20 de set. de 2011

dos feriados

Não posso deixar de pensar que Porto Alegre é quase o paraíso na terra no meio de um feriadão - uma medida do nível a que já chegou minha concepção de paraíso na terra. Mas a verdade é que eu não preciso de mais que uma cidade meio vazia pra me sentir mais humana. Menos gente, mais espaço pra quem fica. Em todos os sentidos. Como se os que ficam, seja por falta de vontade, seja por impossibilidade de sair, fossem aqueles que são realmente parte do lugar. É uma sensação curiosa. A gente poderia até falar sozinho na rua e talvez ninguém achasse falta de senso. E pode até chover que quem sabe não importe muito. Sobra mais ar pra pensar. E eu andei minhas sete-oito quadras familiares pensando em quanto se ocupa tempo demais pensando em o que teria acontecido se. Se eu tivesse ido, se tivesse ficado, se tivesse acontecido algo que não aconteceu e o inverso. Talvez seja dos poucos exercícios de imaginação que nunca vão fazer ninguém sair do lugar, uma vez que pouco importa o que teria acontecido se o ônibus tivesse atrasado quando ele não atrasou. Pouco importa nessacidadenemtemmaretunãosabeescrever. Às vezes eu imagino se Porto Alegre fosse uma praia. E tento responder se eu passaria pela beira na volta pra casa ou se seria muita mão. Mas pouco importa: Porto Alegre não é praia. Às vezes eu imagino morar em uma praia, fosse qual fosse. Deve ser uma vidinha muito, muito mansa.

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