25 de jan. de 2012
whatever planet
Kurt Cobain said he always felt like he was an alien dropped off on this planet by mistake. And I definitely can relate to that. So often I feel like I can't stand people and want to go live in a cave somewhere. But then I also really care about people, too, you know? And crave human contact...so it's confusing. I do want to be a part of the world. But sometimes I don't know how. Or, yeah, I feel like an alien. But, as I've gotten older, and stayed sober longer, it has definitely gotten better. Like, slowly I've figured out who I am and what I want and don't want and I'm able to be more true to myself. It's annoying, I know, that I always say this, but the truth is, I just have to hold on. If I hold on through the bad times and believe, it will, ultimately, always, get better. I will find my place and my meaning. It will come. Not through other people or substances or anything. It will come from within me.
22 de jan. de 2012
do borges
Se meus dias são mais monótonos, todos os pensamentos possíveis parecem passear pela minha cabeça antes de dormir. Lugares, situações, falas de pessoas, minhas vontades - que eu sei que estão bem aqui, mas me deixo incapaz de alcançá-las ou de encará-las por algum motivo -, referências. As minhas referências rasas e tão poucas. A vontade de ler todos os livros que o mundo tem a oferecer para mim, para alguém como eu, que é tão grande quanto a vontade de escrever tudo o que for possível, tudo o que eu conseguir. Mas eu não tenho a minha história. Não sonhei ainda com o meu Harry Potter, tampouco vislumbro coisa parecida. E enquanto isso, enquanto que por ora é também só o que há pela frente, eu escrevo contos que talvez meia dúzia de pessoas leiam. Talvez menos. E as coisas vão dançando assim na minha cabeça até o momento em que eu finalmente decido acender o abajur, botar os óculos, procurar papel e caneta, dormir em paz. As coisas vão dançando assim na minha cabeça enquanto eu leio e depois enquanto lembro o que li no meu primeiro Borges. O Borges oral. E mais do que ficar maravilhada com quase cada linha, eu me pergunto como foi possível a existência desse homem. Quem é esse homem capaz de falar de tantas coisas e tão distintas com tamanha propriedade? Citando matemáticos, filósofos, pensadores, poetas, escritores, toda sorte de homens que o mundo já pôde abrigar. O Jorge Luis Borges que me apareceu pela primeira vez em uma entrevista em que Fernando Henrique Cardoso citava um poema e fazia a recomendação da leitura. Há mais de dois anos. E desde então foi um dos nomes em suspenso, até ser encontrado e comprado casualmente, porque a livraria não tinha minha primeira opção hoje esquecida e eu não consigo sair de uma livraria sem um livro e não ter certeza de que alguma grande oportunidade foi perdida. Assim eu comprei o Borges, que veio para ser o terceiro livro da vida da minha vida. Ao acaso, como os outros os dois, se existir acaso. Já larguei antes da metade uma porrada de livros. E outros tantos, incontáveis, nunca li - mas não me sinto mal por eles. Me sinto mal pelos livros que eu larguei muito mais do que por aqueles que eu sequer me dei o trabalho de adquirir. Os que eu larguei continuam nas minhas prateleiras, mas é difícil dizer se algum dia vou tornar a abri-los . Os outros têm ainda todas as chances. O Borges apresentou as conferências do livro em universidades, falando de tempo, livros, sonhos e pesadelos, contos policiais, poesia, budismo, a cegueira. E aqui eu escuto sobre lides, sobre estrutura de notícias, sobre cases publicitários, sobre as cores na televisão. Quero me negar a acreditar que não exista nada melhor do que isso, nada que realmente me interesse e satisfaça intelectualmente, nada que dependa de uma quantidade de dinheiro de que eu não disponha. Mas, se isso for verdade, eu só consigo pensar que encontrei alguém para me fazer companhia com boas palavras.
16 de jan. de 2012
plena(mente)
Cinco dias longe de internet. E é tão absurda e completamente dispensável que eu até me espanto. Ao ponto de sentir alívio por estar longe, por não ter que ler, não ter que ver, não ter que dar conta do que acontece ou do que as pessoas andam falando. Ter uma razão pra não saber. É um estilo de vida mesmo estranho esse que a gente criou, compartilhando sensações artificiais por cliques. Palavras-cruzadas na praia em dias de chuva são algo mais carregado de vida do que isso. Imensamente.
10 de jan. de 2012
meu tio
Eu falei uma vez aqui, não sou capaz de precisar quando, possivelmente em 2009, da sensação de que às vezes meu tio, esse cara que aparece nesse lado do país uma vez a cada dois anos em média, me conhecia melhor do que muita gente. Muita gente que tá aqui do meu lado, que me vê todo dia. Ele me disse, naquela ocasião, pra eu viver 'a minha vida. A minha vida'.
Eu ainda nem tinha pisado na UFRGS.
Dois anos depois eu volto pra dizer não só que ele me conhece e sabe o que dizer, mas que é um dos melhores homens - pessoas - que eu conheço. O mundo seria um lugar imensuravelmente melhor se mais gente como ele andasse por aí nessas calçadas.
