11 de set. de 2011
escavar de um cavaco
Às vezes a gente vive umas coisas incrivelmente boas. Mais do que às vezes até, com a boa vontade que esses momentos merecem, com toda a dignidade. E eu penso, porque possivelmente não exista o que se faça mais na vida do que pensar, na frustração de quando termina. Dos melhores dias que Porto Alegre já me deu, assim gratuitamente, sem nada em troca, com a voz e os sons dos guris da Apanhador bem na nossa frente depois de um pouco de falta de vergonha totalmente bem-vinda. E de repente acaba e isso fica no ar: os finais, porque as coisas acabam, e o gosto de quero mais, porque a gente sempre quer mais. Quero mais esses dias, quero mais esse clima que não é quente nem frio, quero mais essa voz que consegue ser macia sendo grave, quero mais os sons, quero mais alguém, quero mais esse sopro de vida que parece faltar em todos os outros dias que não foram esse. Não quero voltar sozinha. Tem um curta com esse nome, "Não quero voltar sozinho". Pois não quero. Eu quero contar que foi bom e dividir tudo o que eu puder. Porque voltar sozinha cansa e o caminho é mais comprido. Cansa não falar. Mas não hoje. Porque, embora eu não possa impedir que esses pensamentos sempre me inundem no caminho de casa, seria de uma injustiça imensurável, comigo mesma, deixar que eles ocupem o espaço de Um Rei e o Zé, Peixeiro, Nescafé ou Na Ponta dos Pés. A minha solidão, sempre aí enchendo o saco, por hoje pode ficar ali fora. Amanhã fazemos as pazes e retomamos a relação, nenhum dia mais favorável pra isso do que segunda-feira, almoçando angústias.
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