Ano passado, no pensionato, era diferente. Eu acordava de manhã, estudava alguma coisa, ou dormia até às onze, passava a tarde na aula, voltava, comia e estudava, lia ou via tv. Eu não tinha meu banheiro e minha cozinha, mas eu me consolava com a certeza que eu tinha de que, esse ano, quando tivesse um apartamento, eu me sentiria melhor - algo mais próximo de "casa". Era um conforto emocional.
Às vezes eu dormia fora, às vezes ficava aqui nos finais de semana - mas em quase todos eles eu voltava pra Canela.
Esse ano, com apartamento, eu tenho meu banheiro e minha cozinha. Tenho minha casa. Mas não é minha casa.
Só agora eu li.
Mas não adianta. O Bom Fim não é o Remanso e a Felipe não é a Saint Pastous.
- O que tu tens, guria?
Mas, no meu caso, não é nem só saudade, já que eu posso voltar quando quiser. É a sensação de estar fora do lugar, fora do tempo, como se a vida que eu tenho aqui, em Porto Alegre, não fosse realmente a minha.
Como se isso fosse possível.
*
John's voice is so beautiful, singing, "Hold on, John. John, hold on. It's gonna be alright."
31 de mai. de 2010
29 de mai. de 2010
mas não são eles.
Sou eu.
que tô sempre esperando.
o que não vem e o que nem existe.
E passar na frente dos lugares e pensar nas coisas que a gente poderia ter feito e não fez. E sentir falta dessas coisas que nem aconteceram. E ver o mesmo filme trinta vezes. E sempre acabar igual. Quando a gente vai aprender?
E quando eu vou aprender.
que tô sempre esperando.
o que não vem e o que nem existe.
E passar na frente dos lugares e pensar nas coisas que a gente poderia ter feito e não fez. E sentir falta dessas coisas que nem aconteceram. E ver o mesmo filme trinta vezes. E sempre acabar igual. Quando a gente vai aprender?
E quando eu vou aprender.
26 de mai. de 2010
24 de mai. de 2010
vó
Não é que eu não gostasse da escola, quando eu era bem pequena, hoje eu vejo que eu só não me sentia tão bem lá naqueles tempos. Eu era uma criança inocente, pura mesmo, sem qualquer tipo de maldade. E tímida. Eu respeitava meus colegas e todas as outras pessoas e só esperava isso de volta também: respeito. Às vezes eu tinha, às vezes não.
Mas eu esperava o ano inteiro pelo Natal e pelas férias, quando meus tios e meus primos iam pra Canela também, na casa dos meus avós. Eu botava minhas coisas em uma malinha e ia pra lá também, pra poder brincar com eles. Todos os dias o dia inteiro enquanto eles estivessem lá. Ainda hoje eu acho o pátio da casa da minha vó enorme: quando nós éramos pequenos, era ainda maior. Nós brincávamos de pega-pega, esconde-esconde, elefante colorido, e tinham os cachorros, a égua do meu vô, a rede na varanda, o balanço da árvore. E se chovia tinham os quebra-cabeças, os jogos de memória, baralho, os filmes e desenhos e as revistas que nós pintávamos com um monte de canetas coloridas.
Não era de praia que eu gostava no verão, era disso.
Mesmo durante o resto do ano, eu passava todos os finais de semana lá, na casa dos meus avós. Ia sexta, depois do colégio, e só voltava segunda, antes do colégio. Eu poderia citar aqui outro monte de coisas que eu fazia lá, mas a única coisa que importa é que a minha vó, nessa época, era tão ou mais presente e importante que os meus pais.
Eu tenho dificuldade de identificar, hoje, o momento exato da minha vida em que eu parei de passar os finais de semana inteiros lá. Eu cresci e me afastei. Meu vô morreu. E hoje ela já não é a mais a mesma, e eu, aqui em Porto Alegre, tenho tido cada vez menos contato. Mas eu não esqueci. Eu nunca esqueceria e nem poderia. Sequer teria como. E meu irmão e meu pai me acusam de não me importar. Muita gente me acusa disso. Gente que nem me conhece - literalmente. E eu tenho plena consciência de que o desfecho dessa história vai ser o mesmo da do meu vô: eu não vou dizer, enquanto ela ainda tá aqui, o quanto ela significa. Porque eu não consigo. É mesmo demais pra mim.
