30 de jan. de 2012

pra ser

Como se o mundo fosse infinito. E o mar é tão grande logo ali que é mesmo como se fosse. E bastasse nadar um pouco para trocar de continente. Eu, sempre assim, disfarçando o que eu não sei nomear colocando a culpa no que jamais me causaria sofrimento. Não hoje. Mas o que é hoje senão um espaço de tempo tão impalpável quanto ontem ou amanhã. Mais um dia, mais uma vez despertador, de novo não ver nada de novo. Honestamente, do fundo da minha alma, com tudo o que eu sou capaz de pensar e formular, eu não sei. E porque me pergunto todos os dias, todos os dias sei ainda menos. O meu problema, que vive comigo, há um tempo cuja precisão me escapa, mas que eu não sou capaz de definir. Talvez porque dar nome implique saber a solução, talvez porque eu simplesmente não saiba. Por que a vida não me chega leve, por que os dias não me passam suaves, por que estar longe me dói tanto que às vezes eu não sou capaz de nada senão chorar. De olhos apertados, querendo acordar e me ver livre. Tomar café com a mãe, ver a novela das seis, não se lembrar da vida por enquanto. Sentir a dor antes de ela chegar. Querer estar perto antes de estar longe. Pular ou voltar dez anos na vida - qualquer dia menos hoje, qualquer tempo menos esse. Como se a vida fosse infinita. Era pra ser uma coisa boa.

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