No centro de Capão, um comício religioso. Porque eu não sei que nome dar ao acontecimento e porque seria exatamente isso, se Jesus concorresse às próximas eleições: um louco gritando em cima de um palanque e um bando de gente com faixas, cartazes, adesivos e camisetas onde se lia "Ele pode!".
O negócio intercalava discursos um tanto exaltados com uma daquelas bandas tocando músicas religiosas em versões moderninhas. E as pessoas no chão gritando glórias, aleluias, améns e graças a Deus, dançando e se abraçando - "Abrace o irmão que está do seu lado, agradeça por vocês estarem aqui, porque Ele nos deu a vida". Jesus.
Nós contornamos a quadra da multidão e entramos em um café no meio de uma galeria aberta e levemente escondida. Café Cultura. Em todas as estações servindo com arte. E toda a sutileza do meu pai: "Lugar de magrão!". O dono era igual ao Felipe Camargo, até mais bonito, não fosse o sapato. Simpático, ele nos ofereceu chimarrão enquanto nós esperávamos os cafés. Ao som de Maria Rita, Djavan, Elis e por aí vai, o que fez eu me lembrar de um cd do Rafael Greyck - "Luau" - que o meu pai comprou em Goiânia e que eu quero muito encontrar quando chegar em Canela. Cheio dessas musiquinhas que fazem jus ao nome do cd e que são a melhor coisa de se ouvir.
Na volta, bastaram uns poucos passos pra perceber que o comício continuava. A essa altura, eles agradeciam a Deus por ter segurado a chuva, "Ele está conosco!".
Em uma praça, a poucos metros da gritaria, tinha um cara sentado em um banco fumando um cigarro. Um careca com um moicano ruivo e um colete jeans com um a maiúsculo ocupando metade das costas abaixo de "liberdade". Um pouco atrasado, né, podem pensar. Quiçá nem tanto.
E a nuvem-rolo fajuta não causou mais que um chuvisqueiro, por enquanto.
15 de nov. de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário