Passada a meia hora, eu já tava sentada quando o cara da poltrona do lado apareceu. Era um louco careca, mas de boné, tatuado, com alargador de orelha e... Uma filha. É engraçado, porque acho que ninguém imagina eles com filhos. Mas, bom, o cara, além de tudo, era tri simpático. E a guriazinha, que tinha quatro anos, era uma graça; mesmo com uma foto em um folheto, não acreditava que em Canela tinha um trem apoiado em um prédio. "Pára de rir de mim! Ela pode rir, tu não."
Depois, eu acabei passando pra uma poltrona vaga do outro lado, pra ela não precisar sentar no colo, e aí fiquei olhando os dois enquanto ouvia música. O cara, com o braço todo tatuado, acariciando os cabelos daquela coisinha daquele tamanho deitada no colo dele. Coisa mais linda. E ainda aquela risada contagiante que só as crianças conseguem dar.
Eu ganho minhas semanas nesses ônibus.
E uns por aí com medo da rodoviária.
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