22 de nov. de 2011


18 de nov. de 2011

roda gigante

A falta do que há muito não se vê mais. Consumindo o que há muito se via em desuso. Algum dia eu vou me ver livre? E não fazer comparações entre sujeitos de classes distintas e relações interpessoais de outras ordens. Relações não se repetem, com seus mesmos autores ou com outros, ainda menos. E eu, que deveria saber disso já há muito, misturo e fecho portas ainda sequer abertas. E a consciência, que nessas horas deveria trabalhar e impedir tamanho absurdo? Dorme embalada pelo som das canções. De dois dias eternos eternamente gravados como impossíveis e surreais. Que diabos fazem aqui, agora? Retornando das cinzas, levantando da tumba. São só memórias doces. Sem qualquer capacidade de interferência no presente. Quem disse? Minha consciência dorme e eu tento acordá-la. E me preocupo com os dias que estão por vir, que jamais alcançarão em esplendor os que já foram. Talvez outros alcancem e se ponham ainda mais alto, mas estes são tão indecifráveis e impalpáveis quanto a possibilidade de retorno. Talvez uma vida. Daquelas em que fazer o que se quer não seja o jogo na prateleira mais alta. Adiando os dias que seriam meus por absolutamente nada que valha o que eles valeriam. E sentir ao pé do ouvido o passar das coisas que eu já ouvi. Saudade, é a palavra que eu não quero dizer.

8 de nov. de 2011

era pra ser um piano

E de repente a gente sente. E é como se o mundo se abrisse e fechasse ao mesmo tempo. Eu tenho bloqueio escrevendo no word ou com outras fontes que não sejam times. Arial é Agendão. Calibri é assustadora. E do resto eu ignoro a existência. Aprendi a deixar as coisas virem dançando os dedos sobre o teclado e enxergando a caixa de texto do blog ou a simplicidade do bloco de notas. Meus cadernos ficam vazios.
É como se o mundo se abrisse, e eu junto com ele. Umas sensações que não se esperam. Um 'isso é tão estranho'. Uma certeza chata de que nada vai acontecer. A cada vez, cada sorriso. Que vêm com a expectativa de qualquer coisa tão imensamente maior do que o que tem sido até agora.
Talvez eu pudesse ficar horas conversando do jeito que fico horas calada. Somando todas as palavras, por quanto tempo no dia eu falo? Uma hora de 24? Menos. Eu não consigo medir. Do mesmo jeito que não consigo medir a ausência de interlocutores que, aos quase 21, eu vejo como um detalhe qualquer. Como as cortinas da sala ou a manta do sofá. As coisas que estão lá, mas em que ninguém presta atenção. Nem eu.
E de repente a gente olha pro lado e percebe o que esteve ali o tempo todo. Como não vi antes? E as respostas, que faltam para perguntas infinitas. De por que as pessoas não têm consciência ambiental e coletiva nos menores níveis a por que elas matam. Por que a vida alheia é menos importante. Por que, se eu não pensar em mim, ninguém vai pensar. Por que ninguém sabe usar os porquês quando escreve.
Sem respostas, sem pontos de interrogação.
Cem respostas, sem pontos. Sem respostas, cem pontos.
Sem todas as coisas que poderiam estar aqui. Os deslocados e não os descolados. Quem é que nota, quem é que se importa. Eu me adapto a qualquer lugar desde que me sinta fora de lugar. Não sei.

2 de nov. de 2011

tirando o pó

Um ano depois meu violão tem todas as cordas de novo. Tipo voltar no tempo. Em prol de uma coisa que eu nunca vou fazer direito. Eu deveria cogitar empregar meus esforços exclusivamente nisso algum dia. Mas antes eu ainda tenho que 1) livros, 2) tatuagem, 3) italiano, 4) dar o fora daqui viajar. Não necessariamente nessa ordem. Deus me permita não desistir de nenhum desses em vida.
E enquanto isso a vida segue e o tempo passa, mas tudo bem, porque eu fiz hoje um almoço digno desse nome.

















Meu motivo pra cozinhar.

25 de out. de 2011

desarrumar

Como se qualquer coisa no mundo estivesse arrumada.
Da vontade de viver uma história que não é a minha.
Dezembro de 2009: eu entre aniversário, Natal, Ano-Novo e vestibular, e outra pessoa, completamente desconhecida, na ponta de cima do continente, viajando por outro país. Aquelas paisagens que a gente vê sem nunca ter visto: uma estrada a perder de vista, no meio de qualquer lugar panorâmico, nada ao redor, ninguém além de ti, nenhum barulho além do carro.
É engraçado, e desalentador, pensar em como duas vidas, tão peculiares, distantes, diferentes e desconhecidas uma da outra, mas próximas nos anseios e crenças, podem simplesmente nunca se cruzar. Por descaprichos do destino, por desventuras, peças e artimanhas de que o mundo se vale para mostrar o infortúnio e a infelicidade de não se ter feito nada além de nascido em outro lugar. E uma infinidade dessas vidas continuam lá e cá, sem sequer imaginar a existência umas das outras. Eu tento adivinhar o que aconteceria se, por um acaso qualquer, elas se encontrassem um dia. A reação de cada pessoa, o desfecho, se estaria ali um divisor de águas ou só mais um fato corriqueiro - e talvez a gente nem percebesse.
Eu queria o poder de mudar isso. Fazer uma dança das cadeiras entre as pessoas e rearranjar todas elas e pôr lado a lado as que merecem estar lado a lado e o mais longe possível as que ficam melhor assim. Bagunçar o mundo. Mudar toda a gente de lugar. Acossar a mesmice. Sacudir as cabeças. Experimentar outra língua.
Eu bem queria.

24 de out. de 2011

17 de out. de 2011

qual a diferença

"Eu quis ficar ali o dia inteiro. A vida inteira."

"Mas eu vivi de incerteza nos últimos cinco anos, no que diz respeito a relacionamentos."

"Eu penso em ti o tempo todo desde o dia que eu fiquei sabendo que tu existe."


Notas de um pretenso diário incompleto e largado. Essa última consta aqui exatamente assim, entre aspas. Não é minha. Mas eu não sou capaz de afirmar que é verdadeira. Não sou capaz de afirmar quase nada em relação ao meu passado. Às vezes eu tenho impressão de que distorço tudo a bel prazer. Mas e por que não, também? Se nem toda lembrança é boa, qual o crime de fazê-las assim? Quero dizer, o presente é agora e o futuro sabe-se lá. No fim das contas, o passado acaba sendo o único que se pode mudar, ainda que de mentira.

12 de out. de 2011

and the world comes tumbling down
hand in hand in a violent life
making love on the edge of a knife
and the world comes tumbling down
and it's hard for me to say
and it's hard for me to stay
i'm going down to be by myself
i'm going back for the good of my health
and there's one thing i couldn't do
sacrifice myself to you

i take my aim and i fake my words
i'm just your long time curse