13 de fev. de 2010

à álvares

Você já esqueceu? Já esqueceu os braços envolvendo seu corpo? Já esqueceu o peito onde você deitava a cabeça? O ombro que estava ali? Já esqueceu a pele arrepiada com os lábios em seu pescoço? As mordidas na orelha e as mãos que pareciam ser capazes de acariciar seu corpo inteiro no mesmo segundo? Já esqueceu os cabelos misturados aos seus? O abraço? Os olhos que ora fugiam e fechavam e ora encaravam? Já esqueceu os beijos de verdade, com a barba de um dia raspando em seu rosto?
Talvez meses sejam capazes de levar tudo consigo. Talvez não. Triste é quando saber que aconteceu já não é nada. Quando as coisas acontecem sem pedir permissão.
Você já esqueceu? Já esqueceu como é amar?
-
Eu gosto quando eu sinto raiva dele. A sensação é inexplicavelmente boa. Inesperada, inacreditavelmente boa. Não era para ser, supostamente. Porque sentir raiva não é nobre, não é saudável. Corrói internamente. Gasta exteriormente. E, no entanto, depois de todas as voltas possíveis, raiva. Leve. Quase macia. Mas raiva. E com todos os erres a que uma raiva tem direito. Ele falando e não falando. Bobagens e não bobagens. Sempre indiferença. E eu com raiva. Sem motivos. Sem razões. Só uma vingança individual rápida e silenciosa. Segundos de raiva.

Nenhum comentário: