade é que eu sempre tive medo de mim de cabelos curtos, mas mesmo assim nunca consegui descartar a idéia. Curti. E eles sempre vão crescer de novo, afinal.
-
Eu não sei o que qualquer livraria tem que, uns minutos depois de entrar, consegue fazer eu me sentir tão à vontade. Acho que é meio pelo ambiente, que eu sempre tive - ainda tenho - a vontade de reproduzir em casa, ainda que diminuído. Umas prateleiras ou estantes cheias com meus livros, revistas, eventuais cds e coisas, tralhinhas pequenas de que eu gosto. E não pra ser exibido a quem ainda mais eventualmente me visitar; por pura satisfação estética, mesmo. Pelo mesmo motivo por que eu quero um pufe: curto.

3 de jul. de 2010

uma delícia

A idéia de passar uma semana toda em casa me dá uma sensação boa. De finalmente tranqüilidade. E tempo livre de verdade. Porque, sim, eu tinha todas as tardes livres em Porto Alegre, mas não é a mesma coisa. Aquela cidade me tranca, às vezes. Tanto que eu passei um semestre inteiro com tempo de sobra e não fui capaz de terminar um livro sequer. Agora comprei mais três, só de teimosa. E já tô quase na metade do primeiro. Minha casa me convida a ler. Meu apartamento não. Coisas da vida.
E voltar a ler foi quase como voltar no tempo. Porque é um prazer. É uma coisa que eu curto tanto, tanto, mas que não consegui fazer esse tempo todo. Não por falta de tempo ou vontade, como eu já disse, mas, sei lá; o fato é que eu não lia e ponto. E, enfim. É outra sensação boa. Estar de volta ao lugar onde eu mais gosto de estar, na maioria das vezes: nas histórias e na imaginação e na vida de outras pessoas.
E reencontrei uma pasta cheia de músicas que eu não ouvi. Ainda. Prato cheio pra quem precisa reformular o ipod.
Uma delícia, isso. Férias, livros não lidos e músicas não ouvidas.
Duvidar até me presto a terminar a história que eu comecei no outro blog.

29 de jun. de 2010

círculo vermelho

Um professor que eu queria ter a oportunidade de ter precisa de três esses: seriedade, sobriedade e sabedoria. Sem entrar naquele papo de inteligência, porque isso é relativo.
E até hoje, com os três de fato, ninguém. Só a velha Anita, do inglês, mas essa é um caso diferente. (Agora que eu não faço mais aula, bate uma nostalgia sempre que eu me lembro da Anita.) O resto, apesar de eu já ter gostado muito de alguns, é balela, e eu sofro com isso. Acho triste 'aprender' com quem não se digna a 'ensinar'. Mas ok, é a vida. E eu me conformo fácil com ela, apesar de tudo.
-
Taí uma coisa de que eu ainda não tinha me dado conta. Lá em Canela, eu tinha vários hábitos noturnos. Coisas que não me deixavam dormir se eu não fizesse antes, além de escovar os dentes. Conferir o despertador, ter um copo de água do lado e ouvir pelo menos uns cinco minutos de rádio, fosse a música que fosse. Vim pra cá e mantive os dois primeiros, mas esqueci o terceiro, que - só agora eu me toquei - tá fazendo falta. Vou providenciar para que o trambolho que eu chamo de rádio seja trazido pra cá o quanto antes. Não que agora vá adiantar alguma coisa, sendo que nas férias eu tô indo de volta pra lá (lá e cá, that's my life), mas ainda assim. Não sei como eu passei um semestre inteiro sem perceber. Porque, sério, ipod, nesse caso, não é a mesma coisa - nunca seria. Ouvir rádio antes de dormir é tão calmante quanto chá de camomila. Qualidade de vida.
-
Na frente de um prédio por aqui, quase do lado do meu, tem um círculo vermelho pintado na calçada. Toda (e quando eu digo toda, pasmem, eu quero dizer toda) vez que eu subo a rua eu olho pra esse círculo - muita gente talvez nem note, mas eu notei e não consigo não olhar pra ele quando passo - e me lembro de É Tarde Para Saber, do seu Josué. Cara, é triste. É pisar ali e me vem à cabeça a história inteira, o código dos dois, o filme que a gente fez, os capítulos que eu pulei quando li o livro e por aí vai. Não que seja ruim lembrar disso de vez em quando. Mas todo dia? Preciso de novas referências para círculos pintados em calçadas.

28 de jun. de 2010

bonequinhos

Se tem uma coisa de que eu aprendi a gostar meio na marra, por morar em Canela, é o festival de bonecos. Desde criança meus pais sempre deram um jeito de me arrastar - e eu achava tosco, não entendia a graça que tanta gente via em fantoches. Ainda hoje acho difícil explicar como uma pessoa mexendo a mão dentro de um boneco - ou às vezes nem isso - consegue dar vida pra coisa de tal maneira que faz a gente se emocionar. Mas o caso é que é assim. Eu não faço publicidade e não quero fazer propaganda, só deixar claro o quanto vale a pena pagar o ingresso - embora até hoje eu sempre tenha ganhado cortesia, hah.
Esse ano eu vi dois: Contos Pequenos (Hugo e Ines, dois peruanos que montam os bonecos com partes do corpo, inclusive a barriga) e Suspended Animation (Phillip Huber, marionetista, novidade e vencedor desse ano - o ponto alto foi ele agradecendo à platéia que não entendia e a apresentadora traduzindo as frases do cara pela metade).
Mas não é deles que eu quero falar. Nem de nada, na verdade, porque eu não tô afim de escrever. Só quero deixar minha admiração por um cara a que eu assisti ano retrasado, acho (esse ano só uma palhinha e depois de relance, no encerramento :~), e que, pra mim, é melhor que o resto todo junto:

El Titiritero de Banfield.
Curto muito.
Ano que vem vai ser o primeiro ingresso de que eu vou ir atrás. E com antecedência.

