4 de mar. de 2010

Eu fiquei pensando que a vida da minha mãe poderia ser um daqueles filmes cuja protagonista é uma separada com filhos. Mas não é como os filmes, a vida. Não tem os finais românticos - ou, se não românticos, pelo menos poéticos. Se a minha vida pudesse ser um filme, eu faria um filme mudo. Em contraposição à "profissão que eu escolhi". Com as imagens alternando entre coloridas e acinzentadas e com sons, mas sem o som de qualquer voz humana. Porque as palavras ainda são uma coisa que me intriga, faladas ou escritas ou da forma que puderem ser utilizadas.
Eu discuti com o meu irmão, agora há pouco. E o bom de discutir com o meu irmão é que a gente esquece e tudo volta ao normal como se nada tivesse acontecido; dez minutos depois, se for o caso.
Um dos meus problemas é justamente o fato de, quando eu muito eventualmente brigo com alguém que não seja meu irmão, esquecer que as pessoas não são como a gente e achar que eu posso voltar e falar sem ter que me desculpar. Ou sem ter que esperar um pedido de desculpas. Como se nada tivesse acontecido.
Outro dos meus problemas é o fato de, às vezes, esquecer que eu mesma não sou como eu, como a gente. Porque tem coisas - as palavras - que ele já consegue dizer que eu não ignoro. E que eu não posso rebater. Porque, aparentemente, é da minha natureza não se importar. Quando na verdade é da minha natureza se importar muito, até não conseguir mais, e guardar isso só pra mim.
E ouvir as pessoas dizerem que eu não me importo.
Eu nunca vou contestar.