Eu fico imaginando e não consigo assimilar como uma pessoa só pode ter tanto amor dentro de si por tantas outras pessoas. Pelo marido que já foi, pelos filhos, pelos netos e até pelas noras. Por mim.
Eu tenho dúvidas quanto ao meu merecimento de todo esse amor e de todo esse zelo. Porque eu não fiz nada mais pra isso além de simplesmente nascer. E nem fui eu que fiz isso.
Mas eu me importo. Eu amo. E às vezes tanto que fica difícil agüentar.
Mas eu esperava o ano inteiro pelo Natal e pelas férias, quando meus tios e meus primos iam pra Canela também, na casa dos meus avós. Eu botava minhas coisas em uma malinha e ia pra lá também, pra poder brincar com eles. Todos os dias o dia inteiro enquanto eles estivessem lá. Ainda hoje eu acho o pátio da casa da minha vó enorme: quando nós éramos pequenos, era ainda maior. Nós brincávamos de pega-pega, esconde-esconde, elefante colorido, e tinham os cachorros, a égua do meu vô, a rede na varanda, o balanço da árvore. E se chovia tinham os quebra-cabeças, os jogos de memória, baralho, os filmes e desenhos e as revistas que nós pintávamos com um monte de canetas coloridas.
Não era de praia que eu gostava no verão, era disso.
Mesmo durante o resto do ano, eu passava todos os finais de semana lá, na casa dos meus avós. Ia sexta, depois do colégio, e só voltava segunda, antes do colégio. Eu poderia citar aqui outro monte de coisas que eu fazia lá, mas a única coisa que importa é que a minha vó, nessa época, era tão ou mais presente e importante que os meus pais.
Eu tenho dificuldade de identificar, hoje, o momento exato da minha vida em que eu parei de passar os finais de semana inteiros lá. Eu cresci e me afastei. Meu vô morreu. E hoje ela já não é a mais a mesma, e eu, aqui em Porto Alegre, tenho tido cada vez menos contato. Mas eu não esqueci. Eu nunca esqueceria e nem poderia. Sequer teria como. E meu irmão e meu pai me acusam de não me importar. Muita gente me acusa disso. Gente que nem me conhece - literalmente. E eu tenho plena consciência de que o desfecho dessa história vai ser o mesmo da do meu vô: eu não vou dizer, enquanto ela ainda tá aqui, o quanto ela significa. Porque eu não consigo. É mesmo demais pra mim.
Eu fico imaginando e não consigo assimilar como uma pessoa só pode ter tanto amor dentro de si por tantas outras pessoas. Pelo marido que já foi, pelos filhos, pelos netos e até pelas noras. Por mim.
Eu tenho dúvidas quanto ao meu merecimento de todo esse amor e de todo esse zelo. Porque eu não fiz nada mais pra isso além de simplesmente nascer. E nem fui eu que fiz isso.
Mas eu me importo. Eu amo. E às vezes tanto que fica difícil agüentar.
19 de mai. de 2010
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Meus objetivos profissionais - três linhas elaboradas em cinco minutos - são "adequados", veja você.
Quer dizer o quê? Que eu escrevi direito ou que eu não sou nada pretensiosa/ambiciosa?
Aposto nos dois.
15 de mai. de 2010
sofá
A mudança grande chegou, como diria o Renato.
Não sei se a mudança grande, mas agora eu tenho sala e, nela, o melhor sofá da minha história.
-
Eu tava com três e-mails que eu tinha que responder na cabeça desde semana passada e só hoje eu criei vergonha. Mas agora a sensação de tranqüilidade é tanta que, depois que eu ler os dois textos que eu tenho pra ler, eu acho que vou ser capaz de esquecer que faço faculdade.
-
Ou não. Porque eu também tenho que escrever dois textos: um com o tema de espelho, pro clube, e o outro sobre Canela, pra uma revista de Canela. Três, na verdade, mas no terceiro eu ainda não quero pensar. Fora um esquema em uma escola que parece que rende um certificado, se eu participar.
E essa sou eu fazendo currículo.
Risos.
-
Vou lá curtir meu sofá.
Não sei se a mudança grande, mas agora eu tenho sala e, nela, o melhor sofá da minha história.