26 de jun. de 2010

oh, there are rocks
they will always hold in the sea
and erosion can't stop their being
oh, no currents can defeat them
and I am thankful for the love
these rocks have always given
and although
this boat is steady now
one wave can pull me under
and I'll be stranded out at sea
and I'll pray that those rocks
will be there for me

24 de jun. de 2010

meu apartamento tirando uma com a minha cara:

Acordei de ressaca, proporcionada pelos amados bixos que pagaram cerveja a noite toda, e fui direto tomar banho. A água do chuveiro não esquentou. Fui até o fogão me certificar de que tinha gás. Tinha. Então eu me vesti e fui até o Zaffari, pra comprar pilhas novas pra droga do junker. Porque, se tinha gás, só podia ser esse o problema. E comprei também coca e amanditas, porque eu tava precisando ingerir os dois. E eu devia estar com uma cara mesmo ótima, porque todo mundo me olhava esquisito. Voltei, troquei as pilhas, me desvesti de novo e nada do negócio funcionar. Desisti. Tomei um banho provisório no outro banheiro, no chuveiro elétrico, que foi estrategicamente instalado na frente do vaso, é ótimo. Ao menos serviu pra lavar o chão. Me vesti de novo, fui fazer meu almoço e no meio - ah, agora sim - acabou o gás.
Se esse apartamento tivesse vida e falasse, hoje a gente ia brigar.

*

because I lololololove you and I nananananeed you and I wawawawant you to be mamamamamine

Que coisa que fica na cabeça, tchê.

18 de jun. de 2010

na rua

Sabe qual é a melhor coisa de morar onde eu moro?
É poder andar menos de meia quadra pra comprar um livro pra ler na rua quando se está trancado fora de casa porque levaram a chave embora.

"É que eu fiquei trancada fora de casa, aí tinha que achar alguma coisa pra fazer enquanto espero."
O tio da Palavraria se divertiu: "Hahaha, é, aí dá pra ficar lendo sentado na calçada, embaixo das árvores, isso aí!"

Curto demais esse Bom Fim.

11 de jun. de 2010

um dia longe de casa

Eu não terminei nada. Eu não li nada. E não fiz lista nenhuma e muito menos fiz o que eu poria na lista pra fazer. Porque ontem eu fui beber. E foi só o que eu fiz das quatro da tarde às oito da noite. O que é muito melhor do que fazer o que eu tenho que fazer. Eu não me levo a sério, não adianta.
Não que eu queira. Me levar a sério. Nem pensar.
Mas eu escrevi.
Não o que eu tinha em mente, ou o que eu deveria escrever (oi, Tânia. oi, Virgínia), mas escrevi. Uma história. Há muito eu não tinha idéias para histórias. É sempre bom aproveitar quando elas aparecem, uma vez por ano. Mas falta, hum, aprimorar, explorar melhor o assunto. O que não vai ser feito tão cedo (oi, Tânia. oi, Virgínia).

7 de jun. de 2010

obra de arte digna de post:











Risos.
-
Curti muito meu feriado e queria mais.
Eu tenho cinco provas e três trabalhos e era isso.
Eu quero começar a fazer uma lista, todos os dias de manhã antes de começar a vida, com tudo o que eu irei fazer no dia. E fazer. Né?
Eu quero voltar a ler.
Não, eu vou voltar a ler.
Eu quero escrever mais e não postar.
Eu preciso de idéias pra três páginas sobre ética.
E, hoje, eu vou terminar minha matéria de Canela, que tá uma bosta, mas ok.
-
Tava pensando que eu não sei quantos/quais dos meus colegas também moram sozinhos aqui. E tava pensando também que, apesar de eu achar um saco ir no supermercado, e apesar de bater uma solidão de vez em quando, é bom. Cuidar do apartamento e tal. Cozinhar de vez em quando. Alugar filme na esquina a qualquer hora. E não ter ninguém em volta com quem se incomodar - porque eu prefiro me estressar com problemas no chuveiro a me estressar com pessoas. Mas eu decidi que quero um gatinho.
'Porque tem lugar pra caixinha de areia e porta de correr e porque assim eu nunca vou me sentir sozinha.'

1 de jun. de 2010

abraço, então.

Eu não sei se eu tenho que dar atenção pra um abraço recebido antes da gravação de um stand up (hahah), mas foi legal. Quero dizer, já passaram mais de dez horas e eu ainda não esqueci. É alguma coisa.
Mas nada - nada - supera o do meu último dia de anglo. Esse vai pra sempre em um lugar único no meu coração. Risos, mas é sério. Ou pelo menos pra mim, pra quem abraços não são uma coisa corriqueira - bem longe disso. Mas eu prefiro assim, justamente porque é assim que eles mais se tornam alguma coisa de fato especial. Na vida.

31 de mai. de 2010

homesick

Ano passado, no pensionato, era diferente. Eu acordava de manhã, estudava alguma coisa, ou dormia até às onze, passava a tarde na aula, voltava, comia e estudava, lia ou via tv. Eu não tinha meu banheiro e minha cozinha, mas eu me consolava com a certeza que eu tinha de que, esse ano, quando tivesse um apartamento, eu me sentiria melhor - algo mais próximo de "casa". Era um conforto emocional.
Às vezes eu dormia fora, às vezes ficava aqui nos finais de semana - mas em quase todos eles eu voltava pra Canela.
Esse ano, com apartamento, eu tenho meu banheiro e minha cozinha. Tenho minha casa. Mas não é minha casa.

Só agora eu li.

Mas não adianta. O Bom Fim não é o Remanso e a Felipe não é a Saint Pastous.

- O que tu tens, guria?

Mas, no meu caso, não é nem só saudade, já que eu posso voltar quando quiser. É a sensação de estar fora do lugar, fora do tempo, como se a vida que eu tenho aqui, em Porto Alegre, não fosse realmente a minha.
Como se isso fosse possível.

*

John's voice is so beautiful, singing, "Hold on, John. John, hold on. It's gonna be alright."

29 de mai. de 2010

mas não são eles.

Sou eu.
que tô sempre esperando.
o que não vem e o que nem existe.

E passar na frente dos lugares e pensar nas coisas que a gente poderia ter feito e não fez. E sentir falta dessas coisas que nem aconteceram. E ver o mesmo filme trinta vezes. E sempre acabar igual. Quando a gente vai aprender?
E quando eu vou aprender.

26 de mai. de 2010

Eu quero rir.

