Eu deveria começar a escrever sobre os taxistas que eu encontro, que me perguntam se eu quero virar freira porque moro num pensionato de freiras ou têm um bigode enorme e costeletas, junto com óculos escuros - esse umas três vezes, já. Ou sobre os tipos que sentam do meu lado nos ônibus Canela-Porto Alegre, já que não escrevo sobre mais nada. Mas não é mentira que eles dão o que comentar. Eles, mesmo, porque normalmente são homens - até hoje só duas mulheres, que eu lembre.
O melhor de ônibus é poder conversar com as pessoas sem precisar saber o nome. Eu adoro essas coisas.
O último notável foi um homem igual a um ator meio desconhecido, cujo nome eu não lembro, mas que já fez o papel de um médico em uma novela da Globo, cujo nome eu também não lembro. O cara era alto, tava todo de preto - com exceção de qualquer coisa bege que ele usava embaixo da jaqueta - e tinha uma voz... Demais. Grossa, mas deliciosa de ouvir. E conversava um monte - perguntava um monte. De turismo a escolas, passando até pela febre amarela. Mas o legal mesmo foi o final. Quase na rodoviária, olhando pro polegar, ele termina com essa: "Que coisa a impressão digital, né? Não tem nenhuma igual à minha. Nem igual à tua. Somos mais de seis bilhões e são todas diferentes. Interessante, né?"
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No último ônibus que eu peguei, indo daqui pra lá, eu cedi meu lugar, na janela, pra namorada/amiga do cara do meu lado. Eles compraram duas das últimas passagens, e a poltrona dela era logo no banco da frente, mas no corredor. A verdade é que esse negócio de janela e corredor nunca fez diferença pra mim. Não quando eu já conheço o que eu posso ver pela janela. Então eu troquei. Porque tá aí uma qualidade que eu tento sempre manter e que é uma das que eu mais admiro nas pessoas: gentileza. Nunca vai custar nada e ainda vai dar uma das melhores sensações do mundo, mesmo que não se faça porcaria nenhuma, só se troque de lugar no ônibus.
5 de mai. de 2009
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