4 de jul. de 2011

borboleta parece flor que o vento tirou pra dançar
sonho parece verdade quando a gente esquece de acordar
e o dia parece metade quando a gente acorda e esquece de levantar
e nesses dias tão estranhos fica a poeira se escodendo pelos cantos
uma garrafa de vinho virando vinagre devagarinho

Essa verdade tão pequena e tão exata escondida nos trechos. A consciência do quanto a própria vida é pequena e o não conseguir evitar mesmo assim reclamar. Não saber. Viver de não saber e esperar saber e não saber. Eu não tenho fé no mundo. Eu não tenho fé em nada além da minha capacidade de passar pelas coisas. De passar por elas e não de não ser tocada. As marcas que vão ficando. Ano depois de ano, vaivém, e as coisas em que eu penso e queria poder mudar com uma varinha mágica. E o mundo e a vida, de mãos dadas, batem o pé e dizem que não mudam. E não muda. E eu mudo e ainda assim fica igual. Aprender a conviver consigo mesmo. Invejar casais de Redenção. Ouvir música enquanto corre o tempo. Acordar cedo. A sensação de grandeza na beira do guaíba. A melhor maneira de começar o dia e terminar a noite. Me bastaria. E o vinho que ocupa o lugar de lareiras e presenças. Mas não substitui. Mas nada é insubstiuível. Mas será? Eu vivo de não saber e esperar saber e mesmo assim não saber. Eu nunca sei.

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