5 de mar. de 2009

I don't wanna grow up II

Eu acho que tenho mudado bastante o meu jeito, sob certos aspectos. Principalmente o de escrever. Eu não sei como os escritores e os jornalistas mundo afora constroem um estilo próprio, não sei mesmo. Para mim, é uma coisa que está sempre mudando, que é completamente influenciada pelo que eu estiver lendo no momento - tudo o que eu escrevo acaba parecendo com o jeito do cara cujo livro está na minha mesa de cabeceira.
Comecei a pensar nisso agora há a pouco, depois de criar um tópico na comunidade da minha turma. Eu quase esgotei o limite de caracteres, falando de coisas que não são realmente importantes - o ano juntos, o motivo pelo qual queria agradecer a um dos meus colegas, a turma, o futuro. Quero dizer, são importantes, mas não exatamente relevantes: comuns, todo mundo fala, todo mundo pensa. Depois, é claro, eu me arrependi, mas lutei e deixei o tópico lá, para quem quiser ler - que fique como um exercício para eu aprender a falar o que eu quero e o que eu penso sem me preocupar com o que vão achar.
O caso é que, depois disso, eu fiquei pensando em como pode parecer estranho, mesmo - ou principalmente - para as minhas amigas, ler aquilo tudo. Porque eu, escrevendo quase sempre e imaginando parágrafos mentalmente, já não reparo, mas quem não fala comigo - nem por msn - há meses certamente deve reparar.
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Então, eu estou aqui só imaginando o quão diferente de como eu era três meses atrás eu estou agora. O problema - eu sempre encontro um problema - é que eu estou imaginando o quanto eu posso estar diferente do que era aos olhos dos outros - e o que eles vão pensar disso. Eu tenho consciência da minha mudança: roupas, sandálias e brincos novos, o meu jeito de escrever, o meu jeito de falar, as coisas que eu tenho feito. A vida que eu tenho preparado. É completamente diferente do que era em outubro, por exemplo, quando tudo o que eu queria era aproveitar ao máximo as festas na Bahia. É ótimo mudar. Mas eu queria mudar sem ter medo. Sem ter medo de encontrar minhas amigas na rua e vê-las me olhando de alto e baixo e não saber - ou pior, não ter - o que falar. Ou, muito mais do que isso: eu queria não ter medo de mudar quando mudar significa crescer. I don't want to have to be a grown-up. Eu não quero crescer. Pela primeira vez de verdade.
Quando eu era pequena, eu tinha fitas - é, fitas - de quase todos os desenhos da Disney em casa. Uma delas era do Peter Pan. Por coincidência ou não, a que eu menos assistia. Por coincidência ou não, a parte do desenho que eu mais gostava era quando a Wendy embalava o irmão menor no esconderijo do Peter Pan para que ele dormisse. A verdade é que eu acho que não gostava muito do desenho porque ele nunca fez sentido para mim. Como podia um garoto não crescer? Como podia um garoto voar? Como podia uma criança não querer crescer - nunca?
Hoje ele faz todo o sentido do mundo.

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