24 de mai. de 2010

Não é que eu não gostasse da escola, quando eu era bem pequena, hoje eu vejo que eu só não me sentia tão bem lá naqueles tempos. Eu era uma criança inocente, pura mesmo, sem qualquer tipo de maldade. E tímida. Eu respeitava meus colegas e todas as outras pessoas e só esperava isso de volta também: respeito. Às vezes eu tinha, às vezes não.
Mas eu esperava o ano inteiro pelo Natal e pelas férias, quando meus tios e meus primos iam pra Canela também, na casa dos meus avós. Eu botava minhas coisas em uma malinha e ia pra lá também, pra poder brincar com eles. Todos os dias o dia inteiro enquanto eles estivessem lá. Ainda hoje eu acho o pátio da casa da minha vó enorme: quando nós éramos pequenos, era ainda maior. Nós brincávamos de pega-pega, esconde-esconde, elefante colorido, e tinham os cachorros, a égua do meu vô, a rede na varanda, o balanço da árvore. E se chovia tinham os quebra-cabeças, os jogos de memória, baralho, os filmes e desenhos e as revistas que nós pintávamos com um monte de canetas coloridas.
Não era de praia que eu gostava no verão, era disso.
Mesmo durante o resto do ano, eu passava todos os finais de semana lá, na casa dos meus avós. Ia sexta, depois do colégio, e só voltava segunda, antes do colégio. Eu poderia citar aqui outro monte de coisas que eu fazia lá, mas a única coisa que importa é que a minha vó, nessa época, era tão ou mais presente e importante que os meus pais.
Eu tenho dificuldade de identificar, hoje, o momento exato da minha vida em que eu parei de passar os finais de semana inteiros lá. Eu cresci e me afastei. Meu vô morreu. E hoje ela já não é a mais a mesma, e eu, aqui em Porto Alegre, tenho tido cada vez menos contato. Mas eu não esqueci. Eu nunca esqueceria e nem poderia. Sequer teria como. E meu irmão e meu pai me acusam de não me importar. Muita gente me acusa disso. Gente que nem me conhece - literalmente. E eu tenho plena consciência de que o desfecho dessa história vai ser o mesmo da do meu vô: eu não vou dizer, enquanto ela ainda tá aqui, o quanto ela significa. Porque eu não consigo. É mesmo demais pra mim.
Eu fico imaginando e não consigo assimilar como uma pessoa só pode ter tanto amor dentro de si por tantas outras pessoas. Pelo marido que já foi, pelos filhos, pelos netos e até pelas noras. Por mim.
Eu tenho dúvidas quanto ao meu merecimento de todo esse amor e de todo esse zelo. Porque eu não fiz nada mais pra isso além de simplesmente nascer. E nem fui eu que fiz isso.
Mas eu me importo. Eu amo. E às vezes tanto que fica difícil agüentar.

19 de mai. de 2010

.

Meus objetivos profissionais - três linhas elaboradas em cinco minutos - são "adequados", veja você.
Quer dizer o quê? Que eu escrevi direito ou que eu não sou nada pretensiosa/ambiciosa?
Aposto nos dois.

15 de mai. de 2010

sofá

A mudança grande chegou, como diria o Renato.
Não sei se a mudança grande, mas agora eu tenho sala e, nela, o melhor sofá da minha história.
-
Eu tava com três e-mails que eu tinha que responder na cabeça desde semana passada e só hoje eu criei vergonha. Mas agora a sensação de tranqüilidade é tanta que, depois que eu ler os dois textos que eu tenho pra ler, eu acho que vou ser capaz de esquecer que faço faculdade.
-
Ou não. Porque eu também tenho que escrever dois textos: um com o tema de espelho, pro clube, e o outro sobre Canela, pra uma revista de Canela. Três, na verdade, mas no terceiro eu ainda não quero pensar. Fora um esquema em uma escola que parece que rende um certificado, se eu participar.
E essa sou eu fazendo currículo.
Risos.
-
Vou lá curtir meu sofá.

10 de mai. de 2010

chuva.

Eu já disse isso, mas chuva assim, especialmente como hoje, me deixa nervosa. E ansiosa. Não só pelo fato de que, mais cedo ou mais tarde, eu vou ter que sair de casa e ainda vai estar chovendo. Eu não sei bem por quê. Mas eu não gosto. Poderia ser, além disso, algum sinal dos bons sentimentos que eu ainda conservo. Todo aquele papo das pessoas que moram na rua e tal. Mas não. No caso da chuva é um lance completamente egoísta, mesmo. Eu não quero andar na chuva e me molhar. Não gosto. Nem durmo direito quando chove. Ponto.
-
Me livrei de um trabalho. Agora são só mais seis. Por enquanto. E um dos quais eu deveria estar fazendo agora. Porque, né, responsável que eu sou estabeleci meu próprio prazo: até sexta. E ai de mim se não terminar. Queria entrar de novo na onda do final do ano passado, de só estudar e fazer as coisas, mas... Ah. Alguém em algum lugar deve me entender e compartilhar das mesmas preguiça e procrastinação e da mesma sensação de fazer coisas sem ter certeza se elas valem realmente a pena. "A pena". Porque é uma pena, né. Tão grande. Ler.
-
Eu preciso me lembrar de escrever duas coisas.

7 de mai. de 2010

but I was blessed with bad eyes

lixo

E daí que um dia o cara lá perguntou se alguém era capaz de chegar em casa e ficar pelo menos dez minutos parado, sem ligar tv, rádio, computador. Eu e mais uma levantamos a mão, pelo que eu consegui ver. E não sei ela, mas, mais do que dez minutos, eu sou capaz de ficar horas assim. Deitar na cama ou no sofá e ficar só pensando, divagando comigo mesma. Sobre a vida, sobre a minha vida, sobre as aulas, sobre o que eu leio, sobre Porto Alegre, sobre Canela, sobre a minha família, sobre o mundo, sobre as pessoas. Sobre qualquer merda. E é uma coisa que eu sempre vou duvidar que as pessoas façam. Eu duvido que elas realmente parem pra realmente pensar. Porque, se fizessem isso, e se fizessem direito, talvez eu sequer estivesse aqui agora - porque as coisas seriam diferentes. E disso eu não duvido. Mas a gente não pára. Eu tenho meus motivos pra isso, atualmente. Um: eu tenho que ler e fazer trabalhos, mesmo que eu não queira. Dois: se eu fizesse isso sempre, de parar e só ficar pensando, eu não sei o que aconteceria. É coisa demais pra perceber. É coisa demais diante do que ficar completamente impotente. E ficar impotente diante de qualquer coisa que se gostaria de poder mudar, do fundo do coração, não dá pra agüentar assim de boa todo dia.
Tem várias maneiras de se constatar que o mundo e a vida são uma merda. A corrupção é uma. A ignorância é outra. Mas, pra mim, a pior delas passa longe disso.
Eu fico quase paralisada, nas quintas, quando eu volto do Clube de noite. Eu fico imaginando a sensação de abandono, de solidão, de vazio, de tudo isso junto - de uma palavra que eu descobri não existir - das pessoas que dormem na rua, entre sacos e cobertas também só com sacos. Amontoadas. Muitas vezes parecendo só mais um saco.
Lixo é uma coisa que nos incomoda. Só pelo cheiro na hora de fechar a sacola e deixar na frente de casa. E quem não tem nada além disso?
Quando o ser humano é capaz de confundir alguém da própria espécie com lixo, constata-se que, sim, o mundo e a vida são uma merda. E a gente mais ainda.
E se eu, que tô me lixando pra todas essas 'ferramentas virtuais', já não paro pra ficar pensando, eu imagino quem usa. O mundo foi feito pra quem perde tempo. E quem é que não perde? Dá nem pra reclamar.

