22 de dez. de 2010

don't take a picture

odisséia:  1 Viagem cheia de aventuras extraordinárias, em geral dramáticas. 2 Série de acontecimentos anormais e variados.

Segue a minha.

Depois minha mãe pergunta por que eu saio tão pouco de casa aqui.

Dormi fora ontem e não levei a chave, porque eu voltaria hoje, por volta das duas da tarde e, a essa hora, por convenção, sempre tem gente em casa. Não tinha. Toquei a campainha/interfone, liguei, nada. E eu tava com a única sapatilha que eu não uso pra caminhar, ou pelo menos não trajetos longos, porque é a que machuca, sempre tem uma. Como a idéia de andar com elas, então, era última hipótese que eu cogitava, parti pras outras opções que eu tinha. Mãe: não atendeu. Pai: não, não tenho chave, dei pro Gustavo outro dia e ele não devolveu. Gustavo: na recuperação ou sabe-se lá onde. Fui eu, então, mais a contragosto do que nunca, até a prefeitura, com meu pai também sem chave, atrás da minha mãe e de uma chave. E aí voltei. Sem condições de andar como uma pessoa normal e constatando que Canela pode não chegar aos 40 de Porto Alegre, mas, pra andar por aí na parte mais quente do dia, consegue se emparelhar, porque não tem vento e muito menos prédios pra fazer sombra. E ainda fiquei sabendo que só não peguei ninguém em casa por questão de minutos - isso era óbvio, não é mesmo? E tudo isso sendo que ontem por várias vezes eu cheguei a me perguntar se deveria sair justamente com aquela sapatilha. Isso é pra eu aprender a dar mais atenção ao meu sexto sentido.

E a nunca sair de casa sem chave.

Aí fui cortar o cabelo. Dessa vez levando a chave. Ganhei carona, cortei, gostei, tudo lindo. Mas pouco antes da hora de eu sair caiu a pior chuva da vida em Canela. Mas tudo bem, porque eu voltaria de carro com a minha mãe. Ela tinha uns trinta metros de calçada à disposição bem à frente do salão pra parar o carro rapidinho e esperar eu correr até ele. É claro que ela resolveu parar o mais longe possível da porta e que esse lugar era também onde se encontrava o maior acúmulo de água. Pra que facilitar, né, que bobagem.

Cheguei em casa, entrei no meu quarto, apaguei as luzes, fechei os olhos e os ouvidos e só fiquei ali, no silêncio. E se eu tivesse uma tv com filmes na minha frente não teria mais saído.

Tem dias que chegam ao fim e tudo o que se pensa é que seria melhor não ter saído da cama de manhã. Assim tem sido minha semana. Por mim não teria mais acordado desde domingo.

Mas cortei o cabelo.

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