27 de set. de 2009

Se tem quem ache que as coisas vão dar errado quando um espelho quebra, eu acho que as coisas vão dar errado quando chove.

26 de set. de 2009

♫ II

Pogues, Raveonettes, Shins... têm feito minhas manhãs ultimamente mais do que qualquer outra coisa. Bem eficaz pra esquecer os cinco minutinhos. O meu defeito é uma preguiça tremenda na hora de pensar em baixar mais músicas pra reforçar o repertório. São talentos que definitivamente eu não tenho. Conhecer bandas, ir atrás de músicas... Muita mão. Gosto mais quando o trabalho já vem praticamente pronto em um cd no portão.
Se bem que o primeiro foi por minha conta, mesmo. E muito antes do filme, o que é incrível.
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Ontem, na rodoviária, pouco depois de eu chegar, alguém começou a tocar gaita de boca. Vinha de muito, muito perto, mas, ainda assim, eu não achei a pessoa. Seja quem for, ficou uns ótimos minutos tocando Hey Jude. E a música pode até ser meio clichê, mas como fica linda em gaita de boca.
Com as pessoas passando e jogando tocos de cigarro no chão, a menos de dois metros das lixeiras, foi ainda mais memorável.
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Em meio à barulheira generalizada que é aquele prédio lá do lado, essa semana eu distingui de novo o que tinha me agradado muito nas minhas primeiras semanas lá mas que desde então eu nunca mais tinha ouvido. Perto do meio-dia, às vezes, tem alguém que começa a tocar violão. Fica até engraçado, se se for considerar as crianças gritando, as velhas falando, as panelas batendo e os outros sons característicos desse horário.
Eu não sei quem é a pessoa e não sei qual é a música, mas é impressionantemente agradável de se ouvir. Sempre a mesma música. As mesmas seqüências de acordes. Continuidade saudável.

24 de set. de 2009

cold as minnesota

Quase uma cópia perfeita de Belle & Sebastian. (: do you really care about anyone but yourself, Evan? now everything's a mess you know
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Eu tava pensando se o que eu digo faz algum sentido. Provavelmente não. Porque eu sei que eu sou meio contraditória, às vezes. Mas isso só acontece porque tem coisas que eu quero que eu simplesmente não consigo fazer; elas não fazem parte da minha natureza, seja esta qual for.
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As coisas nunca mudam de verdade, mudam? Os lugares e os rostos mudam, e o tempo muda também. Mas nós não. Nós sempre somos os mesmos. O que a gente pensa, o que a gente quer, os dias e as noites.
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Eu tinha planejado continuar a história da mosca. Dessa vez, ele seria uma barata, eu acho. Ou qualquer outro dos insetos odiados, não importa. Mas acho que não é um ano muito propício pra se perder tempo. Ainda mais a essa altura e com uma ficção qualquer, quando a minha realidade anda dando conta desse lado bem até demais.
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E, bom, eu não devia, mas, sabe, é tão... O contrário de desolador. É isso. Ainda que sejam roubados. Ainda que pesem na consciência. São cinco minutos pra acreditar que a vida pode ter solução.

22 de set. de 2009

na rua

Tem um mendigo que fica na esquina do Zaffari. Ou quando eu vou, pelo menos, ele tá sempre ali. Hoje, quando eu passei, ele tava dizendo: "Viu, ela pediu pão pra ele, e ele também não deu. Vão se foder todo mundo!"
Concordo plenamente, amigo.
Se eu comprasse pão, eu teria dado um pra ele.

19 de set. de 2009

such great heights.

Eu não gosto de e eu não costumo culpar outras pessoas pelos desastres e pelos erros que eu sei que são meus, mas é difícil. E mais difícil ainda é não conseguir escrever a respeito. Eu já tentei inúmeras vezes, de várias formas diferentes, e nunca dá certo. Nunca sai nada do jeito como eu queria mostrar: do jeito que realmente é.
Eu não posso contar a história e terminar com um final legal. Eu não posso acusar ninguém. Eu só posso dizer que dói um monte. De um jeito que chega a dar raiva ser capaz de sentir.
Ele dizia que eu era de outro planeta.
Eu queria ser. Queria poder voltar pra lá agora e nunca mais ter que pisar aqui. Porque eu não gostei desse lugar, por mais encantador que ele possa ser às vezes.
Fiz minha inscrição na dita cuja. Não sei como, minha identidade apareceu errada, e eu não consegui mudar. Vou ter que ir até lá em qualquer lugar solicitar a mudança. Pessoalmente.
Eu não sei por que eu insisto nessa merda. Eu não sei por que eu insisto em jornalismo. Eu não sei por que eu insisto nessa vida, que nem de muito longe é o que eu quero. Porque o que eu quero, afinal de contas, é nada. Só. E isso sim, tão simples e tão distante.