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Eu tava com três e-mails que eu tinha que responder na cabeça desde semana passada e só hoje eu criei vergonha. Mas agora a sensação de tranqüilidade é tanta que, depois que eu ler os dois textos que eu tenho pra ler, eu acho que vou ser capaz de esquecer que faço faculdade.
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Ou não. Porque eu também tenho que escrever dois textos: um com o tema de espelho, pro clube, e o outro sobre Canela, pra uma revista de Canela. Três, na verdade, mas no terceiro eu ainda não quero pensar. Fora um esquema em uma escola que parece que rende um certificado, se eu participar.
E essa sou eu fazendo currículo.
Risos.
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Vou lá curtir meu sofá.
10 de mai. de 2010
chuva.
Eu já disse isso, mas chuva assim, especialmente como hoje, me deixa nervosa. E ansiosa. Não só pelo fato de que, mais cedo ou mais tarde, eu vou ter que sair de casa e ainda vai estar chovendo. Eu não sei bem por quê. Mas eu não gosto. Poderia ser, além disso, algum sinal dos bons sentimentos que eu ainda conservo. Todo aquele papo das pessoas que moram na rua e tal. Mas não. No caso da chuva é um lance completamente egoísta, mesmo. Eu não quero andar na chuva e me molhar. Não gosto. Nem durmo direito quando chove. Ponto.
-
Me livrei de um trabalho. Agora são só mais seis. Por enquanto. E um dos quais eu deveria estar fazendo agora. Porque, né, responsável que eu sou estabeleci meu próprio prazo: até sexta. E ai de mim se não terminar. Queria entrar de novo na onda do final do ano passado, de só estudar e fazer as coisas, mas... Ah. Alguém em algum lugar deve me entender e compartilhar das mesmas preguiça e procrastinação e da mesma sensação de fazer coisas sem ter certeza se elas valem realmente a pena. "A pena". Porque é uma pena, né. Tão grande. Ler.
-
Eu preciso me lembrar de escrever duas coisas.
7 de mai. de 2010
lixo
E daí que um dia o cara lá perguntou se alguém era capaz de chegar em casa e ficar pelo menos dez minutos parado, sem ligar tv, rádio, computador. Eu e mais uma levantamos a mão, pelo que eu consegui ver. E não sei ela, mas, mais do que dez minutos, eu sou capaz de ficar horas assim. Deitar na cama ou no sofá e ficar só pensando, divagando comigo mesma. Sobre a vida, sobre a minha vida, sobre as aulas, sobre o que eu leio, sobre Porto Alegre, sobre Canela, sobre a minha família, sobre o mundo, sobre as pessoas. Sobre qualquer merda. E é uma coisa que eu sempre vou duvidar que as pessoas façam. Eu duvido que elas realmente parem pra realmente pensar. Porque, se fizessem isso, e se fizessem direito, talvez eu sequer estivesse aqui agora - porque as coisas seriam diferentes. E disso eu não duvido. Mas a gente não pára. Eu tenho meus motivos pra isso, atualmente. Um: eu tenho que ler e fazer trabalhos, mesmo que eu não queira. Dois: se eu fizesse isso sempre, de parar e só ficar pensando, eu não sei o que aconteceria. É coisa demais pra perceber. É coisa demais diante do que ficar completamente impotente. E ficar impotente diante de qualquer coisa que se gostaria de poder mudar, do fundo do coração, não dá pra agüentar assim de boa todo dia.
Tem várias maneiras de se constatar que o mundo e a vida são uma merda. A corrupção é uma. A ignorância é outra. Mas, pra mim, a pior delas passa longe disso.
Eu fico quase paralisada, nas quintas, quando eu volto do Clube de noite. Eu fico imaginando a sensação de abandono, de solidão, de vazio, de tudo isso junto - de uma palavra que eu descobri não existir - das pessoas que dormem na rua, entre sacos e cobertas também só com sacos. Amontoadas. Muitas vezes parecendo só mais um saco.
Lixo é uma coisa que nos incomoda. Só pelo cheiro na hora de fechar a sacola e deixar na frente de casa. E quem não tem nada além disso?
