Não se sabe o que é sentir. Poderia ser a constatação da vulnerabilidade. O viver entre o alto e o baixo, como se jamais se pudesse estar em um patamar de estabilidade. Dor, frustração, cansaço, pessimismo, descrença povoam a alma. Quem sabe o que é a vida. Sabe-se que liberdade não existe. E a busca pela expressão e as frases curtas que não dizem nada. E as frases longas que se pretendia se perdem na esfera dos pensamentos que não se fazem transcritos, por incompetência, impaciência ou simplesmente por impossibilidade, porque há o que não pode ser escrito - só sentido.
A fricção das unhas sobre a pele.
Em italiano, aprende-se a desnecessidade do sujeito.
Estávamos sós - mas havia outra vida para além daqueles dias - o resto dos dias - os dias desconhecidos. E todos os sentimentos se mantinham resguardados no limite daqueles dias - os dias conhecidos. A saudade como efeito da crença em algo que não existia. Terá nunca existido?
A dor pungente. "Sentis uma dor, e, quanto mais ignorais, tanto mais sentis essa dor." Nos momentos em que se acredita, sana ou insanamente, na eternidade do que causa dor. O arrastar do tempo e o arrastar de tudo.
Acorda-se um dia, de repente, e vem a percepção de que a eternidade é falsa. O alívio. Porque ninguém pode ser mártir para sempre sem morrer. E mesmo morrendo. Não está mais ali, então. Nem a dor nem os motivos - e a história é só memória boa, que não dói lembrar. Nunca se sabe como - nunca há de se saber como -, mas não está mais ali do mesmo modo de antes. E o sentir já é outra coisa.
Puderam os anos serem sempre períodos assim.
31 de jan. de 2011
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