2 de jan. de 2012
with curses spilling from my head
Dizer as coisas que eu não quero ouvir. De dentro pra fora. Quase vomitado. O que eu quero dizer. Mas como é difícil saber o que eu quero. Eu quero escrever. Eu quero ter o que cuspir nos papéis ou na tela - e eu tenho, e quero me livrar e fazer disso algo que valha a pena em algum outro espectro. Eu quero sair daqui - onde? E depois do ponto de interrogação eu sei que aqui é muito menos um lugar físico do que um estado de alma, uma aglomeração de crenças, sentimentos e perspectivas. Eu quero uma semana de solidão na praia. Eu e eu quero acreditar no que quer que eu faça enquanto viva. Existe um meio? Um modo. Uma rosa dos ventos desnorteada. Norte, sul. Já não sei se o sol nasce no leste. Meu sol se põe quando os pensamentos chegam em casa e se afundam no sofá à espera. E eu espero. E ele torna a nascer quando eu finalmente consigo afastar o que eu penso, algumas horas, sonhando com outras coisas, melhores. Quem é que vai me dizer o que é certo? Realmente certo. O mundo é caótico e mesmo assim alguém insiste em dizer. O certo, o que se pode fazer e o que é feio, errado. Marginal. Eu não sei. Que rumo. Dar pra minha vida. Tampouco sei que vida é essa. Só que queria passá-la rodeada de livros. De qualquer tipo, de qualquer lugar, de qualquer autor. Essas outras histórias melhores e mais dignas que a que eu mesma escrevo, dia a dia, da forma mais errada possível.
22 de dez. de 2011
verão, verão
Enrolar, enrolar, enrolar e no fim nem saber como contar a história. Minha sina pro resto da vida.
E carregar pequenas frustrações pensando que tudo bem e em seguida não, não é tudo bem, é a vida e a vida não é tudo bem.
Nos falam que tudo tem um tempo pra acontecer. Que homens e mulheres são todos iguais. Nos falam de casamento. Nos dizem pra usar camisinha. Perguntam dos namorados. Garantem que a gente ainda vai conhecer muitos outros.
Eu não dou a mínima. Qualquer um cresce sabendo que, salvo os pais, família, quando unida, só serve pra constranger. E falar bobagens. Uma porção delas.
E aí vêm o natal e as convenções convencionadas pela sociedade para se comemorar uma data que não é comemorativa. O natal deixou de ser natal quando eu fiz dezesseis e, em prol da lembrança dos natais da minha infância, sempre os melhores dias da vida, eu só prefiro ignorar o que a última semana de dezembro tem sido na minha vida desde então. Digam o que disserem, é só dinheiro, no final - e quando a gente cresce.
Porque a diferença entre crescer e ser criança não é imaginação, que só depende de se saber usar. É a barreira que separa saber que quase tudo na vida se resume a dinheiro de não ter a menor ideia do que isso significa. E por mais tristes que esses tempos infantis possam ser, eventualmente, ainda são melhores que os que vêm depois deles, regados por consciências, preocupações e obrigações tão inúteis quanto querer usar um tênis um número menor sem sentir dor ou incômodo mas que mesmo assim pedem para ser encaradas, mais cedo ou mais tarde.
Mais cedo é sempre melhor.
Mais tarde é sempre mais fácil.
E ainda que as férias sejam só algumas semanas a gente deixa tudo pra depois. Porque não tem nada melhor que isso, afinal. Deixar tudo pra depois.
12 de dez. de 2011
uma historinha que ouvi hoje na rua
Possivelmente
eu não seja exatamente um exemplo de mulher madura. É natural, dada a minha
idade, o contexto em que eu me encontro e uma série extensa de outras
variáveis. A meu ver, considerando essas mesmas condições, poucas ao meu redor
o são. E acredito que isso valha para qualquer pessoa, independentemente do sexo. Mas eu aprendi, me
enraivecendo ao extremo com meus pais a cada vez que eles gritavam para eu não
virar as costas e nunca bater a porta do quarto (ou qualquer outra), a resolver os meus problemas –
ou a pelo menos tentar. Sentar, analisar e resolver. Eventualmente ficar de
castigo, nem sempre conseguir a melhor solução, ou a que eu queria, mas ainda
assim dar um jeito. No lugar de acreditar no faz de conta de que eles vão
deixar de existir no caso de eu simplesmente não fazer ou dizer nada. É fácil
quando as questões são só minhas. É impossível quando envolvem outras pessoas.