contraste

A gente sonha, acorda mais cedo sem despertador, vê que tem sol, e a sensação é boa. Como otimismo. Mas logo a gente também vê que se enganou. Não é preciso de muito tempo. That's life.

*

Pra eu não poder mais dizer que nunca encontro ninguém conhecido no ônibus, ontem eu encontrei um ex-colega de anos atrás. Fazia tempo que eu não via ele. Digo, ano passado, em uma ou outra noite qualquer nos Quintas da vida, às vezes coincidia de ele ir também. Mas nunca tinha me passado pela cabeça a possibilidade de a gente voltar no mesmo ônibus.

Logo que ele entrou, eu ainda fiquei um tempo decidindo se era ou não, porque o tempo passa, as pessoas crescem, o rosto muda. Mas eu não faria jus ao meu passado se não fosse capaz de reconhecer esse louco.

Quando ele me viu também, sorriu, e nós nos cumprimentamos. A voz diferente do que eu lembrava, mas a mesma expressão. A mesma expressão e o mesmo cara. Simples, simpático. Galante.

A poltrona dele era na frente da minha. Ele virou pra trás, e nós ficamos conversando enquanto o ônibus não saía. A vida em Porto Alegre, os cursinhos, a faculdade, os antigos colegas que a gente não vê faz tempo.

Depois, durante a viagem, eu fiquei me lembrando dos tempos em que a gente era criança. Na 5ª série. Por um tempo, eu e ele voltamos pra casa na mesma kombi/van, a do Tio Siraldo. Às vezes, nós corríamos pros últimos bancos e colocávamos as mochilas no meio, pra que ninguém mais sentasse ali. E nós, as gurias, fomos todas, em algum momento das nossas infâncias, apaixonadas por ele. Eu tinha um olho bom pra meninos nessa época.

Chegamos em Gramado, ligamos pros nossos pais e conversamos mais qualquer coisa até Canela. Conversa comum, de pessoas que não se vêem já há algum tempo. Tem quem não goste, que diga que é superficial, que não significa nada. Eu não acho. Adoro reencontrar pessoas. E adoro ainda mais as conversas, sejam elas sem maiores interesses ou não.

Já em Canela, na rodoviária, a mãe dele fez sinal de luz com o carro. Nós nos despedimos, te cuida e cada um pra um carro. Cada um pra um lado.

Bom te ver também, rapaz.

16 de set. de 2009

o dia-a-dia (não) é poético.

Meus pais têm um amigo, e ele é daquele tipo que é depois de conhecer que se descobre a pessoa incrível que tá ali. Ele é casado, e meus pais são padrinhos da filhinha dele, que é a coisa mais querida. Antigamente, quando ele aparecia lá em casa, a gente ficava papeando e tomando caipirinha.

Pois hoje esse cara tava em Porto Alegre e veio me visitar. A gente saiu, tomou um café, e ele foi comigo ver um apartamento, lá quase em Viamão. No caminho, o celular dele tocou. "Tu ouviu tua filha gritando aqui, né?" Era mentira, e ele sabia, claro. Mas, mesmo assim, a gente silenciou. E eu fiquei olhando as paisagens da Ipiranga, enquanto ele tamborilava os dedos na direção esperando o sinal abrir.

Depois de muito nos admirarmos com o apartamento, que tinha até churrasqueira, voltamos, e ele me deixou na porta, quando poderia perfeitamente ter facilitado a própria vida e me deixado na esquina.

É bem verdade que meus pais têm um monte de amigos que me fazem subir as escadas quando tocam a campainha, mas tem uns assim que compensam.

14 de set. de 2009

desisto.



E o que mais, a essa altura?

