7 de out. de 2011

série

Tem coisas que me incomodam, por certo que tem. Eu não sei se são motivos reais, uma vez que podem ser até fúteis, e a questão é: o simples fato de me incomodarem não os torna dignos do status de 'motivos de incomodação'? Às vezes eu acho que sim. Nas outras eu tenho certeza que não. E em outras ainda eu tento entender por que me incomodo com eles, dado que a) metade não são coisas mutáveis, não por mim, e b) metade são coisas que um ser humano pode resolver contanto que se empenhe. Então por que eu não é outra questão que eu não sei responder. O caso é que, sempre que eu paro pra pensar, eu queria poder sentir mais entusiasmo com jornalismo. Eu não sinto. Então eu paro de pensar ou ignoro a minha vontade de entusiasmo ou finjo que sinto. O que eu faria se largasse? Arquitetura? Eu não sei. Eu simplesmente não cogito largar só pelo fato de ter começado. Mas e depois? E até lá? E agora?

E outra coisa é solidão. Eu não divido apartamento, nunca daria certo. Pela minha natureza fechada, pela minha necessidade de privacidade e de ficar sozinha, por mais paradoxal que seja. Não tem como entender. Possivelmente seria uma maneira de mudar, morar com alguém, mas eu não arriscaria a minha paz, que por hora é das poucas coisas concretas que eu tenho. É solidão ou carência? E até que ponto uma não é a mesma que a outra? O que diferencia uma pessoa solitária de uma pessoa carente? Eu não faço a menor idéia, mas digo que sou solitária porque parece menos defeituoso que ser carente e porque de fato não me considero carente. Carência, em alguns casos, me parece uma conseqüência da solidão que aparece de vez em quando. É uma questão de saber fechar a porta. Mas solidão é quase um estado de alma. Se não for de fato.

Às vezes eu penso em terapia. Mas só pensar em pagar alguém pra me ouvir choramingar já me dá desgosto. Pelo fato de ser o ápice da coisa toda, pelo dinheiro que eu não tenho pra gastar com isso e porque certamente deve ter quem precise ou valorize de verdade, e eu não vou tirar nem uma horinha dessas pessoas. Mas é uma coisa incógnita pra mim. Eu consultei uma psicóloga em dois momentos da minha vida. Perto dos oito, quando eu mudei de quarto e passei a ter ainda mais dificuldade pra dormir. (Cheguei a dizer uma vez, no alto da minha inocência, que quando anoitecia aqui eu queria poder ir pro Japão. "Por quê?", pergunta papai. "Pra não precisar dormir".) Por medo ou por sei lá que bobagem, mas o fato é que eu gostava dos joguinhos e dos livros da sala dela e só. E mais tarde, na separação dos meus pais. O que não teve o menor sentido, porque eu não vi o menor problema na separação. Pelo contrário. Ou seja.

Eu queria viajar.


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