E daí que um dia o cara lá perguntou se alguém era capaz de chegar em casa e ficar pelo menos dez minutos parado, sem ligar tv, rádio, computador. Eu e mais uma levantamos a mão, pelo que eu consegui ver. E não sei ela, mas, mais do que dez minutos, eu sou capaz de ficar horas assim. Deitar na cama ou no sofá e ficar só pensando, divagando comigo mesma. Sobre a vida, sobre a minha vida, sobre as aulas, sobre o que eu leio, sobre Porto Alegre, sobre Canela, sobre a minha família, sobre o mundo, sobre as pessoas. Sobre qualquer merda. E é uma coisa que eu sempre vou duvidar que as pessoas façam. Eu duvido que elas realmente parem pra realmente pensar. Porque, se fizessem isso, e se fizessem direito, talvez eu sequer estivesse aqui agora - porque as coisas seriam diferentes. E disso eu não duvido. Mas a gente não pára. Eu tenho meus motivos pra isso, atualmente. Um: eu tenho que ler e fazer trabalhos, mesmo que eu não queira. Dois: se eu fizesse isso sempre, de parar e só ficar pensando, eu não sei o que aconteceria. É coisa demais pra perceber. É coisa demais diante do que ficar completamente impotente. E ficar impotente diante de qualquer coisa que se gostaria de poder mudar, do fundo do coração, não dá pra agüentar assim de boa todo dia.
Tem várias maneiras de se constatar que o mundo e a vida são uma merda. A corrupção é uma. A ignorância é outra. Mas, pra mim, a pior delas passa longe disso.
Eu fico quase paralisada, nas quintas, quando eu volto do Clube de noite. Eu fico imaginando a sensação de abandono, de solidão, de vazio, de tudo isso junto - de uma palavra que eu descobri não existir - das pessoas que dormem na rua, entre sacos e cobertas também só com sacos. Amontoadas. Muitas vezes parecendo só mais um saco.
Lixo é uma coisa que nos incomoda. Só pelo cheiro na hora de fechar a sacola e deixar na frente de casa. E quem não tem nada além disso?
Quando o ser humano é capaz de confundir alguém da própria espécie com lixo, constata-se que, sim, o mundo e a vida são uma merda. E a gente mais ainda.
E se eu, que tô me lixando pra todas essas 'ferramentas virtuais', já não paro pra ficar pensando, eu imagino quem usa. O mundo foi feito pra quem perde tempo. E quem é que não perde? Dá nem pra reclamar.
Tem várias maneiras de se constatar que o mundo e a vida são uma merda. A corrupção é uma. A ignorância é outra. Mas, pra mim, a pior delas passa longe disso.
Eu fico quase paralisada, nas quintas, quando eu volto do Clube de noite. Eu fico imaginando a sensação de abandono, de solidão, de vazio, de tudo isso junto - de uma palavra que eu descobri não existir - das pessoas que dormem na rua, entre sacos e cobertas também só com sacos. Amontoadas. Muitas vezes parecendo só mais um saco.
Lixo é uma coisa que nos incomoda. Só pelo cheiro na hora de fechar a sacola e deixar na frente de casa. E quem não tem nada além disso?
Quando o ser humano é capaz de confundir alguém da própria espécie com lixo, constata-se que, sim, o mundo e a vida são uma merda. E a gente mais ainda.
E se eu, que tô me lixando pra todas essas 'ferramentas virtuais', já não paro pra ficar pensando, eu imagino quem usa. O mundo foi feito pra quem perde tempo. E quem é que não perde? Dá nem pra reclamar.
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