4 de mai. de 2010

encheção.

Faz algum tempo já que me mandaram essa música, Welcome Home, Son, do Radical Face, mas eu nunca tinha ouvido o resto do cd, Ghost. Porque eu e música até andamos juntas, mas só depois que ela vem até mim. Raras são as ocasiões em que acontece o contrário. Um péssimo hábito adquirido principalmente por preguiça e falta de paciência que eu deveria pensar em mudar, mas não sei, porque ando pensando em outras coisas agora - e elas me parecem bem mais urgentes. (Embora não sejam, hah.) Mas enfim. O caso é que a idéia do cara é simples, mas eu achei tri boa. Ele fez o cd 'com base na idéia de que as casas podem guardar as histórias que aconteceram nelas'. E aí cada música é uma história e tal. E é muito bom de ouvir.
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Baixei também um do Iron and Wine (The Creek Drank the Cradle), que é melhor ainda (pro meu gosto, deixando claro) e que a gente ouviu na praia.
As listas da praia. A praia. Vazia. Eu queria não ter saído de lá segunda. Queria ter ficado sem data pra voltar. Porque a vida aqui, francamente, não vale o esforço de sair da cama de manhã. Não vale nada. E muito menos a fabico e seu desespero. Mas pro bem da minha saúde eu prefiro não pensar a respeito. Prefiro ficar aqui só ouvindo as musiquinhas. Bem de buena. (:
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Tô quase chutando o balde e esvaziando o ipod. Começar do zero e por enquanto só com os cds que eu baixei aqui. E azar.
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E eu que tanto falo tô aqui me adiantando no próximo trabalho das imagens. Mas só porque é este o meu consolo: quanto mais cedo eu me livrar, melhor: mais tempo pra não precisar perder com essa encheção.
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three minutes of silence on the radio
it's the best damn gift for everyone

27 de abr. de 2010

um dia bom

Qualquer um pode esquecer um marca-texto aberto em cima da cama e manchar o edredom novo. Acontece nos piores dias.
Mas não é qualquer um que consegue esquecer um marca-texto aberto em cima da cama duas vezes no mesmo dia, em menos de duas horas, e manchar o edredom novo - duas vezes. Acontece comigo. Nos melhores dias.
Dos piores eu nem sei.

24 de abr. de 2010

prova

Acho que só eu não vou estudar direito pra essa prova. Do mesmo jeito que parece que só eu não me prestei a fazer direito o trabalho de teorias da imagem - mal li os textos. Adoro que, quando eu digo isso, as pessoas ficam paradas, meio mudas, tentando não esboçar nenhuma reação, mas claramente pensando algo do tipo "oi, tu tá na faculdade agora. não tá nem aí? louca". Pois é, eu tô na faculdade agora, né. E pois é, se pá não tô nem aí. Digo, não pra faculdade em si. Claro que não. Mas é uma mão explicar o porquê de eu não me importar com metade das coisas com que quase todo mundo se importa. Às vezes eu me fodo, às vezes não. É a vida.
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Fui pra Gramado visitar minha vó no hospital hoje. O mesmo em que eu nasci, inclusive. E tem um lugarzinho na rua, ali na frente, com uns bancos de madeira e umas árvores, que tem uma vista pra cidade. Dá pra enxergar uns prédios, a igreja e aquele monte de luzinhas das casas. E a cerração por cima. E a melancolia da serra.
Gramado é mais simpática à noite. E assim, vista  meio de longe.
E não é manha de canelense, não. É  verdade.
Talvez todas (as cidades) sejam assim.
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Tô com um problema de viajante: que roupas de inverno levar pra Porto Alegre segunda? Será que já precisa? E lençol térmico? Porque quando não convém eu sinto frio demais. Quando não me convém faz frio demais. E é justamente nessas horas que eu não tenho minhas roupas quentes e meu lençol térmico.
E essa última frase ficou meio redundante, levando em conta as anteriores a ela, mas ok.

20 de abr. de 2010

earthquakes and glaciers and tides and rain falling

When I love, I love so big.
Se em algum mês eu chegar a ser a presidente daquele clube - e eu espero que isso não aconteça, mas ok -, esse vai ser meu autor.
Eu não acredito que pessoas sejam passíveis de idolatria - eu não tenho ídolos -, mas palavras, e atitudes muito mais que palavras, sim. As pessoas são passíveis só de admiração, e mesmo assim é complicado. Mas alguém que exponha a própria vida em um livro, construindo frases e parágrafos de forma ao mesmo tempo veemente e natural e que poderiam tranqüilamente ser referentes à minha vida ou à de tantos outros no mundo, merece, no mínimo, respeito.
Por mais complicado que possa ser, eu aprendi que eu consigo, sim, me desvencilhar de alguém; a dificuldade maior fica por conta de não "vencilhar". Eu não sei me envolver pela metade ou parcialmente. Ainda que eu não exponha, eu não sei não sentir. Saudade, carinho, tesão, preocupação, raiva, o que for.
Não sei se é possível a comparação de sentimentos com instintos, mas sim, se instintos são tudo aquilo que não depende da vontade, que não é possível controlar; se a única coisa que se pode fazer, a partir do momento em que eles estão agindo, e depois de vivê-los, é esperar passar.
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O que é uma imagem?
Imagem é imitação?
Melhorei minha relação com essas aulas - já era tempo -, apesar de ainda achar muita coisa por nada. Tempestade em copo d'água, mesmo. Mas pretendo passar todo o resto do dia respondendo essas duas perguntinhas infelizes, porque é o que me resta. É o que tem pra hoje.

