25 de out. de 2011

desarrumar

Como se qualquer coisa no mundo estivesse arrumada.
Da vontade de viver uma história que não é a minha.
Dezembro de 2009: eu entre aniversário, Natal, Ano-Novo e vestibular, e outra pessoa, completamente desconhecida, na ponta de cima do continente, viajando por outro país. Aquelas paisagens que a gente vê sem nunca ter visto: uma estrada a perder de vista, no meio de qualquer lugar panorâmico, nada ao redor, ninguém além de ti, nenhum barulho além do carro.
É engraçado, e desalentador, pensar em como duas vidas, tão peculiares, distantes, diferentes e desconhecidas uma da outra, mas próximas nos anseios e crenças, podem simplesmente nunca se cruzar. Por descaprichos do destino, por desventuras, peças e artimanhas de que o mundo se vale para mostrar o infortúnio e a infelicidade de não se ter feito nada além de nascido em outro lugar. E uma infinidade dessas vidas continuam lá e cá, sem sequer imaginar a existência umas das outras. Eu tento adivinhar o que aconteceria se, por um acaso qualquer, elas se encontrassem um dia. A reação de cada pessoa, o desfecho, se estaria ali um divisor de águas ou só mais um fato corriqueiro - e talvez a gente nem percebesse.
Eu queria o poder de mudar isso. Fazer uma dança das cadeiras entre as pessoas e rearranjar todas elas e pôr lado a lado as que merecem estar lado a lado e o mais longe possível as que ficam melhor assim. Bagunçar o mundo. Mudar toda a gente de lugar. Acossar a mesmice. Sacudir as cabeças. Experimentar outra língua.
Eu bem queria.

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