26 de fev. de 2012

falta

Eu nem sei o que dizer. Quando tudo ao redor e mesmo a sucessão dos acontecimentos parecem conspirar a favor, mas são atropelados pela dinâmica de uma mente em redemoinho, que eternamente vai e volta em círculos sem jamais sair do lugar. Ou pelo sentir que não quer morrer e se mantém às voltas, rondando, para atacar quando menos se espera, quando menos se quer e quando menos se precisa. As palavras me faltam e meus olhos são só lágrimas murchas, que fazem força para sair sem nem saber a que vêm. Não sou capaz de saber o que pensar quando não sou capaz de saber o que eu sinto. Hoje, esses dias em que definir qualquer coisa é crime. Nada nem ninguém será rotulado, estereotipado ou generalizado. Quando todas as formas de amar e sentir descem pelo mesmo funil e se tornam a mesma coisa. Farinha do mesmo saco. Eu não sei no que eu acredito. Quando sou louca e esquisita por não jogar com a maioria. Quando tudo se resume a nada. Minha casa sem vozes e o sono que eu queria dormir mais e mais a cada dia à medida que março se anuncia. Meu asco, minha raiva, minha tristeza, meu tédio, minha risada e minhas saudades, que vêm no plural, nunca são uma só. E mergulhar em qualquer coisa só para não estar na superfície. A solidão que afasta do mundo, das pessoas próximas e distantes, que faz o que oceano e continente não fariam melhor. Não se leva nada. Ganhar ou perder. Imaginar um lugar que não existe, um lugar bom. Não é ingratidão, é só a incapacidade de ser feliz de longe.

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