"Fidelidade pra mim tá acima de qualquer coisa."
"O que teu pai fez com a tua mãe foi injustificável, mas você nunca duvide do caráter e do grande homem que ele é. Nunca ponha isso em questão. Nunca mesmo."
"Essa é uma das músicas mais bonitas daqui. Foi a música que me fez gostar de Porto Alegre."
Eu ainda nem tinha pisado na UFRGS.
Dois anos depois eu volto pra dizer não só que ele me conhece e sabe o que dizer, mas que é um dos melhores homens - pessoas - que eu conheço. O mundo seria um lugar imensuravelmente melhor se mais gente como ele andasse por aí nessas calçadas.
"Fidelidade pra mim tá acima de qualquer coisa."
"O que teu pai fez com a tua mãe foi injustificável, mas você nunca duvide do caráter e do grande homem que ele é. Nunca ponha isso em questão. Nunca mesmo."
"Essa é uma das músicas mais bonitas daqui. Foi a música que me fez gostar de Porto Alegre."
2 de jan. de 2012
with curses spilling from my head
Dizer as coisas que eu não quero ouvir. De dentro pra fora. Quase vomitado. O que eu quero dizer. Mas como é difícil saber o que eu quero. Eu quero escrever. Eu quero ter o que cuspir nos papéis ou na tela - e eu tenho, e quero me livrar e fazer disso algo que valha a pena em algum outro espectro. Eu quero sair daqui - onde? E depois do ponto de interrogação eu sei que aqui é muito menos um lugar físico do que um estado de alma, uma aglomeração de crenças, sentimentos e perspectivas. Eu quero uma semana de solidão na praia. Eu e eu quero acreditar no que quer que eu faça enquanto viva. Existe um meio? Um modo. Uma rosa dos ventos desnorteada. Norte, sul. Já não sei se o sol nasce no leste. Meu sol se põe quando os pensamentos chegam em casa e se afundam no sofá à espera. E eu espero. E ele torna a nascer quando eu finalmente consigo afastar o que eu penso, algumas horas, sonhando com outras coisas, melhores. Quem é que vai me dizer o que é certo? Realmente certo. O mundo é caótico e mesmo assim alguém insiste em dizer. O certo, o que se pode fazer e o que é feio, errado. Marginal. Eu não sei. Que rumo. Dar pra minha vida. Tampouco sei que vida é essa. Só que queria passá-la rodeada de livros. De qualquer tipo, de qualquer lugar, de qualquer autor. Essas outras histórias melhores e mais dignas que a que eu mesma escrevo, dia a dia, da forma mais errada possível.
22 de dez. de 2011
verão, verão
Enrolar, enrolar, enrolar e no fim nem saber como contar a história. Minha sina pro resto da vida.
E carregar pequenas frustrações pensando que tudo bem e em seguida não, não é tudo bem, é a vida e a vida não é tudo bem.
Nos falam que tudo tem um tempo pra acontecer. Que homens e mulheres são todos iguais. Nos falam de casamento. Nos dizem pra usar camisinha. Perguntam dos namorados. Garantem que a gente ainda vai conhecer muitos outros.
Eu não dou a mínima. Qualquer um cresce sabendo que, salvo os pais, família, quando unida, só serve pra constranger. E falar bobagens. Uma porção delas.
E aí vêm o natal e as convenções convencionadas pela sociedade para se comemorar uma data que não é comemorativa. O natal deixou de ser natal quando eu fiz dezesseis e, em prol da lembrança dos natais da minha infância, sempre os melhores dias da vida, eu só prefiro ignorar o que a última semana de dezembro tem sido na minha vida desde então. Digam o que disserem, é só dinheiro, no final - e quando a gente cresce.
Porque a diferença entre crescer e ser criança não é imaginação, que só depende de se saber usar. É a barreira que separa saber que quase tudo na vida se resume a dinheiro de não ter a menor ideia do que isso significa. E por mais tristes que esses tempos infantis possam ser, eventualmente, ainda são melhores que os que vêm depois deles, regados por consciências, preocupações e obrigações tão inúteis quanto querer usar um tênis um número menor sem sentir dor ou incômodo mas que mesmo assim pedem para ser encaradas, mais cedo ou mais tarde.
Mais cedo é sempre melhor.
Mais tarde é sempre mais fácil.
E ainda que as férias sejam só algumas semanas a gente deixa tudo pra depois. Porque não tem nada melhor que isso, afinal. Deixar tudo pra depois.
12 de dez. de 2011
uma historinha que ouvi hoje na rua
Possivelmente
eu não seja exatamente um exemplo de mulher madura. É natural, dada a minha
idade, o contexto em que eu me encontro e uma série extensa de outras
variáveis. A meu ver, considerando essas mesmas condições, poucas ao meu redor
o são. E acredito que isso valha para qualquer pessoa, independentemente do sexo. Mas eu aprendi, me
enraivecendo ao extremo com meus pais a cada vez que eles gritavam para eu não
virar as costas e nunca bater a porta do quarto (ou qualquer outra), a resolver os meus problemas –
ou a pelo menos tentar. Sentar, analisar e resolver. Eventualmente ficar de
castigo, nem sempre conseguir a melhor solução, ou a que eu queria, mas ainda
assim dar um jeito. No lugar de acreditar no faz de conta de que eles vão
deixar de existir no caso de eu simplesmente não fazer ou dizer nada. É fácil
quando as questões são só minhas. É impossível quando envolvem outras pessoas.