Quando o ser humano é capaz de confundir alguém da própria espécie com lixo, constata-se que, sim, o mundo e a vida são uma merda. E a gente mais ainda.
E se eu, que tô me lixando pra todas essas 'ferramentas virtuais', já não paro pra ficar pensando, eu imagino quem usa. O mundo foi feito pra quem perde tempo. E quem é que não perde? Dá nem pra reclamar.
Tem várias maneiras de se constatar que o mundo e a vida são uma merda. A corrupção é uma. A ignorância é outra. Mas, pra mim, a pior delas passa longe disso.
Eu fico quase paralisada, nas quintas, quando eu volto do Clube de noite. Eu fico imaginando a sensação de abandono, de solidão, de vazio, de tudo isso junto - de uma palavra que eu descobri não existir - das pessoas que dormem na rua, entre sacos e cobertas também só com sacos. Amontoadas. Muitas vezes parecendo só mais um saco.
Lixo é uma coisa que nos incomoda. Só pelo cheiro na hora de fechar a sacola e deixar na frente de casa. E quem não tem nada além disso?
Quando o ser humano é capaz de confundir alguém da própria espécie com lixo, constata-se que, sim, o mundo e a vida são uma merda. E a gente mais ainda.
E se eu, que tô me lixando pra todas essas 'ferramentas virtuais', já não paro pra ficar pensando, eu imagino quem usa. O mundo foi feito pra quem perde tempo. E quem é que não perde? Dá nem pra reclamar.
4 de mai. de 2010
encheção.
Faz algum tempo já que me mandaram essa música, Welcome Home, Son, do Radical Face, mas eu nunca tinha ouvido o resto do cd, Ghost. Porque eu e música até andamos juntas, mas só depois que ela vem até mim. Raras são as ocasiões em que acontece o contrário. Um péssimo hábito adquirido principalmente por preguiça e falta de paciência que eu deveria pensar em mudar, mas não sei, porque ando pensando em outras coisas agora - e elas me parecem bem mais urgentes. (Embora não sejam, hah.) Mas enfim. O caso é que a idéia do cara é simples, mas eu achei tri boa. Ele fez o cd 'com base na idéia de que as casas podem guardar as histórias que aconteceram nelas'. E aí cada música é uma história e tal. E é muito bom de ouvir.
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Baixei também um do Iron and Wine (The Creek Drank the Cradle), que é melhor ainda (pro meu gosto, deixando claro) e que a gente ouviu na praia.
As listas da praia. A praia. Vazia. Eu queria não ter saído de lá segunda. Queria ter ficado sem data pra voltar. Porque a vida aqui, francamente, não vale o esforço de sair da cama de manhã. Não vale nada. E muito menos a fabico e seu desespero. Mas pro bem da minha saúde eu prefiro não pensar a respeito. Prefiro ficar aqui só ouvindo as musiquinhas. Bem de buena. (:
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Tô quase chutando o balde e esvaziando o ipod. Começar do zero e por enquanto só com os cds que eu baixei aqui. E azar.
-
E eu que tanto falo tô aqui me adiantando no próximo trabalho das imagens. Mas só porque é este o meu consolo: quanto mais cedo eu me livrar, melhor: mais tempo pra não precisar perder com essa encheção.
-
three minutes of silence on the radio
it's the best damn gift for everyone
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Baixei também um do Iron and Wine (The Creek Drank the Cradle), que é melhor ainda (pro meu gosto, deixando claro) e que a gente ouviu na praia.
As listas da praia. A praia. Vazia. Eu queria não ter saído de lá segunda. Queria ter ficado sem data pra voltar. Porque a vida aqui, francamente, não vale o esforço de sair da cama de manhã. Não vale nada. E muito menos a fabico e seu desespero. Mas pro bem da minha saúde eu prefiro não pensar a respeito. Prefiro ficar aqui só ouvindo as musiquinhas. Bem de buena. (:
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Tô quase chutando o balde e esvaziando o ipod. Começar do zero e por enquanto só com os cds que eu baixei aqui. E azar.
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E eu que tanto falo tô aqui me adiantando no próximo trabalho das imagens. Mas só porque é este o meu consolo: quanto mais cedo eu me livrar, melhor: mais tempo pra não precisar perder com essa encheção.
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three minutes of silence on the radio
it's the best damn gift for everyone
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