11 de set. de 2009

it's raining man

Faz tempo que eu não ganho minhas semanas com os ônibus. Aliás, têm vindo quase vazios. Esse último foi praticamente só meu, eu podia escolher em que lugar sentar. Além de botas encharcadas, chuva também tem disso. Só gente louca pra se bandear até a rodoviária na chuva pra ir pra um lugar onde chove ainda mais.
Mas é legal. Esperar o ônibus lendo no meio de toda aquela gente - nego chega e senta do meu lado e eu nem sei. E depois ficar ali, no escuro, no silêncio, vendo tudo passando, passando, e as gotas escorrendo pelo vidro molhado.
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"Eu não sei o que vocês vêem, mas eu vejo uma vontade de nada, de sumir, de se desintegrar de uma vez, virar pó."
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Mas eu odeio chuva.

I shall be released

I shall release me

9 de set. de 2009

volubilidade

Recuperei o guarda-chuva. Não tenho mais prova sábado de manhã. Não tenho mais que trocar passagem. E, ainda, algum(a) maluco(a) me deu um surpreendente e absurdo, porém muito bem-vindo, 24,5 na última redação. Dia feliz esse.
(Só faltou parar de chover.)
(Aliás, trocaram a banca de flores da esquina por uma banca de guarda-chuvas, hahah.)
(E eu ainda quero que a Joyce vá pro inferno.)

puta.

Esqueci o guarda-chuva e tá chovendo. Tenho que ir pra aula. Tenho prova sábado de manhã. Não posso trocar a passagem por telefone/tele-entrega: "Antigamente a gente fazia a troca por telefone, agora a gente não faz mais. Só pessoalmente."
Vai pro inferno, Joyce querida.

7 de set. de 2009

guaranteed

Eu vi Into The Wild pela primeira vez no colégio, na aula de português, em uma tv pequena, com o reflexo das janelas e dividido em três períodos (foi um milagre terem aceitado não ver dublado). Não sei quais eram as reais pretensões da Marluce quando ela resolveu nos passar esse filme, mas, sejam quais forem, eu tenho certeza de que ninguém parou pra pensar nelas. Todo mundo sempre odeia os professores de português no colégio, ainda mais quando eles são bons.
E daí que eu resolvi comprar o cd agora, um ano depois. Só porque a voz do Eddie Vedder ainda figura entre as que eu gosto de ouvir. E pra eu ter uma desculpa pra mim mesma: olha, eu não estudo, não leio e não escrevo mais nada que preste porque eu tô ouvindo música. Não é preguiça, não. Nem falta de foco. Capaz.

(E não são as músicas do meu iPod, que, por mais eu mude, são sempre as mesmas. Eu nem sei por que eu comprei um iPod, afinal de contas. Ele tem sido especialmente útil esse ano, aham, mas eu sempre preferi cds. Mesmo não tendo nenhum que valha alguma coisa. E, além do mais, quando eu tô sozinha - o que acaba sendo quase todo o tempo - eu sequer gosto de caminhar ouvindo música. Detesto. Acaba com toda a essência da coisa.)

6 de set. de 2009

gonna grow up

Eu uso óculos e relógio de pulso desde quase sempre - os tempos antes disso são outra coisa, são diferentes. Eu tenho olhos verdes falsos - eles bem que tentaram, mas não conseguiram. Eu tive uma infância feliz - tudo de ruim de que eu me lembro, bom, eu apaguei. Eu adorava andar de balanço. Eu tinha as melhores férias possíveis com o meu primo. Eu gostava de desenhar e de escrever - meus cadernos e blocos e as canetas e os lápis de cor eram indispensáveis, em qualquer lugar. Eu escrevia bilhetes pro meu pai dizendo que ele era o melhor pai do mundo. Foi ele que me fez colorada e que me fez o que eu sou, embora todo mundo sempre diga que eu sou 'minha mãe escrita'. Meus dois avôs morreram, mas eu ainda me lembro deles, especialmente do pai do meu pai - eu não esqueci do jeito que dizem que a gente esquece. Eu sempre fui boa aluna. Eu sempre gostei de ler. Eu sempre fui tímida. E eu acho que eu sempre quis o melhor - pra mim, sim, e pra todo mundo.
Mas eu cresci.
Em termos, é verdade, mas eu cresci.
E quando a gente cresce, ah, meu caro, esquece, porque já era.