E isso porque maturidade não vem de berço e é uma coisa relativa. E difícil. Eu
não sou madura. Eu não pago minhas contas sozinha, ainda dependo dos meus pais
pra um monte de coisas na vida, não sou independente e sequer tirei carteira de
motorista. Além disso, volta e meia eu tenho minhas crises, emocionais ou
existenciais, perco completamente qualquer fé ou perspectiva de futuro que por
ventura eu possa ter e tenho vontade de nunca mais sair do meu sofá. Mas eu sei
quando essas crises são crises e quando são só tpm, e, em ambos os casos, eu
sei resolver, mesmo que demore. E por mais infantil e/ou covarde que eu possa ser em relação a um
bando de outras coisas na vida, e eu sou, eu nunca saí ou nunca me livrei de qualquer
uma resolvendo não dar mais conta da existência delas. Talvez amadurecer,
afinal, seja uma questão de cabeça tanto quanto é de conta bancária. Portanto, eu digo prontamente e sem encargos de consciência que cansei. De quem resolve aparecer e
entrar, por vontade própria, mas depois me deixa falando sozinha e sai sem
dizer boa noite. Não cultivo minha pouca saúde pra isso. Nem a física nem a mental.
Boas festas.
4 de dez. de 2011
excesso de aniversário
A vida nunca vai ser minimamente satisfatória se comparada ao que poderia ser se fosse o ideal de cada um. Não vai haver tanta diversão, completude, felicidade e viagens de carro.
A consciência de algo sem a menor das possibilidades de se concretizar. E a conformação, porque fatos são fatos. Mas não existe também a possibilidade de não notar uma dor oca por dentro. Não é dor, não dói, mas aparece como um vazio ou qualquer coisa, sem possibilidades também de descrição, causada por um desejo enorme oprimido e suprimido. Certas coisas não se descrevem. É curioso. A incapacidade de se descrever o que quer que seja que se sente. Que se sabe mas ao mesmo tempo não se sabe. Um amor platônico, uma vontade impossível, um querer que não vai ser saciado. Esquecido e passado, sim, mas nunca saciado. Pela própria configuração que as coisas assumem. Um status quo que não é real pra mim, mas é pra alguém. Próximo, distante, não faz diferença. Não sei se existe, na Terra, uma vida sem essas vontades. Absurdas, gigantes, verdadeiras, mas impossíveis. Existe uma maneira de se viver plenamente sem sentir desejos assim? Do mesmo modo como, assumindo um poder aquisitivo suficiente, existe uma maneira de se viver sem comprar, once in a while, presentes para si mesmo, por prazer? Querer, saber que alguém tem, saber que não se vai ter. Além da dor oca que não é dor, reconhece-se a inveja. Ou só a cobiça. Engraçado como inveja parece ser o que as pessoas mais temem admitir que sentem. Como se fosse algo sujo e feio demais. É humano, simplesmente. Como raiva, medo, desgosto e todos os outros vilões entre os sentimentos. Bom é ser generoso, desapegado, humilde e sempre coerente. Mas quem é assim?
Imaginar pode ser perigoso. Mas é muito bom.
A consciência de algo sem a menor das possibilidades de se concretizar. E a conformação, porque fatos são fatos. Mas não existe também a possibilidade de não notar uma dor oca por dentro. Não é dor, não dói, mas aparece como um vazio ou qualquer coisa, sem possibilidades também de descrição, causada por um desejo enorme oprimido e suprimido. Certas coisas não se descrevem. É curioso. A incapacidade de se descrever o que quer que seja que se sente. Que se sabe mas ao mesmo tempo não se sabe. Um amor platônico, uma vontade impossível, um querer que não vai ser saciado. Esquecido e passado, sim, mas nunca saciado. Pela própria configuração que as coisas assumem. Um status quo que não é real pra mim, mas é pra alguém. Próximo, distante, não faz diferença. Não sei se existe, na Terra, uma vida sem essas vontades. Absurdas, gigantes, verdadeiras, mas impossíveis. Existe uma maneira de se viver plenamente sem sentir desejos assim? Do mesmo modo como, assumindo um poder aquisitivo suficiente, existe uma maneira de se viver sem comprar, once in a while, presentes para si mesmo, por prazer? Querer, saber que alguém tem, saber que não se vai ter. Além da dor oca que não é dor, reconhece-se a inveja. Ou só a cobiça. Engraçado como inveja parece ser o que as pessoas mais temem admitir que sentem. Como se fosse algo sujo e feio demais. É humano, simplesmente. Como raiva, medo, desgosto e todos os outros vilões entre os sentimentos. Bom é ser generoso, desapegado, humilde e sempre coerente. Mas quem é assim?