19 de abr. de 2010

:~

Se nem o blog eu atualizo mais, com alguma decência, como podem esperar que eu use twitter?
-
Ganhei pinhões. Será que eu sei cozinhar pinhões?

13 de abr. de 2010

Dizem que só quando nos tornamos pais é que aprendemos a ser filhos e só quando nos tornamos avós aprendemos a ser pais. E o que sobre ser neto?

Quando se cresce com os avós por perto, tem-se a falsa ilusão de que eles são eternos, de que vão estar sempre ali, tomando chimarrão. O dia de uma possível morte parece muito mais distante do que é de fato. Meu avô podia ter muitos dos defeitos comuns à maioria dos velhos, mas era aquele que me levava aonde fosse preciso, que andava a cavalo comigo, que dizia as coisas simples e sábias que os velhos dizem, com aquela entonação característica que eu nunca mais vou esquecer. Lembro de como ele tamborilava os dedos no braço da poltrona enquanto assistia à televisão, do som que faziam o deslizar de um dedo depois do outro e as batidas deles no couro da poltrona. Do ritual antes de dirigir: ligar o rádio, ajustar o retrovisor, pentear o cabelo, guardar o pente no bolso da camisa. De um monte de detalhes assim. Então ele morreu, e aquilo tudo pareceu natural. Na verdade, eu sequer me dei conta disso na época. Eu não disse nada. Eu não vi nada. Eu não senti nada. Eu só fui descobrir o quanto meu avô significava um ano depois de ter ido ao velório e ao enterro.

"Não chora."

*

É antigo já, mas eu não podia abandonar.
Acho triste a gente passar tão pouco tempo com as pessoas que mais sabem da vida. Eu tinha 15 anos recém completados quando ele morreu. E o que eu era com 15 anos? Eu queria conversar com meu vô hoje. Nem que fosse sonhando. E falar da vida num lugar tranqüilo.

9 de abr. de 2010

dilemas

Voltei a ter aula nas sextas, o que é triste. Mas é homem, o professor novo, o que é bom. Nada contra as professoras, mesmo porque eu me obriguei a rever meus conceitos a esse respeito esse ano, mas, né, é bom pra variar.
Apesar de ele ter me/nos mandado fazer um twitter.
E eu até concordo.
Mas eu não tenho.. hum, desenvoltura pra usar o twitter.
-
Decidi que, se eu pretendo ler essas coisas todas, não pode ser na cama, ou eu vou dormir/deitar, mesmo com uma jarra de café do lado. Mas isso me deixa com problemas, uma vez que eu não tenho um sofá ou uma poltrona ou uma mesa com cadeiras ou qualquer outro lugar pra sentar. Além das cadeiras de praia. E disso aqui, onde tá o computador, mas aqui o problema é a iluminação - a falta de. Como faz?
-
Adocei demais essa droga desse café.

7 de abr. de 2010

gripe

"Signo? Tipo, do zodíaco?"
Adoro gente que fala a minha língua.
E eu estou rouca demais.
E a cada dia eu consigo uma desculpa nova pra não ler meus polígrafos.
Aliás, quando meu padrinho me entregou a pilha, ele disse o seguinte: "Espero que sejam úteis pra ti, porque pra mim não foram." Sábio, ele. E eu decidi que, se o caso for, vou passar a frase adiante.

6 de abr. de 2010

Tá,

existe a chance de não ser feliz em Trancoso como existe a chance de não ser feliz em qualquer outro lugar. Porque blá blá blá, eu sei. Eu desisto. Eu não vou discutir felicidade sozinha/comigo mesma. Seria aquela piada dos carecas brigando pelo pente.
Vou ler.

signos

Tomei um leve banho de chuva de manhã, porque em Porto Alegre só chove quando eu digo pra mim mesma que não, hoje não vai chover. Tudo pra assistir a uma aula que eu sou sincera em dizer que não entendo, não faz o menor sentido pra mim. Mentira. Faz. Mas é o menor possível. Signos e objetos e imagens e representações e etc. As pessoas devem curtir. Porque é legal. Mas eu não tenho sensibilidade pra ficar teorizando, imaginando e discutindo uma coisa que pra mim é o que é e era isso.

Era uma sensação esquisita, enquanto eu voltava pra casa. Que eu não gostava nem desgostava. Era só uma sensação vazia. De olhar pra minha vida, pras pessoas que fazem parte dela, pras coisas que eu tenho que fazer, pra tudo que é hoje e pra o que quer que seja daqui a dez anos e não ter reação nenhuma. Nada além de "ah". Só uma sensação vazia.

Depois tranquei três vezes na porta giratória da Caixa. Porque eu tinha uma arma na bolsa e pretendia assaltar a agência. Não rolou. :~

*

Eu li ou vi qualquer coisa na tv sobre uma família dona de um restaurante em Trancoso. E deduzi que, se eu já sou feliz, na medida do possível e do meu jeito meio torto, com a vida que eu tenho aqui, eu seria uma pessoa plena no lugar dessa família. Não sendo dona de um restaurante - até porque não seria um restaurante, seria um pretenso restaurante que em seguida faliria -, mas, sei lá, de uma pousada. Conhecendo gente o ano inteiro em uma praia linda e ganhando dinheiro com e para isso. Será que sequer existe a chance de não ser feliz assim?

*

Eu fico, às vezes exaustivamente, imaginando as coisas. Antes de elas acontecerem.
Eu fiquei imaginando como seria a semana em Porto Seguro antes de a gente viajar. E fiquei imaginando como seria o Anglo antes de as aulas começarem. E como seria morar sozinha. E como seria a minha matrícula na Fabico, e depois como seria o trote, e depois como seriam a rotina e as aulas.
E é sempre pior ou em algumas felizes vezes melhor ou simplesmente diferente do que o que eu tinha imaginado. Nunca como eu tinha imaginado. Até há muito pouco tempo.
Eu me sentia boba, ano passado, por querer certas coisas. Mas mesmo assim eu imaginava como seria. Como eu gostaria. De companhia pras coisas mais insignificantes. De ir ao mercado ou à rodoviária a só conversar. De andar por aí a beber ou a fazer nada em casa ou a ouvir música ou o que fosse. Qualquer coisa dessas, bobas, completamente cotidianas.
Mas aconteceu.
Exatamente como eu imaginava.
Exatamente como eu imaginava e depois me sentia idiota por querer coisas que não eram possíveis.
E, sim, grande coisa. Mas é bom. Assim como também é bom conseguir imaginar certo, de vez em quando, mesmo que o certo seja mais obra do acaso do que da minha experiência em 'imaginar certo'. Considerando que seja possível imaginar certo e a imaginação coincidir com a realidade.

Eu riria se alguém me contasse de março de 2010 enquanto eu ainda estivesse em março de 2009. Eu riria e não acreditaria.
Hoje eu rio de mim em março de 2009*. Achando que aquilo era bom. Sem saber o quão melhor podia ser.

*

Tenho todas as tardes à exceção de segunda oficialmente livres agora. O que significa luta diária: ler x dormir. Quero ver eu conseguir optar pelo primeiro. Quero ver eu conseguir optar pelo primeiro e não desistir no meio, derrubando os polígrafos, ajeitando a cabeça no travesseiro e puxando o cobertor e tirando os óculos e esquecendo da vida. Haja café. E a vontade que eu vou tirar ainda não sei de onde.



*Não que março de 2009 tenha sido ruim. Pelo contrário. Mas basta ter algo à altura com que se comparar pra qualquer coisa diminuir drasticamente de tamanho. E é triste, isso, mas.

3 de abr. de 2010

Eu não sei.

2 de abr. de 2010

so lazy

and when I look to the shape of the sky
I give thanks for this hollow chest of mine
that I no longer feel
the great weight of ordeals
that can make this life so unkind


Eu passei boa parte do dia pensando nisso. Em ser so lazy. Em por que eu sou so lazy. E cheguei à conclusão de que o problema mesmo não é a preguiça. Ela é só conseqüência do fato de que me falta ânimo. Ânimo com a vida. Ânimo pra viver e fazer as coisas todas que eu tenho fazer - ler polígrafos, fazer trabalhos, visitar museus, ir ao supermercado. Eu faço essas coisas, mas sempre com um peso tão grande. Muito maior do que deveria ser. Porque não existe o que me motive. "Vou estudar para..." Todo mundo completa uma frase dessas. Eu não. Ou pelo menos não com verdade. Digo, vou estudar e me formar e trabalhar e ganhar dinheiro pra pagar as contas, espero. Mas e daí. Eu não quero isso de verdade. Eu não quero nada de verdade. Profissionalmente. Tudo que eu possa imaginar nesse sentido é sempre abstrato, quase surreal. Mas não tem como viver 'levando e depois eu vejo o que acontece'. Eu sei lá como se vive. É foda.
"Sonhar."
Eu levo tempo demais até pra entender.
-
Um pedaço da sola do meu all star descolou no calcanhar. Ê.
so lazy.

pragas

Eu devo ser a única pessoa que consegue rogar praga pra si mesma. Foi só falar em quase não ligar mais o computador, que a vida encarregou-se de me deixar sem. Por uma semana só, mas ainda assim. A ironia é a pessoa se importar com isso e depois ver que, afinal de contas, não fez a menor diferença.
-
Não lembro quem foi que disse essa semana que "cansei de brincar de ufrgs", hah. Mas, pois é, eu também. Já.
-
Eu tô preocupada. Começando a pensar em ficar preocupada de verdade, na verdade. Mas eu ainda espero que isso seja só tpm e que os próximos dias me mostrem que eu não tenho motivos pra me preocupar.
Não com isso.
Porque eu tenho tanta coisa pra fazer. Tanta em comparação ao que era o usual até pouco tempo atrás. Uns quantos polígrafos pra ler, e livros, e um trabalho infeliz para o qual eu deveria visitar um museu mas não. E  vários outros trabalhos infelizes. E ser dona de casa. E lavar roupa sem máquina.
E tem tanta coisa que eu tinha - que eu precisava - fazer, mas que não tá rolando. Os istas. Dentista, ginecologista, oculista, otorrinolaringologista?, hah.
E tem as coisas que eu queria - ou acho que queria - fazer, mas que também não tão rolando. Tipo decorar o apartamento. Tipo ver uns filmes que me entretenham em vez de me entediar. Tipo conhecer qualquer lugar que eu ainda não conheça.
E tem eu, que levo horas - senão dias - pra decidir começar a fazer qualquer uma dessas coisas. Imagine todas.
-
Quase um mês sem voltar pra Canela. Mas eu descobri que não tava com saudade. Era mais vontade de ver. Constatar que, sim, tá tudo igual e no lugar. Como eu havia deixado.

25 de mar. de 2010

Agora, além de ter parado de ler, escrever e ver tv, eu tô quase parando de ouvir música. E de ligar o computador.
E eu tô fazendo jornalismo, oi.
Eu tenho medo de onde eu vou parar desse jeito.

22 de mar. de 2010

"imagens do meu cotidiano"

Voltando ao fundamental, mas ok, eu gosto muito de recortar e colar - embora eu pudesse ter colocado só uma cama e um logo do zaffari.
Tenho uma certa quantidade de coisas pra ler, mas eu não tenho agüentado mais de meia página sem começar a fechar os olhos - e o mesmo quanto às aulas. Não tô subestimando; o caso é que fazia tempo que eu não sentia tanto sono.
Além do mais, eu me acostumei com o anglo de tarde, podendo dormir ou ver tv ou estudar ou fazer qualquer coisa de manhã. É diferente com tardes livres. E a minha cama é sempre tão convidativa. Mas eu aprendo a usar aquela cafeteira e resolvo esse problema.
Espero que não chova amanhã, pelo menos durante a manhã, porque eu tenho que carregar as imagens do meu cotidiano até a fabico. Na verdade, eu sempre espero que não chova nunca, mas né.
E, falando em fabico, eu achei que fosse fazer um esforço maior, no que diz respeito a integração e tal, mas não adianta. Eu não tenho esse pique.

E eu  também não tenho mais o que escrever nesse blog.
Assim como também não consigo mais ler.
E por aí vai.
Não sei qual é meu problema, afinal.
Tchau.


*Eu não aprendo a usar a cafeteira, eu quebro a cafeteira. That's me.

16 de mar. de 2010

que alegria

Segundo quase atropelamento em dois dias. Ou eu perdi a prática ou a vida acadêmica já está me subindo à cabeça. (rs)
-
Quando não é o ralo entupido, é o gás que acaba.
E ainda tem a parte de subir o morro carregada de sacolas de supermercado.
É menos poético do que soa, morar sozinho.
-
Mas há coisas para fazer. Ainda que eu não faça, elas existem agora.
E eu nunca pensei que fosse comer tão bem com menos de dois reais.

