15 de ago. de 2009

estrelinha

Eu achei que não me lembrasse mais disso, mas, quando meu pai comentou a respeito mês passado, eu me dei conta de que lembrava, sim.

Dia daqueles, quando eu era pequena, uns cinco ou seis anos, imagino, indo pra praia de carro no começo da noite, meu pai apontou a primeira estrela que tinha aparecido no céu.

"Olha lá, Priscila, a estrelinha! Lá sozinha em todo o céu. Coitadinha da estrelinha!"

Eu procurei pela janela de trás e vi. Era a única, mesmo. E, no auge da minha inocência - ou sabedoria - infantil, eu fiquei imaginando a tristeza de ficar sozinha em um lugar daquele tamanho e comecei a chorar pela estrelinha. Eu me coloquei no lugar dela e fiquei pensando em como eu teria medo.

"Calma, calma, não precisa chorar. As outras já vão aparecer pra ficar com ela, tu vai só ver."

E elas apareceram, mesmo. Foi só quando eu me acalmei.

Naquela época, eu achava que era a pior coisa que poderia acontecer a qualquer pessoa. E, hoje, eu tô mais parecida com aquela estrela do que com qualquer outra coisa. Eu não tenho mais medo nem acho que seja a pior coisa que poderia acontecer. Quase pelo contrário. Mas tem um sentimento que fica. Tem algumas coisas da infância das quais eu acho que a gente nunca se livra.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Calma, calma, não precisa chorar. As outras já vão aparecer pra ficar com ela, tu vai só ver." (: