5 de fev. de 2009

epílogo I - 16/01

Fiquei me sentindo meio acabada com essa. Esse livro, a história... É tão diferente de tudo com o que eu estava acostumada até então. Quero dizer, eu olho para a minha vida agora e não vejo nada. Vejo uma vida pequena, repleta de pequenez e de uma enorme falta de significado. Meaninglessness. Eu demorei tempo demais para compreender o que essa palavra quer dizer. Eu penso em Nic - penso que ele é de verdade, e que está vivendo em algum lugar agora, assim como seu pai - e a única coisa que eu sinto e vejo e, principalmente, compreendo é como eu não sou nada. Como minha vida não faz diferença. Digo, pode fazer toda a diferença para quem gosta de mim, mas uma coisa é inegável: se eu morresse agora, por pior que pudesse ser, todas essas pessoas iriam seguir com suas vidas; elas viveriam, com ou sem mim. De qualquer jeito, não é a isso que eu me refiro. Eu queria poder ajudar, fazer alguma coisa, qualquer coisa que fizesse alguma diferença, por menor que fosse, numa escala maior. Algo que faria falta se eu parasse de fazer. Queria pôr para fora tudo isso - enquanto eu sinto - e ajudar qualquer um que precisasse dessa ajuda, por menor que ela possa ser.
Eu li o livro - na verdade ainda faltam algumas páginas - e me emocionei com algumas passagens - a carta, em particular -, mas não chorei. E estava até agora me recriminando por isso. Mas o fato é que eu sou assim: preciso de alguma coisa a mais, um empurrão. E ele veio. Não passei no vestibular. Eu já sabia - tinha certeza -, mas é especialmente frustrante quando vem acompanhado de uma verdade que, agora eu vejo, eu relutava, e continuo relutando, em aceitar: eu não sou capaz. Eu posso ser capaz de muitas coisas, mas não sou inteligente e não sou capaz disso.
E agora aqui estou eu. Mal conseguindo segurar as lágrimas enquanto escrevo. Estou lutando contra elas, por mais vontade de chorar que eu tenha agora, porque... Não sei por quê. Eu acho que só sei que não precisava - ou, e provavelmente, não queria precisar - disso: passar na federal. Agora, nesse exato momento, tudo o que eu queria era ajudar alguém, fosse quem fosse. E significar para esse alguém. Eu me sentiria plena. Isso me bastaria. Eu não precisaria de mais nada.
Então eu volto, lembro da existência da minha vida e que não posso fugir dela, não posso ir para lugar nenhum - não vou passar de Porto Alegre, diga-se. Eu me dou conta, pela primeira vez, do tamanho da minha vulnerabilidade. Em compensação e pelo menos, sei que ganhei uma consciência muito maior. Ou pelo menos isso parece ser verdade.

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