15 de mar. de 2010

the place where lost is found

É estranho isso de felicidade. De bem estar. Eu tenho minhas tendências a acreditar que não mereço, que não é verdade ou que não vai durar - ou as três coisas ao mesmo tempo. Mas não dessa vez. Dessa vez eu não quero pensar nada. E qualquer coisa que eu diga ou escreva não estaria à altura do que realmente é. Nem perto. Soaria desimportante. Pequeno - e isso seria uma injustiça. De modo que eu prefiro não escrever nada.
Só sentir.
-
Apartamento é tão mais gente do que pensionato. Gente, sabe. Eu precisava disso. De me sentir gente. Nem que seja só em casa.

12 de mar. de 2010

it's complicated.

Que fique claro que, se alguém comentar que passou e viu uma guria sentada sozinha escrevendo na praça de alimentação do shopping, a tarde toda, eu fui forçada. Tivesse a opção, e eu estaria em casa dormindo. Mas os móveis não estavam prontos e o ralo do chuveiro estava entupido, de modo que eu me encontrava impossibilitada de ficar na minha própria casa.
Aí, nessa de não poder ficar em casa, e nessa de chover o tempo todo, eu fui pro Total. E aquele troço é cheio de lojas e cafés e coisa, mas impressionante como simplesmente não há o que fazer sem um real no bolso. Não que eu não tivesse dinheiro comigo. E também não sei o que eu esperava de um shopping, de qualquer jeito. Mas, então, sim, fiquei sentada, lendo ou escrevendo ou ouvindo música ou olhando pela janela. E fui ao cinema.
O filme era o último da Meryl Streep. Que na verdade é simplesmente estranho, mas ok. Eu quase decidi dormir em vez de assistir - menos pelo filme do que pela minha quantidade de sono -, mas acabei vendo. Mas foi o que menos me interessou, no fim das contas.
Na minha fileira, quatro cadeiras à esquerda, tinha um senhor careca, de boina azul clara, assistindo sozinho também. No final, eu olhei pra ele e ele estava com um lenço. E depois, quando o vi descendo, devagarinho, degrau por degrau, eu me perguntei sobre o que move um senhor de idade a ir sozinho ao cinema de um shopping. E não encontrei resposta. Mas, seja o que for, possivelmente é o que eu admiro nesses velhinhos que saem de casa e não se contentam em morrer enferrujados.

4 de mar. de 2010

Eu fiquei pensando que a vida da minha mãe poderia ser um daqueles filmes cuja protagonista é uma separada com filhos. Mas não é como os filmes, a vida. Não tem os finais românticos - ou, se não românticos, pelo menos poéticos. Se a minha vida pudesse ser um filme, eu faria um filme mudo. Em contraposição à "profissão que eu escolhi". Com as imagens alternando entre coloridas e acinzentadas e com sons, mas sem o som de qualquer voz humana. Porque as palavras ainda são uma coisa que me intriga, faladas ou escritas ou da forma que puderem ser utilizadas.
Eu discuti com o meu irmão, agora há pouco. E o bom de discutir com o meu irmão é que a gente esquece e tudo volta ao normal como se nada tivesse acontecido; dez minutos depois, se for o caso.
Um dos meus problemas é justamente o fato de, quando eu muito eventualmente brigo com alguém que não seja meu irmão, esquecer que as pessoas não são como a gente e achar que eu posso voltar e falar sem ter que me desculpar. Ou sem ter que esperar um pedido de desculpas. Como se nada tivesse acontecido.
Outro dos meus problemas é o fato de, às vezes, esquecer que eu mesma não sou como eu, como a gente. Porque tem coisas - as palavras - que ele já consegue dizer que eu não ignoro. E que eu não posso rebater. Porque, aparentemente, é da minha natureza não se importar. Quando na verdade é da minha natureza se importar muito, até não conseguir mais, e guardar isso só pra mim.
E ouvir as pessoas dizerem que eu não me importo.
Eu nunca vou contestar.

27 de fev. de 2010

Eu não sei me expressar.

24 de fev. de 2010

23

Não que eu já não tenha feito isso, de alguma forma, mas tenho vontade de largar de vez o orkut. Passa impressões erradas demais - boas e ruins, todas erradas, na maioria das vezes. Vide o meu próprio, ainda que não tenha quase nada lá. Eu descobri que prefiro ver as pessoas. Não os perfis delas. E deveria fazer só isso.
Mas eu me preocupo demais. Com as pessoas. No sentido de tentar supor o que elas pensam. E deveria me preocupar mais comigo, a essa altura da coisa.
Mas eu deveria muitas coisas que eu não vou, por preguiça ou incapacidade, mesmo - às vezes não é mentira.
-
Puro otimismo esse blog. O motivo que deve fazer muita gente detestar é o mesmo que me faz gostar. Mas o caso é que é preferível guardar o otimismo pra fora do virtual. Bem mais válido. Vide ontem, manhã, tarde e noite.

19 de fev. de 2010

*

Eu te amo. Ou eu te odeio. Que diferença faz, no final das contas? São exata e tristemente a mesma coisa.
-
Acho que eu vou fazer um blog separado desse. Porque essa overdose de posts, postados e não postados, e essa mistura toda, de ficção com não-ficção, tão me fazendo mal e me deixando confusa. E eu não simpatizo nada com nenhuma das duas coisas.
Ai, ai.
Só rindo, mesmo, diria meu sábio papai.
E eu juro que tô rindo agora. Sozinha, às quatro e meia da manhã.

*5:56. Minha amiga insônia ganhando, pela primeira vez, da minha amiga preguiça.
Pronto. Todas as mentiras passadas para o outro blog, na mesma ordem em que haviam sido contadas aqui.

they inspire me

negrinho pra curar a fossa
-q

Delicate, a música do Damien Rice cuja letra eu disse, uma vez, que poderia resumir a minha vida. Em um sentido muito mais figurado, mas ainda assim. why do you fill my sorrow with the words you've borrowed from the only place you've known? Quero dizer, faz algum sentido, não faz? Todo o mundo o tempo todo sempre falando, falando, falando. Eles se esquecem de que nem sempre as palavras conseguem significar alguma coisa. Por mais que se tente que elas signifiquem, por vezes elas simplesmente não são nada. Só encheção. Uma fração da nossa tolice. É por isso que alguém que realmente escreva sempre conseguirá me surpreender. A ponto de eu ficar encantada, de verdade. É bonito e louvável quando alguém consegue usar as palavras de maneira que elas encantem. Quando alguém consegue formular frases e escolher, entre tantas possibilidades, as palavras certas, perfeitas, descrevendo com precisão exímia qualquer cena, quotidiana ou não. Mesmo relatando uma tristeza - porque há beleza e doçura também no que é triste. E mesmo que seja um rosto escondido em uma única foto, que eu nunca tenha visto de fato. Mesmo que isso nunca passe da minha admiração e do meu encantamento silenciosos. Porque nem só de saxofonistas vivem as minhas fantasias. Sempre existirá a arte de contar histórias.

