16 de jan. de 2014

these words are not the truth
but don't hold it against me
cause I know you're lying, too
Eu tinha 15 anos quando ouvi On Fire pela primeira vez. Nessa época, eu tinha um amigo virtual com quem gastei dezenas e talvez até centenas de horas em madrugadas insones no msn. Nós nunca nos conhecemos pessoalmente, e eu não tenho medo de dizer que devo a ele muito do que sou hoje. Mais: eu quase tenho certeza: eu não seria a mesma pessoa. Em uma dessas conversas, cujos assuntos iam de comidas pra se fazer em fins de semana frios ao show dos Strokes ou as fotos que usávamos no perfil, nós falamos sobre O Clube dos Corações Solitários. Um dos livros mais adolescentes possíveis e que eu li, surpresa, no auge da adolescência. Foi nesse livro, no setlist do show da banda do protagonista, que eu conheci a música que hoje eu tatuei. E é engraçado perceber - enxergar - como uma coisa puxa outra e aqui estamos e eis o que somos. Minha tatuagem, feita essa semana, começou há oito anos, com uma amizade que só existiu porque há oito anos nós tínhamos blogs e flogs. Percebo o quanto esse amigo, esse enviado, como ele mesmo se descreveu certa vez, fez diferença nesse processo e tento me responder: e se? E se nós não tivéssemos nos conhecido? E se eu tivesse feito escolhas diferentes das que eu fiz? E se? Eu vejo como cheguei até aqui, o quanto coisas que aconteceram há quase uma década foram tão fundamentais, e imagino, como talvez seja inevitável imaginar, se tudo - toda a nossa vida e quem conhecemos e os encontros que temos e as coisas que dão certo e errado - é de fato uma sucessão de puro acaso. Às vezes é bom pensar que não.



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