Imaginar pode ser perigoso. Mas é muito bom.
22 de nov. de 2011
18 de nov. de 2011
roda gigante
A falta do que há muito não se vê mais. Consumindo o que há muito se via em desuso. Algum dia eu vou me ver livre? E não fazer comparações entre sujeitos de classes distintas e relações interpessoais de outras ordens. Relações não se repetem, com seus mesmos autores ou com outros, ainda menos. E eu, que deveria saber disso já há muito, misturo e fecho portas ainda sequer abertas. E a consciência, que nessas horas deveria trabalhar e impedir tamanho absurdo? Dorme embalada pelo som das canções. De dois dias eternos eternamente gravados como impossíveis e surreais. Que diabos fazem aqui, agora? Retornando das cinzas, levantando da tumba. São só memórias doces. Sem qualquer capacidade de interferência no presente. Quem disse? Minha consciência dorme e eu tento acordá-la. E me preocupo com os dias que estão por vir, que jamais alcançarão em esplendor os que já foram. Talvez outros alcancem e se ponham ainda mais alto, mas estes são tão indecifráveis e impalpáveis quanto a possibilidade de retorno. Talvez uma vida. Daquelas em que fazer o que se quer não seja o jogo na prateleira mais alta. Adiando os dias que seriam meus por absolutamente nada que valha o que eles valeriam. E sentir ao pé do ouvido o passar das coisas que eu já ouvi. Saudade, é a palavra que eu não quero dizer.
8 de nov. de 2011
era pra ser um piano
E de repente a gente sente. E é como se o mundo se abrisse e
fechasse ao mesmo tempo. Eu tenho bloqueio escrevendo no word ou com outras
fontes que não sejam times. Arial é Agendão. Calibri é assustadora. E do resto
eu ignoro a existência. Aprendi a deixar as coisas virem dançando os dedos
sobre o teclado e enxergando a caixa de texto do blog ou a simplicidade do
bloco de notas. Meus cadernos ficam vazios.
É como se o mundo
se abrisse, e eu junto com ele. Umas sensações que não se esperam. Um 'isso é
tão estranho'. Uma certeza chata de que nada vai acontecer. A cada vez, cada
sorriso. Que vêm com a expectativa de qualquer coisa tão imensamente maior do
que o que tem sido até agora.
Talvez eu pudesse
ficar horas conversando do jeito que fico horas calada. Somando todas as
palavras, por quanto tempo no dia eu falo? Uma hora de 24? Menos. Eu
não consigo medir. Do mesmo jeito que não consigo medir a ausência de
interlocutores que, aos quase 21, eu vejo como um detalhe qualquer. Como as
cortinas da sala ou a manta do sofá. As coisas que estão lá, mas em que
ninguém presta atenção. Nem eu.
E de repente a
gente olha pro lado e percebe o que esteve ali o tempo todo. Como não vi antes?
E as respostas, que faltam para perguntas infinitas. De por que as pessoas não
têm consciência ambiental e coletiva nos menores níveis a por que elas matam. Por que a
vida alheia é menos importante. Por que, se eu não pensar em mim, ninguém vai
pensar. Por que ninguém sabe usar os porquês quando escreve.
Sem respostas, sem
pontos de interrogação.
Cem respostas, sem
pontos. Sem respostas, cem pontos.
Sem todas as
coisas que poderiam estar aqui. Os deslocados e não os descolados. Quem é que
nota, quem é que se importa. Eu me adapto a qualquer lugar desde que me sinta
fora de lugar. Não sei.
2 de nov. de 2011
tirando o pó
Um ano depois meu violão tem todas as cordas de novo. Tipo voltar no tempo. Em prol de uma coisa que eu nunca vou fazer direito. Eu deveria cogitar empregar meus esforços exclusivamente nisso algum dia. Mas antes eu ainda tenho que 1) livros, 2) tatuagem, 3) italiano, 4) dar o fora daqui viajar. Não necessariamente nessa ordem. Deus me permita não desistir de nenhum desses em vida.
E enquanto isso a vida segue e o tempo passa, mas tudo bem, porque eu fiz hoje um almoço digno desse nome.
Meu motivo pra cozinhar.
E enquanto isso a vida segue e o tempo passa, mas tudo bem, porque eu fiz hoje um almoço digno desse nome.
Meu motivo pra cozinhar.
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