18 de fev. de 2010

rascunhos laranjas

Me irrita profundamente essa quantidade de posts com a palavra "rascunho" do lado. E, como eu não apago, dá vontade de chutar o balde e postar tudo, um depois do outro, só pra acabar com os rascunhos enfileirados em laranja - laranja ainda, berrante, cor escolhida exatamente com esse propósito, irritar, certeza. Porque o mundo gira ao meu redor, claro. Atrás da porta do meu quarto, aliás, tem um pôster antigo do Snoopy, já todo manchado, com ele deitado em cima da casinha e o balão de pensamento: "Cansei me preocupar com o mundo. Agora o mundo que se preocupe comigo." Filosofia de vida que eu vou tentar seguir pelo resto da minha. Sem nunca conseguir.
-
Às vezes os esclarecimentos chegam por acaso, respondendo scraps no orkut.
"Ainda te devo alguma coisa?"
"Hum, talvez, mas obrigado por ter lembrado."
"Eu sempre me lembro de tudo, é meu defeito."
Verdade que não precisava ser absoluta, mas é.
-
Eu não sei de ninguém que seja vizinho de... Gurias, vamos dizer. Além de mim e dos vizinhos do outro lado. E neste exato momento acontece alguma espécie de orgia por ali, envolvendo um portão.
"Segura!"
"Não, ali do lado!"
"Abre o portão, porra!"
"Não!"
"Do outro lado, não tá vendo?"
"Minha mão!"
"Aaaaaaaa!"
"Isso, segura e abre logo!"
Risadas e palmas e gritinhos.
Supostamente, elas só moram e criam os filhos aqui, mas, bom, sounds good.

17 de fev. de 2010

só hoje, na terceira

Definitivamente largou os livros. Os mesmos que outrora tanto quisera ter e ler. Largou. Era isso. It's just the way it goes. Paciência. Não era falta de tempo. Tampouco preguiça ou cansaço - não naquele caso. Era desilusão. E desilusão fode com qualquer coisa - inclusive com a leitura. Inclusive com a literatura. Ainda assim, a sua vontade, naquele instante, era de comprar aquela biografia do Ledger. Não sabia por quê. Mentira de novo. Sabia. Porque tinha visto três filmes com ele na semana anterior e porque a voz dele era linda. Era. Queria poder ler qualquer coisa de verdade. Qualquer coisa que não tivesse sido feita para levar a acreditar ou influenciar - qualquer coisa que tivesse sido feita só para mostrar. Qualquer coisa em que desse para confiar. Caso aquilo ainda existisse. Mas, paradoxalmente, talvez justamente por aquele motivo gostasse tanto do que não era real, de personagens. Porque naquilo que fosse inventado sempre seria possível confiar. Porque seria uma mentira. E qual boa mentira não é passível de confiança? 
Não fosse assim e não seriam mentiras.
Just like love.

carnaval

Subindo a serra na chuva, de noite, ouvindo o cd mais country do mundo dos Travellers com meu pai.

I've been singin' 'bout the good things and the light
there's a new star on the horizon and it nearly fills the sky

13 de fev. de 2010

livros

Na praia, (quase) três em quatro dias. Em casa, quatro páginas em três semanas.
Sempre batendo recordes.

à álvares

Você já esqueceu? Já esqueceu os braços envolvendo seu corpo? Já esqueceu o peito onde você deitava a cabeça? O ombro que estava ali? Já esqueceu a pele arrepiada com os lábios em seu pescoço? As mordidas na orelha e as mãos que pareciam ser capazes de acariciar seu corpo inteiro no mesmo segundo? Já esqueceu os cabelos misturados aos seus? O abraço? Os olhos que ora fugiam e fechavam e ora encaravam? Já esqueceu os beijos de verdade, com a barba de um dia raspando em seu rosto?
Talvez meses sejam capazes de levar tudo consigo. Talvez não. Triste é quando saber que aconteceu já não é nada. Quando as coisas acontecem sem pedir permissão.
Você já esqueceu? Já esqueceu como é amar?
-
Eu gosto quando eu sinto raiva dele. A sensação é inexplicavelmente boa. Inesperada, inacreditavelmente boa. Não era para ser, supostamente. Porque sentir raiva não é nobre, não é saudável. Corrói internamente. Gasta exteriormente. E, no entanto, depois de todas as voltas possíveis, raiva. Leve. Quase macia. Mas raiva. E com todos os erres a que uma raiva tem direito. Ele falando e não falando. Bobagens e não bobagens. Sempre indiferença. E eu com raiva. Sem motivos. Sem razões. Só uma vingança individual rápida e silenciosa. Segundos de raiva.

11 de fev. de 2010

bbb

Eu não pretendia assistir ao BBB esse ano. Não por qualquer dos motivos clássicos que a maioria que não assiste alega, mas porque é o tipo infeliz de programa a que não é possível assistir apenas um dia e se contentar - não se a vontade for acompanhar os blogs a respeito.
Três homossexuais, uma policial maluca, uma doutora, um ex-participante, um palhaço chorando por uma mulher que ele conheceu no dia anterior...
Mas o que me intrigou, no entanto, quando eu comecei a assistir, foi a repentina e maciça preferência pelo Dourado, já na segunda semana. Levando em conta o comportamento do cara - vilanesco, tão condenado em todas as edições -, era de se esperar que ele saísse na primeira oportunidade.
Na mesma linha, a postura dele em relação aos dois gays também não era das mais tolerantes. Mas, ainda assim, não tinha o ar explicitamente homofóbico que tomou, nessa terça-feira, ao vivo, depois de uma piada de mau gosto do Bial.
Ficou definitivamente claro, então - porque eu estava relutante em acreditar até o momento -, o motivo da aceitação e do sucesso do cara. É lamentável.