E isso porque maturidade não vem de berço e é uma coisa relativa. E difícil. Eu
não sou madura. Eu não pago minhas contas sozinha, ainda dependo dos meus pais
pra um monte de coisas na vida, não sou independente e sequer tirei carteira de
motorista. Além disso, volta e meia eu tenho minhas crises, emocionais ou
existenciais, perco completamente qualquer fé ou perspectiva de futuro que por
ventura eu possa ter e tenho vontade de nunca mais sair do meu sofá. Mas eu sei
quando essas crises são crises e quando são só tpm, e, em ambos os casos, eu
sei resolver, mesmo que demore. E por mais infantil e/ou covarde que eu possa ser em relação a um
bando de outras coisas na vida, e eu sou, eu nunca saí ou nunca me livrei de qualquer
uma resolvendo não dar mais conta da existência delas. Talvez amadurecer,
afinal, seja uma questão de cabeça tanto quanto é de conta bancária. Portanto, eu digo prontamente e sem encargos de consciência que cansei. De quem resolve aparecer e
entrar, por vontade própria, mas depois me deixa falando sozinha e sai sem
dizer boa noite. Não cultivo minha pouca saúde pra isso. Nem a física nem a mental.
Boas festas.
4 de dez. de 2011
excesso de aniversário
A vida nunca vai ser minimamente satisfatória se comparada ao que poderia ser se fosse o ideal de cada um. Não vai haver tanta diversão, completude, felicidade e viagens de carro.
A consciência de algo sem a menor das possibilidades de se concretizar. E a conformação, porque fatos são fatos. Mas não existe também a possibilidade de não notar uma dor oca por dentro. Não é dor, não dói, mas aparece como um vazio ou qualquer coisa, sem possibilidades também de descrição, causada por um desejo enorme oprimido e suprimido. Certas coisas não se descrevem. É curioso. A incapacidade de se descrever o que quer que seja que se sente. Que se sabe mas ao mesmo tempo não se sabe. Um amor platônico, uma vontade impossível, um querer que não vai ser saciado. Esquecido e passado, sim, mas nunca saciado. Pela própria configuração que as coisas assumem. Um status quo que não é real pra mim, mas é pra alguém. Próximo, distante, não faz diferença. Não sei se existe, na Terra, uma vida sem essas vontades. Absurdas, gigantes, verdadeiras, mas impossíveis. Existe uma maneira de se viver plenamente sem sentir desejos assim? Do mesmo modo como, assumindo um poder aquisitivo suficiente, existe uma maneira de se viver sem comprar, once in a while, presentes para si mesmo, por prazer? Querer, saber que alguém tem, saber que não se vai ter. Além da dor oca que não é dor, reconhece-se a inveja. Ou só a cobiça. Engraçado como inveja parece ser o que as pessoas mais temem admitir que sentem. Como se fosse algo sujo e feio demais. É humano, simplesmente. Como raiva, medo, desgosto e todos os outros vilões entre os sentimentos. Bom é ser generoso, desapegado, humilde e sempre coerente. Mas quem é assim?
Imaginar pode ser perigoso. Mas é muito bom.
A consciência de algo sem a menor das possibilidades de se concretizar. E a conformação, porque fatos são fatos. Mas não existe também a possibilidade de não notar uma dor oca por dentro. Não é dor, não dói, mas aparece como um vazio ou qualquer coisa, sem possibilidades também de descrição, causada por um desejo enorme oprimido e suprimido. Certas coisas não se descrevem. É curioso. A incapacidade de se descrever o que quer que seja que se sente. Que se sabe mas ao mesmo tempo não se sabe. Um amor platônico, uma vontade impossível, um querer que não vai ser saciado. Esquecido e passado, sim, mas nunca saciado. Pela própria configuração que as coisas assumem. Um status quo que não é real pra mim, mas é pra alguém. Próximo, distante, não faz diferença. Não sei se existe, na Terra, uma vida sem essas vontades. Absurdas, gigantes, verdadeiras, mas impossíveis. Existe uma maneira de se viver plenamente sem sentir desejos assim? Do mesmo modo como, assumindo um poder aquisitivo suficiente, existe uma maneira de se viver sem comprar, once in a while, presentes para si mesmo, por prazer? Querer, saber que alguém tem, saber que não se vai ter. Além da dor oca que não é dor, reconhece-se a inveja. Ou só a cobiça. Engraçado como inveja parece ser o que as pessoas mais temem admitir que sentem. Como se fosse algo sujo e feio demais. É humano, simplesmente. Como raiva, medo, desgosto e todos os outros vilões entre os sentimentos. Bom é ser generoso, desapegado, humilde e sempre coerente. Mas quem é assim?
Imaginar pode ser perigoso. Mas é muito bom.
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