Dia daqueles, quando eu era pequena, uns cinco ou seis anos, imagino, indo pra praia de carro no começo da noite, meu pai apontou a primeira estrela que tinha aparecido no céu.
"Olha lá, Priscila, a estrelinha! Lá sozinha em todo o céu. Coitadinha da estrelinha!"
Eu procurei pela janela de trás e vi. Era a única, mesmo. E, no auge da minha inocência - ou sabedoria - infantil, eu fiquei imaginando a tristeza de ficar sozinha em um lugar daquele tamanho e comecei a chorar pela estrelinha. Eu me coloquei no lugar dela e fiquei pensando em como eu teria medo.
"Calma, calma, não precisa chorar. As outras já vão aparecer pra ficar com ela, tu vai só ver."
E elas apareceram, mesmo. Foi só quando eu me acalmei.
Naquela época, eu achava que era a pior coisa que poderia acontecer a qualquer pessoa. E, hoje, eu tô mais parecida com aquela estrela do que com qualquer outra coisa. Eu não tenho mais medo nem acho que seja a pior coisa que poderia acontecer. Quase pelo contrário. Mas tem um sentimento que fica. Tem algumas coisas da infância das quais eu acho que a gente nunca se livra.
Um comentário:
"Calma, calma, não precisa chorar. As outras já vão aparecer pra ficar com ela, tu vai só ver." (:
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