Até poucos anos, eu pensava em escrever como algo recente. Não sei bem quando me dei conta de que, na verdade, é algo que eu sempre fiz. Desde os diários infantis, das historinhas para preencher as páginas do "caderno grande", não recomendado (vai entender) pras crianças das séries iniciais. Demorou pra eu acordar. O que é engraçado: algo presente de uma forma tão natural e cotidiana que demora a ser percebido, como essência, como necessidade.
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É difícil descrever a relação. Ou o que eu espero disso. É difícil imaginar escrever um livro tanto quanto é difícil negar que eu imagine. É difícil, sobretudo, ver. E talvez seja isso mesmo: difícil.
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Tenho ouvido, com mais frequência do que poderia esperar, que esse é "o meu caminho". Como se a vida de uma pessoa se resumisse a um caminho. A um único caminho. Meu caminho é esse, logo deleta-se todo o resto. Eu gosto de ouvir, mas não sei até que ponto acredito ou não. Como essas pessoas me veem? O que elas veem? Com base no que elas chegam a essa conclusão? São perguntas sinceras, todas sem resposta.
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Tem períodos em que eu escrevo todos os dias e outros em que eu passo semanas ou meses sem escrever uma palavra. Anoto ideias, fragmentos e frases em cadernos espalhados - um na bolsa, outro na cabeceira, outro na mesa da sala - mas é diferente. Eu preciso sentar, não importa onde, e abrir o notebook, não importa a hora, só pra escrever. Poucas coisas são mais familiares que a caixa de texto do blogger e o layout tosco de fundo preto. E as palavras, bem ou mal, estão ali. And by morning it is a mess or a masterpiece. Um mundo à parte do próprio mundo. Em tantos momentos. De horas e dias e pensamentos estruturados em narrativas. Porque de outra forma a vida seria mais pobre e mais solitária.
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Eu escrevo a vida que eu quero. A vida que eu não vivo. Uma vida que é verdade porque é imaginada.
1 de out. de 2013
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