27 de mai. de 2012


20 de mai. de 2012

essa maravilha

Que vida é essa de uma espera que nunca chega ao fim? De sentir satisfação, mas não felicidade. De sentir alegria, mas não completude. De não ser capaz de saber o que se quer. Eu só sei o que me faz sofrer, o que dói, o que me faz infeliz, o que me faz não querer levantar de manhã ou querer dormir por um ano. Ou só estar longe. Nos lugares onde eu me sinto bem. Rodeada por quem eu amo e por quem eu sou amada. Não é aqui. Talvez nunca seja. Tantas vezes eu olho. E vejo muito pros outros. E quase nada pra mim. Onde fica a minha vida? O que a minha vida espera de mim? Quando tudo o que eu já tentei até agora fracassou miseravelmente. E qualquer resquício de acerto chega a parecer coincidência ou consolação. Sorte do destino. Destino de merda. Não existe destino, e eu não vejo grande coisa. Nem grandes caminhos, nem grandes possibilidades. Só os dias, só as horas, só as palavras tentando em vão preencher um espaço sem perspectiva. Tão automático dizer eu não sei, eu não sei. Eu nasci e vou morrer e ainda não vou saber. Saber é difícil. Eu só queria não sentir dor. Por viver. Essa tristeza imensa, tão grande e forte que eu não consigo medir nem descrever e que insiste em sempre voltar. Em alguns dias, talvez uns meses, quem sabe alguns anos. Ou em nunca me deixar de verdade.

20 de abr. de 2012

Me pergunto se há um caminho diferente de ser para sempre a esquecida. Meus substantivos estão acabando e meus verbos estão estanques

9 de abr. de 2012

5 de abr. de 2012

a beleza das canções e a beleza das palavras
a beleza do ritmo
voz sussurada
e olhos pesados numa manhã de inverno

31 de mar. de 2012

Vou ficar até o fim do dia
Decorando tua geografia

15 de mar. de 2012

o sorriso

Tinha uma expressão séria e tendia à depressão. Sessões semanais de terapia. Era irônico, calado, e pouco o viam sorrir. Mas é esse o encanto das pessoas assim: em um mundo de emoções cada vez mais forjadas, quando elas sorriem, enchem qualquer lugar com um sorriso de verdade.

12 de mar. de 2012

interminável

Enquanto não chove e não se sabe se se está feliz ou se é apenas a vontade de se mostrar feliz. Para que vejam e tenham certeza do progresso - mas ninguém vê. E mesmo que vissem - por que seria bom? Talvez nem fosse. Possivelmente. Provavelmente. Certamente. Infelizmente. Sem notar ele não é notado, mas de quando em quando. De quando em quando, como se forças invisíveis e desconhecidas levassem minhas mãos até lá. Maldita disponibilidade de informações. Maldita presença. E a existência ignorada pelo egoísmo de quem só é capaz de ver as próprias mágoas e sentir o peso dos próprios ombros. Pimenta nos olhos dos outros, refresco. Contanto que meu caminho esteja livre, porém. Felizes os que não vêem. Mas é uma questão de tempo, e a dor é relativa. Quando vê, não é mais dor, mas uma marca qualquer do que um dia já doeu. De dilacerar, rasgar, afundar. E já foi. Que se prender costuma ser uma espécie barata de retrocesso. O discurso vazio e a falta de legitimidade de quem aprecia a retórica vitimista. Quem dera nós pudéssemos. Fazer essas coisas que vêm da imaginação, provar das sensações novas que a vida por vezes oferece, dançar como se o outro fosse a sala vazia, trocar conhaques e carinhos, cigarros e cafés. Mas há muito que ser ainda para que um dia nossas vontades sejam verdades. Há muito que ler para que um dia se possa falar.  Os mapas que deveriam guiar fazem mais se perder, e em meio a encruzilhadas e obstruções a vida já não decide por onde seguir. Os monstros do dia acordam a cada esquecimento e os da noite nunca dormem. Entre xícaras matutinas de café amargo e almoços que ficam para trás, muitas forças se esvaem para reacender no meio de palavras sobre cujo significado pouco se sabe. O calor consome. A mistura de signos e motivos dá à luz criações suspeitas. E do que se diz disposição sobram migalhas ao fim do dia. Restos de um ímpeto qualquer de qualquer coisa. Vestígios do que já foi ou do que uma vez poderia ser mas já não é. Os gracejos da sucessão dos dias e das falhas querendo ofuscar os acertos. Não, não. Só por hoje. Bons momentos. Cedo ou tarde - em cinco ou cinquenta anos. Alguma coisa há de acontecer. O curso muda. É tempo de escrever. E mesmo amanhã nós já não somos mais nós.